Coluna Ponto Crítico – Renan Fernandes: “A Secom não vai ser puxadinho da casa de ninguém”

Coluna Ponto Crítico – Por Felipe Corona
Novo titular do cargo disse que vai organizar instituição

Novo titular do cargo disse que vai organizar instituição

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Umas três semanas atrás, após pedido de um colega do interior do estado, consegui marcar um horário com o novo titular da Secretaria Estadual de Comunicação (Secom/RO), Renan Fernandes. Extremamente solícito, em nenhum momento, se negou a conversar comigo e disse que poderia ir até o Palácio Rio Madeira (antigo CPA) a qualquer horário que pudesse.

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Entrei em contato na tarde de uma segunda. Na terça não pude ir, mas na quarta, por volta do meio-dia e meia, adentrei a Secom. Houve ali um chamado de urgência de Renan e tive que aguardar um tempo para poder iniciar o bate-papo. Pouco mais de uma hora depois, ele chegou em seu gabinete e pediu mil desculpas. Falei que no cargo dele, incêndios é que não faltam para ele controlar.

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O primeiro e principal deles, ele já estava enfrentando alguns dias antes: por conta de muitas irregularidades (especialmente sites de notícias), do repasse dos valores da mídia pública do Governo do Estado, que estava suspenso para todos os veículos de comunicação. Muita gente que ganhava MUITA GRANA, FICOU SEM NENHUMA de uma hora para outra.

Transparente
Conversa vai, pergunta vem, respostas chegam. Quando entramos nesse campo, Renan foi extremamente sincero: “Entrei aqui para organizar a bagunça que estava. Tinha gente com site desconhecido recebendo milhares de reais. Isso é um absurdo! Enquanto sites que têm estrutura, equipe para pagar, recebendo mixaria. Isso não está certo”, desabafou Renan.

Transparente 2
Fernandes foi além: “Quando suspendemos o pagamento, teve gente que chegou pra mim e perguntou: ‘cadê minha mídia’. Respondi: ‘sua mídia não, o dinheiro é do Governo do Estado e ele decide para quem vai pagar’. Aqui estava a casa da Mãe Joana! A Secom não vai ser puxadinho da casa de ninguém. Pode ser que daqui uns meses eu saia e o procedimento mude, mas vou começar a colocar ordem”.

Transparente 3
O secretário de Comunicação é de extrema confiança do governador Marcos Rocha (União Brasil). Ele era fotográfo e videomaker do chefe do Executivo Estadual. E não foi à toa que foi o escolhido para o cargo, um dos mais problemáticos hoje. “Não é à toa que estamos apanhando a torto e direito. Mexemos no bolso de alguns e apareceu tudo o que não presta”, brincou ele.

Transparente 4
Renan ainda revelou à coluna que ficou chateado com alguns donos de sites que não souberam separar o lado pessoal do profissional: “Teve uns que ficaram me mandando áudio, me xingando, me desqualificando. Uma coisa é o Renan. Outra coisa é o chefe da Secom. Um dia vou sair daqui e continuar minha vida normalmente”, reforçou ele.

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Que seguiu: “Devo sair em abril, junto com o governador. É provável que assuma uma outra pessoa, com outra visão, que mude todo o modo de agir, de pagar esses veículos. Mas hoje, não quero conversa com essa gente que me ofendeu. Pode vir aqui e esperar por horas. Não quero papo. Já teve gente que ficou com medo da investigação do MP e retirou sites do ar. Vou colaborar com isso, para acabar com essa bagunça”.

Perspectiva
O titular da Secom ainda comentou: “A apuração do Ministério Público [Estadual] segue e nós estamos fazendo nossa parte. Fizemos o recadastramento dos sites nesse mês de outubro, com várias exigências, como georreferenciamento, fotos da redação e demais provas. Quem estiver com tudo certo, vai voltar a receber verbas públicas normalmente, após a nossa validação”.

Perspectiva 2
Ele também indica que haverá outras mudanças: “Não vamos mais pagar por audiência. Vamos contratar pacotes de acesso: 50, 100 mil. A partir daí, os proprietários dos sites vão se virar para conseguir essa meta. Dessa forma, organizamos tudo de forma mais justa: quem tem mais acessos, recebe mais. Quem tem menos acessos, recebe menos. A conta é simples”.

Visão
Tive uma outra impressão do titular da Secom estadual. Escrevi uma coluna só sobre ele e seu adjunto. Fui muito bem tratado e poderia ter sido maltratado com razão. Mas, Renan disse que acompanha meu trabalho e até me parabenizou por isso. E eu pedi desculpas por ter pego pesado com ele. Mas, como é uma pessoa espiritualizada, entendeu tudo tranquilamente.

Visão 2
Falei para ele que será melhor do que sua antecessora, pois só essa iniciativa de organizar os sites e ser justo, de quem é maior e tem mais acesso, receber mais verba pública. Quem é menor, deve receber um repasse menor, é um grande avanço. Esse negócio de privilegiar os colegas de quem está no comando, sempre dá errado. Principalmente com polícia batendo na porta logo cedo.

Visão 3
Falei para ele que iria publicar alguns trechos da nossa conversa (quase toda, na verdade). E ele só disse que não era para eu arranjar mais confusão para ele. Tenho certeza de que ele deve ter falado tudo o que me falou em outras oportunidades e para outras pessoas. Se não (que acho difícil), agora muita gente vai ficar sabendo.

Visão 4
Aproveito para informar também que conversamos bastante sobre a investigação do MP-RO, liderada pelo promotor de Justiça, Geraldo Henrique, da 7ª Promotoria da Probidade Administrativa. A apuração já dura mais de seis meses e está bem avançada, inclusive com a identificação de alguns “espertinhos” que ganharam muito dinheiro nesses anos de governo Marcos Rocha, com aval de figuras que já estão fora (ou não) da gestão.

Disposição
Inclusive, o doutor Geraldo tentou marcar comigo duas vezes para conversar sobre seu trabalho. Mas em uma delas, passou mal em uma noite de domingo para segunda-feira. E na outra, no feriado de 02 de outubro (aniversário de Porto Velho), não conseguiu contato comigo cedo deste dia (por volta das 08 da manhã) para marcar o bate-papo.

Disposição 2
Neste dia, dormi tarde escrevendo a coluna daquele final de semana. Fui para o berço por volta das 03 da manhã. Consegui acordar por volta das 09:30 e ele já tinha pedido para sua assistente falar comigo pelo WhatsApp mais cedo. Porém, disse que estaria sempre à disposição dele e do Ministério Público para o que ele julgasse necessário.

Disposição 3
Caso não seja possível um encontro presencial, podemos também conversar virtualmente. Há tantas ferramentas que podem auxiliar o órgão ministerial, como o Google Meet ou até uma vídeochamada no WhatsApp. Soube de alguns colegas que foram ouvidos nestas modalidades para repassar informações importantes. Não tenho novidades a oferecer, mas estou sempre alerta.

Virada
Mudando de assunto: nesta semana, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Maria dos Anjos (Cedeca/RO) alertou, nesta semana, para os altos índices de mortalidade infantil em Rondônia no ano passado. Segundo informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Agevisa – RO), 362 crianças menores de 5 anos morreram no estado ao longo do último ano, com Porto Velho concentrando quase 26% dos casos (93 óbitos).

Tristeza
A médica e integrante do Cedeca, Thais Campos, destaca que a concentração de óbitos em poucos municípios e hospitais reflete deficiências estruturais e de planejamento regional. “Quando observamos que 120 crianças morreram apenas no Hospital de Base de Porto Velho, fica claro que o sistema está sobrecarregado. São mortes que poderiam ter sido evitadas com um pré-natal de qualidade, acompanhamento pediátrico e atenção básica eficaz”, afirmou ela.

Desigualdade
De acordo com o levantamento, os municípios com maiores registros de mortes infantis em 2024 foram: Porto Velho (93), Ji-Paraná (27), Ariquemes (25), Vilhena (23) e Machadinho D’Oeste (15). Esses cinco municípios somam quase metade de todas as mortes do estado. Enquanto isso, 10 municípios registraram apenas um óbito, o que indica grande disparidade territorial.

Locais
O estudo aponta que o Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho, concentrou um terço das mortes infantis do estado (120 casos). Outras unidades com registros expressivos incluem o Hospital Cosme e Damião (30) e o Hospital Candido Rondon, em Ji-Paraná (21). Além disso, 27 crianças morreram fora de hospitais, em casa, vias públicas ou locais não especificados — um dado que, para o Cedeca, expõe a fragilidade da rede de urgência e emergência infantil.

Atendimento
“Essas mortes fora do ambiente hospitalar indicam que muitas famílias ainda não conseguem chegar a tempo de receber atendimento”, observou Thais Campos. “É urgente fortalecer a rede de atenção primária e garantir transporte sanitário infantil adequado para o interior do estado”. O Cedeca destaca que a mortalidade infantil indica desigualdade social e violação de direitos humanos, e que a defesa da infância deve integrar as políticas de saúde, assistência e saneamento.

*Os sites que publicam esta coluna reservam o direito de manter integralmente a opinião dos seus articulistas sem intervenções. No entanto, o conteúdo apresentado por este “COLUNISTA” é de inteira responsabilidade de seu autor.

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