Por Francisco Xavier Gomes
CACOAL: OS INSTITUTOS, AS PESQUISAS E OS CANDIDATOS….
As eleições de 2026 começam a criar um clima de muitas discussões e especulações, fato que causa certa embriaguez no eleitor mais desatento, visto que muitas pessoas acabam se encantando com a “fabricação” de alguns nomes que buscam um lugar ao sol, no tabuleiro eleitoral. Este clima de discussões ganha muita força, sempre que algumas “pesquisas” passam a ser divulgadas nos jornais. Nos últimos anos, com a popularização das redes sociais, as pesquisas fajutas passaram a influenciar ainda mais a cabeça de inúmeras pessoas que esquecem os principais problemas do estado e passam a idolatrar nomes de pretensos candidatos que não possuem nenhum histórico de defesa dos interesses da sociedade, mas que possuem recursos financeiros suficientes para pagar supostos institutos de pesquisas que surgem sempre nesses momentos pré-eleitorais. Embora as tais “pesquisas” não tenham nenhum critério científico e sejam complemente manipuladas, este conjunto de fatores pode levar muitos eleitores a elegerem diversos cabeças de bagre e gente sem qualquer compromisso com as verdadeiras necessidades e interesses da sociedade…
As pesquisas eleitorais em Rondônia possuem uma antiga tradição de cometer falhas cabeludas, daquelas que os próprios institutos deveriam se envergonhar, mas eles fingem que não sabem de nada e seguem a vida, à espera de outra eleição para errar mais uma vez. Foi exatamente isso que aconteceu em 2018, quando ninguém em Rondônia sabia quem era Marcos Rocha e muito menos seu vice, Zé Jordan, que voltou ao anonimato, após ser defenestrado pelo grupo de Marcos Rocha, o vencedor daquele ano. Pouca gente lembra, mas todos os institutos colocavam Maurão de Carvalho, Acir Gurgacz e Expedito Junior como o trio que poderia governar o estado. Na maioria das pesquisas, nem se cogitava Expedito no segundo turno da eleição. Quando as urnas foram apuradas, Marcos Rocha apareceu na segunda colocação, com mais de 180 mil votos, ficando atrás apenas de Expedito, que obteve 241 mil votos, mas não era cotado para encerrar o primeiro turno na frente da disputa. O nome colocado como favorito era Maurão de Carvalho, que juntou em seu palanque 8 partidos. O outro favorito, Acir Gurcacz, acabou tendo o registro indeferido e os 8 partidos que estavam em seu palanque ficaram órfãos. Marcos Rocha, candidato do PSL, que nem existe mais, superou todos os favoritos e foi para o segundo turno da eleição. Qual foi a pesquisa feita no primeiro turno de 2018 que colocou Marcos Rocha como favorito? Absolutamente nenhuma!!!
Os ditos institutos de pesquisas são proibidos de divulgar as pesquisas? Claro que não! Isso, desde que cumpram as normas eleitorais em vigor. Mas a realidade é que não se pode dar muita credibilidade. Uma pesquisa necessita cumprir diversos critérios e fatores. E, quando é bem-feita, os resultados espelham aquilo que se verifica no momento. Isto não significa que as pesquisas divulgadas em Rondônia, até o momento, têm cumprido as normas técnicas e jurídicas. Elas podem refletir somente o desejo de ganhar dinheiro fácil, que algumas pessoas adotam em períodos que antecedem eleições. Aqui em nosso estado existem incontáveis problemas que incomodam a sociedade, mas ninguém vê pesquisas sobre a situação do Hospital Regional de Cacoal ou HEURO; sobre a falta de policiais nas ruas; sobre a violência contra a mulher; sobre a falta de respeito dos alunos contra professores; sobre a situação do Hospital João Paulo II; sobre os crimes ambientais… E por que não há pesquisas sobre esses e outros temas? Porque isso não interessa aos “institutos” de pesquisas e muito menos aos políticos do estado. O que vale, o que dá dinheiro, o que empolga a plateia incauta são as “pesquisas” sobre eventuais candidatos, ainda que não haja nenhum cenário concreto de nomes…
Neste sentido, é importante registrar que todos os partidos políticos que desejam entrar na disputa pelo governo do estado ou pelo Senado Federal realizam pesquisas com frequência. Entretanto, por motivos óbvios, essas pesquisas nunca são divulgadas nos jornais, nas redes sociais, na TV, no rádio… Elas são feitas, quase sempre, com recursos do Fundo Partidário, e até mesmo do Fundo Eleitoral, mas são muito bem guardadas e são raríssimas as pessoas que têm acesso. Esse tipo de pesquisa custa muito caro e cumpre critérios rigorosos de precisão, porque os caciques precisam estudar calmamente e saber que caminhos devem ser seguidos. E, mesmo quando os partidos não fazem pesquisas, eles costumam trucar seus interlocutores nas intermináveis reuniões que marcam as prévias de anos eleitorais. No caso das “pesquisas” divulgadas à exaustão, elas possuem uma única finalidade: abrir as discussões sobre nomes e fazer propaganda eleitoral antecipada, disfarçada de pesquisa. E, convenhamos, a Justiça Eleitoral nem sempre possui os mecanismos práticos para identificar um embuste de pesquisa, porque, aparentemente alguns critérios legais são cumpridos. Critérios como quem pagou, qual a metodologia, o perfil dos “entrevistados”, as cidades… Papel e páginas eletrônicas aceitam tudo!!!
Por tudo isso, e mais um pouco, o eleitor rondoniense precisa acordar. Acordar e refletir sobre que tipo de candidatos deseja, quais são as ideias concretas defendidas por esses candidatos, a relação dessas ideias com a reais demandas da sociedade e, sim, a ficha criminal dos pretensos candidatos. O fato de colocar o nome de qualquer embusteiro como “favorito” numa pesquisa não significa que o eleitor precisa embarcar nisso. E não existe esse papo furado de fulano ser o candidato de sicrano. Os padrinhos eleitorais de determinados candidatos não refletem aquilo que a sociedade precisa. Voto é uma coisa muito séria! O vexame que a bancada federal de Rondônia tem passado em Brasília não é culpa exclusiva de quem foi eleito; é pura falta de critério do eleitor que se encanta com qualquer apedeuta. E essa falta de critério causa prejuízos incalculáveis a todos os rondonienses… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista
