
Aos 85 anos, Maura Wayuru Ibanez, a anciã mais velha do povo Wayuru, viu concretizar um sonho que atravessou gerações: ter sua etnia reconhecida oficialmente no registro civil. O momento histórico, marcado por emoção, ocorreu durante a Operação Justiça Rápida Itinerante, realizada em Rolim de Moura do Guaporé, distrito de Alta Floresta D’Oeste.
Com o novo documento em mãos, Maura representa a reparação simbólica de uma trajetória marcada por resistência e ancestralidade, que remonta ao período do ciclo da borracha.
Segundo Valda Wayuru Braga, filha de Maura e cacique do território Wayuru, localizado às margens do rio Mequens, o reconhecimento corrige uma injustiça histórica.
“No ciclo da borracha, as aldeias foram invadidas, e nós, indígenas, como a minha avó, recebíamos o nome dos seringalistas. Eles colocavam o nome deles nos indígenas, como um sinal de posse. Há muito tempo lutamos para resgatar o nosso nome originário, o nosso nome ancestral”, relatou.
Apesar da conquista, Valda reconhece que o momento é também de saudade e reflexão.
“É triste porque a minha avó morreu em 2000, aos 105 anos, e não conseguiu ver esse sonho realizado. Mas hoje sentimos que, de alguma forma, ela está presente nessa vitória”, disse emocionada.
O ato de registro simboliza não apenas um avanço documental, mas também um passo importante no reconhecimento da identidade e da dignidade dos povos indígenas de Rondônia, reafirmando sua história e cultura diante das instituições do Estado.
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