Espigão do Oeste/RO – O impacto ambiental é chocante na Reserva Indígena Roosevelt, em Espigão d’Oeste, Rondônia. A terra dos índios da etnia Cinta Larga tem mais de 27 milhões de hectares. Lá está a maior jazida de diamante do mundo. Aos poucos a garimpagem clandestina pela pedra preciosa vai corroendo este lado da Amazônia. Segundo a Polícia Federal, uma linha extensa de mais de dez quilômetros já foi totalmente destruída pelas máquinas. Destruição que não tem previsão de chegar ao fim.
Depois do massacre de 29 garimpeiros na reserva, em 2004, a Polícia Federal intensificou a fiscalização nas barreiras que dão acesso ao território indígena. Mesmo assim, por passagens clandestinas, garimpeiros, máquinas e combustível continuam entrando livremente. O coordenador da Operação Roosevelt, delegado Mauro Spósito, diz que é preciso trabalhar de forma passiva nesta área. “Já explodimos pelo menos três passagens clandestinas. A invasão da Polícia Federal ao garimpo seria um risco muito grande de confronto com os índios”, disse o delegado.
No final de 2004, numa negociação do coordenador da operação com as lideranças Cinta Larga, restos de máquinas foram retirados de dentro da reserva. Poucos meses depois, a garimpagem continuou a todo vapor. Os índios entregaram só os maquinários que não tinham mais utilidades. No último ano, mais de trinta garimpeiros foram presos, tentando entrar na reserva. “Todos respondem processo por formação de quadrilha e extração ilegal de minério”.afirma Spósito.
Mais mortes
A prova de que o garimpo é um barril de pólvora foi o assassinato de mais dois garimpeiros, um dia antes do massacre completar dois anos. Lismar Nunes da Silva, conhecido por Pernambuco e Francisco das Chagas foram mortos a tiros e flechadas. Um terceiro garimpeiro, Arionilson Bispo da Silva, conseguiu sobreviver ao ataque. Ele foi atingido com um tiro de espingarda. “Ele estava em um estado de saúde muito ruim, falando com bastante dificuldade. Disse não conhecer o índio que teria feito isso e falou não saber os motivos, pois o índio simplesmente chegou atirando e dois mortos ficaram no garimpo, enquanto ele conseguiu sair,” declarou o delegado Rodrigo Carvalho, que atuou no caso.
Segundo Carvalho, o clima é de tensão no local. “A gente ouviu outro garimpeiro que ajudou a socorrê-lo e ele disse que no garimpo, na última semana, não havia nenhuma liderança indígena e a situação era de bastante instabilidade, porque ele disse que só tinha índio sem patente, índio sem importância, e muita bebida alcoólica, o que favorece o acontecimento de brigas”.
Depois das duas últimas mortes, a Polícia Federal já anunciou que mais uma vez será feita a retirada de maquinários. “Vamos prender todos os garimpeiros que insistirem em permanecer no local”, alertou o delegado Mauro Spósito. Ele diz que a PF aguarda apenas a negociação da Fundação Nacional do Índio com as lideranças indígenas, para começar a operação.
Fonte:Amazoniaavista