Estamos às vésperas do início de mais uma campanha e como sempre, respeitando a esquesitice da lei eleitoral, temos de informar que há vários pré-candidatos se mobilizando. Alguns se apresentam em lives e sabatinas nas redes sociais, outros optam por mandar mensagens de saudações por aplicativos e temos até situações inusitadas como a que aconteceu em Cacoal esta semana em que um pré-candidato convidou outra pessoa que também é candidata para uma live.
Bom, voltando ao tema esquisitice da lei eleitoral, parecesse estranho essa situação de chamar alguém que, sabidamente, quer disputar as eleições apenas como pré-candidato. Que mal haverá em chamá-lo simplesmente de candidato? Todos nós, cidadãos, somos aptos a disputar um cargo eleitoral, desde que nos filiemos a um partido político, já que, constitucionalmente, qualquer um tem o direito de votar e ser votado. A palavra candidato, em si, já enseja a condição de alguém que pode ser algo, não o sendo ainda. Então, eu imagino que qualquer um, que ainda não é vereador, prefeito, governador, deputado estadual, deputado federal, senador ou presidente da república poderia poderá ser chamado de simplesmente “candidato” caso queira aceder a um desses cargos.
Falemos agora da situação um tanto curiosa do “pré-candidato” que fez uma live conjuntamente com outra pessoa que também diz ter interesse em disputar as eleições. Eu vi um link sugerindo que eu assistisse a esse evento, que já havia ocorrido. Decidi assistir e entender o que estava acontecendo. Seria um debate apenas entre dois contendores via rede social? Seria uma entrevista? Em que um pré-candidato poderia tirar proveito dividindo o seu canal em rede social com outro concorrente?
Ao assistir, fiquei mais perplexo. Uma das pessoas, em vez de exaltar suas qualidades e se apresentar ao público como alguém capaz de trazer soluções para a cidade, apresentou-se como “barraqueira”. Poderia até não ser estranho se levarmos em conta os nomes esquisitos que vemos em todas as campanhas como “Zé da Boca Torta”, Nair Bocuda, Pedrão Pão de Batata, Nelson Bife, Prof. Kamikaze, etc. Mas só que, no caso desse vídeo, a pessoa não estava querendo definir um nome esquisito, mas apresentando a condição de “barraqueira” como uma qualidade pela qual os cacoalenses deveriam escolhê-la para a Câmara de vereadores.
Claro que sempre há um ou outro que se elege, e depois de eleito, se transforma em barraqueiro ou barraqueira. A diferença é que, enquanto candidatos, se apresentam como pessoas equilibradas, sensatas, pai de família ou mãe de família exemplar, esposo exemplar, esposa exemplar e por aí vai. Ou seja, mesmo que se apresente com apelidos esquisitos, prometem que os eleitores vão se orgulhar dele(a), se os escolherem. Agora fica uma pergunta: “pode algum eleitor se orgulhar de eleger alguém para “quebrar o barraco” e transformar o parlamento local em um ringue, ainda que verbal, em vez de optar por pessoas com capacidade de discernimento e o equilíbrio necessário para votar projetos e transformá-los em lei pelo bem da comunidade?
Quero deixar claro que, ao expor minha opinião, não quero expor nem ridicularizar nenhum dos pré-candidatos. Nem estou citando nomes aqui, embora não possamos negar que, os que também assistiram a live ou o vídeo, sabem a quem me refiro. Mesmo assim, isso não faz diferença, pois quem assistiu o mesmo material que eu, já pode tirar suas conclusões que, obviamente, pode ser diferente da mina. Logo, minha opinião, acredito que em nada, vá influenciar a futura campanha de quem quer que seja. O que faço aqui, simplesmente, é expor minha opinião de que achei o evento estranho não apenas pelo fato de um pré-candidato chamar outro pré-candidato, como também o teor que se seguiu.
Em primeiro lugar, em minha opinião, o anfitrião deve ter se arrependido de convidar a “tal barraqueira” que não lhe permitiu dividir com ela o protagonismo. Só essa pessoa falava ou gritava. Então, aqui reside exatamente o cerne de meus comentários ao definir a live como esquisita. O anfitrião deu com os burros n´água como se diz em gíria. Se pensava colher algum fruto percebeu que saiu de mãos vazias. Além de não poder aproveitar o momento para ganhar a simpatia do eleitorado, teve de, forçosamente, colar sua imagem à da tal pessoa. Ora, se ele convida alguém que se apresenta como a pessoa que quer ir para a Câmara Municipal quebrar o barraco, logo concorda com as atitudes dela. Ou seja: fez o oposto do que fazem os pré-candidatos e candidatos em suas campanhas. Mostrar que são o diferencial pelo que os eleitores devem escolhê-los.
Em mais de uma hora que consegui me manter interessado no vídeo, por mórbida curiosidade, vi um show de horrores. O anfitrião, como já disse, teve sua voz praticamente cassada, vez que a tal que se autointitulava como barraqueira precisava de tempo para demonstrar que, se eleita, tem condições de exercer o ofício de quebrar o barraco.
Eu penso que, um bom candidato, tem que demonstrar as qualidades que tem para exercer um mandato com equilíbrio e discernimento. Entendo que a tal pessoa, em sua perspectiva, também falou sobre situações pelas quais ela diz ter passado que a leva a se considerar como alguém que sofreu injustiças porque não teve pleitos atendidos no âmbito político ou administrativo, mas todos nós, cidadãos, vez ou outra não podemos ser atendidos como gostaríamos e as razões para tal são variadas e para debate-las seria necessário uma contextualização complexa e eu teria de estender por demasiado esse texto já longo por natureza.
Enfim, sob minha perspectiva, os dois pré-candidatos participaram de um evento no qual pareciam implorar para que os cidadãos, por favor, não votassem neles. Explico mais uma vez a essas pessoas que, óbvio, sabem que me refiro a elas, que não estou aqui para desqualificá-las, mas informar-lhes que estamos só em pré-campanha. Se querem ser eleitos, ainda há tempo para causar boas impressões em seus eleitores e que essa live foi apenas um momento para ser esquecido.