Porto Velho/RO – A pesca do tambaqui (Colossoma macropomum), espécie de peixe nativo da Bacia Amazônica, está proibida até 01 de agosto de 2009. A medida visa manter a preservação da espécie, que sofreu diminuição no estoque natural em pelo menos 80% nos últimos 30 anos. A construção de hidrelétricas, desmatamento das matas ciliares e a pesca predatória são responsáveis pela redução no estoque de peixes desta espécie em toda a Amazônia.
Segundo o chefe do Núcleo de Pesca do Ibama, Jácomo Antonio Mediote, esta é a primeira vez que o Ibama renova a portaria que proíbe a pesca do tambaqui por três anos consecutivos. A proibição teve início há oito anos e era revalidada todos os anos. “Se a proibição for direta por 20 anos, mesmo assim não conseguiremos obter a quantidade existente há duas décadas. O processo de destruição é rápido, porém a reposição é um processo lento e gradual e depende da colaboração de todos”, cita.
A partir de agora os peixes da espécie tambaqui a ser comercializados serão só os criados em cativeiro, cujo comerciante terá que comprovar sua origem. Se for nativo, o pescador será penalizado com a lei de crimes ambientais, que inclui apreensão da mercadoria e o pagamento de multas.
Rio Guaporé
De acordo com Jácomo Mediote, a exceção em relação à pescaria ocorrerá somente de 1º de abril a 31 de julho na região do Rio Guaporé, que corresponde aos municípios de Pimenteiras, Guajará Mirim e Costa Marques. “Foi constatado que nesta região há mais peixes desta espécie no estoque natural, pois eles migram para lá na época da reprodução e o local em si proporciona condições naturais para o pescado, como oferta de alimento natural e o fato de a área ser preservada, tanto do lado brasileiro quanto do boliviano”, explica. Além disso, por possuir muitos lagos e baías, a maioria dos berçários naturais de peixes está situada na região do Rio Guaporé.
Tambaqui
O tambaqui alcança cerca de 90cm de comprimento total. Antigamente eram capturados exemplares com até 45kg. Hoje esse porte praticamente não existe mais. É uma espécie migradora e realiza migrações reprodutivas, tróficas e de dispersão. Durante a época de cheia entra na mata inundada, onde se alimenta de frutos e sementes. Durante a seca, os indivíduos jovens ficam nos lagos de várzea, onde se alimentam de zooplâncton e os adultos migram para os rios de águas barrentas para desovar. Nessa época, não se alimentam, vivendo da gordura que acumularam durante a época cheia. É uma das espécies comerciais mais importantes da Amazônia central.