Espigão do Oeste/RO – As únicas duas cavernas de calcário de Rondônia, situadas entre os municípios de Espigão do Oeste e Pimenta Bueno, região central do Estado, correm o risco de degradação por parte de empresas mineradoras. A distância entre as máquinas que exploram calcário na região e as cavernas é de aproximadamente 50 metros, o que preocupa geólogos e profissionais ligados ao meio ambiente. Eles explicam que uma vez exploradas, as cavernas correm o risco de desabar e de sumir do mapa de Estado.
Segundo o gerente de geologia e reservas minerais do Serviço Geológico do Brasil, Gilmar José Rizzotto, a preocupação é decorrente da pouca fiscalização que é feita ao patrimônio da União.
Atualmente fiscais do Departamento Nacional de Preservação Mineral em Rondônia só visitam a área uma vez por ano, em virtude do pouco número de profissionais para atuar no Estado. “Até a última visita as cavernas continuavam intactas. A empresa que explora calcário nas proximidades não ganharia nada mexendo nas cavernas”, diz Deolindo Carvalho Neto, chefe do 19º Distrito. Segundo ele, nos próximos dois meses uma equipe de fiscalização deve vistoriar o local novamente. “Atualmente estamos envolvidos com a fiscalização de diamantes”, explica.
A empresa que explora calcário na região possui concessão para a atividade e licenciamento ambiental, mas não pode tocar nas cavernas.
Potencial turístico
As cavernas que existem na região de Espigão do Oeste receberam no mês de abril deste ano a primeira visita dos técnicos do Serviço Geológico do Brasil, que se encantaram com o potencial turístico encontrado. A maior delas possui cerca de 40 metros e uma entrada de quatro. No interior possui três metros de largura e oferece condições para que um adulto caminhe tranqüilamente, mas os riscos naturais impediram a equipe de chegar ao final da aventura. “O local possui muitos morcegos, escorpiões e pegadas de animais maiores, o que desmotivou a equipe de adentrar à caverna”, diz Rizzotto.
A outra possui extensão total de 10 metros e duas entradas. Esta, os técnicos do Serviço Geológico conseguiram atravessar. Também oferece as mesmas condições para que um adulto caminhe.
Segundo Gilmar Rizzotto, apesar das cavernas serem ricas em animais, o que pode favorecer estudos biológicos, é pobre em espeleotema – depósito mineral originado em cavernas, sendo as formas mais conhecidas as estalactites, originadas a partir do teto, e as estalagmites, formadas no piso. As cavernas de calcário de Rondônia possuem poucas estalactites e não foram encontradas estalagmites.
Divulgação
O ‘achado’ é novo para os técnicos e desconhecido para a maior parte da população.
Apesar dos riscos a que o patrimônio natural está exposto, Rizzotto vislumbra a possibilidade de divulgação das cavernas mundialmente. “Estas cavernas possuem importância geo-turística muito relevante. Além de serem praticamente inexploradas, possuem vales e canyons, no entorno, que favorecem atividades como rapel e canoagem”, frisa.
Localização
As cavernas estão situadas a 150 km de Espigão do Oeste. Entrada pelo lado direito de quem se dirige ao município.
Outras cavernas
Em Rondônia existem mais quatro cavernas, formadas de um outro tipo de rocha, o laterito (pedra jacaré), duas no município de Candeias do Jamari, uma em Vista Alegre do Abunã e uma em Porto Velho, nas proximidades do Parque Ecológico.