Porto Velho/RO – No mês de agosto em Rondônia foram registrados 2.840 focos de calor, 58% a menos do que no mesmo período do ano passado, quando a incidência foi de 6.699 focos. Segundo dados do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), nem todos os focos estão relacionados as queimadas, mesmo assim, a fumaça proveniente de incêndios é o suficiente para tirar a tranqüilidade de motoristas que precisam trafegar nas estradas rondonienses.
Em agosto, a fumaça também prejudicou as atividades no aeroporto internacional Jorge Teixeira, em Porto Velho. Na semana passada, mais de uma vez foi necessário algumas aeronaves operarem por instrumento, pela dificuldade que os pilotos encontraram em fazer decolagem visual.
As estatísticas da Polícia Rodoviária Federal demonstram que não foi registrado, este ano, nenhum acidente que esteja relacionado a fumaça que toma alguns trechos das estradas, mas os profissionais que precisam das malhas viárias para trabalhar sabem que é necessário redobrar os cuidados nesta época do ano.
O caminhoneiro Raimundo Souza da Silva afirmou que há duas semanas preferiu parar o caminhão e avaliar, de longe, se havia condições de passar pela fumaça que vinha de uma queimada, numa propriedade situada na BR 364, sentido Cuiabá. “Não quis me arriscar, há três anos quase bati em outro caminhão numa tentativa dessas. Depois que o carro entra na fumaça você perde quase toda a visibilidade e tudo pode acontecer”, adverte.
Conscientização
Mesmo assim, técnicos que entendem do assunto consideram positivo a diminuição nos focos de incêndio em Rondônia. “Isso é reflexo da fiscalização que está sendo feita em todo o Estado. Os agricultores sabem que a multa é pesada”, diz Luiz Alberto Catanhede, coordenador do Prevfogo do Ibama.
Mais quente
O meteorologista do Sipam, Luiz Alves dos Santos Neto explica que o mês de agosto em Rondônia foi o mês mais quente dos últimos cinco anos. “Foi também muito seco, ou seja, favorecendo todas as características para queimadas. O quer deve ter acontecido foi conscientização mesmo por parte da população”, acredita.
Migração
Os focos de calor em Rondônia diminuíram de um ano para o outro, mesmo assim ainda foram maior do que o incidente no Estado vizinho, o Acre, que registrou 161 focos de calor em agosto, contra 2100 no mesmo período do ano passado. Por isso é possível que a fumaça proveniente de Rondônia esteja migrando para o Acre. “Isso já aconteceu há alguns anos aqui em Rondônia, quando os ventos trouxeram fumaça de queimadas do Mato Grosso”, diz Ana Cristina Strava Corrêa, coordenadora da Divisão de Análise Ambiental do Sipam.