Cacoal – O interesse internacional pela Amazônia foi um dos principais assuntos debatidos durante a semana científica realizada pela União das Escolas Superiores de Cacoal (Unesc).
Professores universitários, acadêmicos e representantes de Organizações Não Governamentais (ONG), discutiram o tema “Internacionalização da Amazônia: mito ou realidade”. As discussões foram coordenadas pelo professor Nelson Rangel Soares Filho.
Os participantes do debate se posicionaram contra a internacionalização. Nelson Rangel fez um breve relato das tentativas de domínio da região. Segundo ele, há centenas de anos a Amazônia vem sendo objeto de cobiças internacionais. Ele citou como uma de suas fontes, o escritor Arthur Cezar Ferreira Reis, autor da obra A Amazônia e a Cobiça Internacional. “O escritor mostra, com conhecimento de causa, que por trás de muitos projetos e programas de ajuda internacional, o que há mesmo é o camuflado interesse de dominar o vasto território de matas úmidas”, disse.
Relacionando fatos históricos, o professor disse que as tentativas de domínio partiram de vários povos, inclusive dos espanhóis, holandeses e ingleses. Ele comentou também sobre um plano de domínio traçado ainda em 1981, pelo Conselho Mundial de Igrejas Cristãs.
Nações mais ricas
De acordo com o professor, os interesses sobre a Amazônia, defendidos pelas nações mais ricas do mundo, não somam com os interesses brasileiros. Segundo ele, há necessidade de urgente conscientização da importância da Amazônia para o mundo e para o Brasil. “As diretrizes, os documentos e os pronunciamentos de líderes sobre a Amazônia, deixam velados a realidade da internacionalização e a perca da soberania nacional”, afirmou.
Na opinião do professor, uma política de desenvolvimento sustentável da Amazônia deve ter por fundamento a manutenção da soberania brasileira sobre a região, a melhoria da qualidade de vida de seu povo, a integração as demais regiões do País e dos Países vizinhos, viabilizando-se seu acesso ao Pacífico e ao Caribe e a exploração das fontes energéticas e reservas naturais, preservando-se ao meio ambiente. Deve também fortalecer os órgãos governamentais de Justiça, Policia Federal, Receita Federal, Forças Armadas e Previdência como fatores inibidores de práticas ilícitas, principalmente na região de fronteiras. “O desenvolvimento da Amazônia, aproveitando as alternativas que ela oferece, colocará o Brasil entre as grandes potências mundiais”, disse.
Alento e esperança
Segundo o professor, a Amazônia necessita de medidas que dêem alento e esperança às populações que precisam sair do quadro de pressões. Essas necessidades passariam, necessariamente, por medidas políticas, sociais e econômicas. Ele acredita que deve-se buscar o papel da Amazônia como prioridade nacional, priorizando o homem e a melhoria da qualidade de vida. O desenvolvimento deve, entretanto, ser compatível com as peculiaridades da região.
Afirmando que destaca-se em primeiro lugar na Amazônia, as florestas e as águas, o professor disse que é preciso buscar desenvolver as potencialidades econômicas, conservando o meio ambiente de maneira racional e sustentável, aprimorando a tecnologia e seu uso de maneira limpa. O professor citou também a necessidade de identificar as grandes áreas destinadas à proteção das comunidades indígenas, a preservação de ecossistemas e ao controle extrativistas. Deve haver também, segundo ele, incentivo as agroindústrias, pesca, pecuária de búfalos, avicultura e criação de animais silvestres, além de criar reservas florestais de preservação permanente para o desenvolvimento futuro, especialmente voltado para o eco-turismo.
Plantação de florestas
Outra sugestão feita durante as discussões foi a de desenvolver técnicas de plantação de florestas industriais e energéticas nas áreas de capoeiras e terras degradadas, aproveitando as vantagens do clima, radiação solar e condições favoráveis de fotossíntese para o crescimento e amadurecimento prematuro das plantas. Além disso, foi sugerido o desenvolvimento da agricultura orgânica e a criação de políticas públicas para exportação e a busca de novas fronteiras comerciais, principalmente com os países de fronteira.
As sugestões passaram também pelo desenvolvimento de programas de capacitação de recursos humanos e de desenvolvimento científicos e tecnológicos com a participação das universidades e das indústrias, visando facilitar a mobilidade vertical dos grupos de baixa renda da Amazônia, priorizando o uso de modernas tecnologias educacionais no treinamento e capacitação de mão de obra. Foi proposto ainda a imediata divisão territorial, criando territórios federais, buscando minorar os sérios problemas de administração relacionados à grande extensão da região.