Em meio à dificuldade de abastecimento dos hospitais do Brasil com os medicamentos necessários para intubar pacientes graves, especialmente com Covid-19, uma pesquisa obtida com exclusividade pela CNN mostra que o preço dos remédios que compõem o chamado “kit intubação” aumentou em até 894%.
Outro dado do levantamento é que 70% da demanda não foi atendida pelos fornecedores no mês de abril, resultado do aumento expressivo da procura e da falta de alguns desses itens no mercado.
Os dados foram compilados pela Bionexo, multinacional brasileira que atende cerca de 40% dos hospitais privados no país e é referência em pesquisas na área de saúde, como do Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais, elaborado em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O remédio com maior aumento foi o Midazolam, da classe dos benzodiazepínicos, utilizado na sedação dos pacientes. Nas últimas semanas, o preço cresceu 894% em relação aos meses anteriores à pandemia e chegou ao maior patamar de todo o período de enfrentamento do novo coronavírus.
Já o Cisatracúrio, bloqueador neuromuscular de duração intermediária injetável, teve a segunda maior alta – 766% na última semana em relação ao período pré-pandemia – e, assim como o Midazolam, também chegou ao maior valor.
O Propofol, anestésico de ultracurta duração, tem sofrido uma queda no preço. Mesmo assim, está 229% mais caro do que nos meses pré-pandemia.
A pesquisa ainda aponta que a busca por componentes do “kit intubação” começou a crescer a partir do fim de março e explodiu no mês de abril. Nesse contexto, 70% da demanda pelos medicamentos Rocurônio, Cisatracúrio, Pancurônio, Fentanila e Vecurônio não foi atendida.
Outro dado do levantamento da Bionexo é a mudança no perfil dos itens críticos ao longo da pandemia. Se agora faltam os remédios usados para intubação de pacientes graves, no primeiro pico da Covid-19, o problema aconteceu com os equipamentos de proteção individual, como máscaras, aventais e luvas.
Os hospitais tiveram dificuldade de abastecer os estoques com esses materiais entre fevereiro e abril de 2020. As máscaras, por exemplo, tiveram um aumento de 400% em abril de 2020 no comparativo com o período anterior à confirmação do coronavírus. Hoje, os EPIs estão em estabilidade de preço e fornecimento e o novo “gargalo” se tornou o “kit intubação”.
Sobre o fornecimento de anestésicos, sedativos e relaxantes musculares usados em UTIs para o tratamento da Covid-19 e em falta em hospitais de todo país, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) informou que todos os medicamentos do “kit intubação” são fabricados no Brasil, utilizando tanto Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) produzidos no país quanto importados.
Segundo a Sindusfarma, em uma situação de demanda normal, a indústria farmacêutica instalada no país tem condições de suprir o sistema hospitalar público e privado de toda a quantidade necessária.
A nota do sindicato diz ainda que a emergência sanitária provocada pela pandemia de SARS-CoV-2 impede a formação de estoques de segurança por parte dos fabricantes. “Sendo assim, e baseadas em acordo firmado com o Ministério de Saúde, as empresas estão realizando entregas fracionadas, eventualmente em quantidade inferior às encomendas, para que todos os hospitais possam ser atendidos e não haja desabastecimento”.
“Por causa da quantidade recorde de internações em UTIs, provocada pela pandemia de SARS-CoV-2, a demanda dos medicamentos do ‘kit intubação’ cresceu exponencialmente desde meados de 2020. A demanda mais que quadruplicou neste período e as empresas estão produzindo 24 horas por dia, de segunda a domingo, para suprir as necessidades do sistema de saúde público e privado”, diz outro trecho da nota. (CNN)
Leia a nota do Sindusfarma na íntegra:
Fornecimento de anestésicos e relaxantes musculares de uso hospitalar
Sobre o fornecimento de anestésicos, sedativos e relaxantes musculares usados em UTIs para o tratamento da Covid-19, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos – Sindusfarma presta os seguintes esclarecimentos:
1 – Com o intuito de monitorar e coordenar o abastecimento do sistema hospitalar, o Ministério da Saúde e a Anvisa estão recebendo todos os dados de produção e distribuição dos produtos do “kit intubação” diretamente das indústrias farmacêuticas fabricantes. O Sindusfarma não tem acesso a estes dados;
2 – Por causa da quantidade recorde de internações em UTIs, provocada pela pandemia de SARS-CoV-2, a demanda dos medicamentos do “kit intubação” cresceu exponencialmente desde meados de 2020. A demanda mais que quadruplicou neste período e as empresas estão produzindo 24 horas por dia, de segunda a domingo, para suprir as necessidades do sistema de saúde público e privado;
3 – Todos os medicamentos do “kit intubação” são fabricados no Brasil, utilizando tanto Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) produzidos no país quanto importados. Numa situação de demanda normal, a indústria farmacêutica instalada no país tem condições de suprir o sistema hospitalar público e privado de toda a quantidade necessária de medicamentos do “kit intubação”;
4 – A emergência sanitária provocada pela pandemia de SARS-CoV-2 impede a formação de estoques de segurança por parte dos fabricantes de anestésicos, sedativos e relaxantes musculares. Sendo assim, e baseadas em acordo firmado com o Ministério de Saúde, as empresas estão realizando entregas fracionadas, eventualmente em quantidade inferior às encomendas, para que todos os hospitais possam ser atendidos e não haja desabastecimento;
5 – O compromisso do Sindusfarma é o de facilitar os entendimentos entre Poder Público e indústria farmacêutica e seus parceiros, engajado que está, desde o início da pandemia de SARS-CoV-2, em atuar para que a população brasileira tenha o abastecimento assegurado de todos os medicamentos essenciais à sua saúde.
Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos – Sindusfarma