A Assembleia Legislativa de Rondônia promoveu na última quinta-feira, 09, uma Audiência Pública para discutir a reativação de alguns trechos da Ferrovia Madeira Mamoré, para que possa ser explorada como alternativa de turismo em Rondônia. A audiência pública foi proposta pelo deputado Dr. Neidson (PMN), que possui sua base em Guajará Mirim, região que também seria beneficiada com a restauração de alguns trechos. Além do tradicional e já recuperado trecho entre a antiga estação em Porto Velho e a antiga igreja de Santo Antônio, que até antes da pandemia realizava passeios de litorina, a intenção agora é promover a restauração de Abunã, Guajará Mirim e Vila Murtinho.
De acordo com o deputado Dr. Neidson o primeiro passo é promover o interesse social e despertar as oportunidades que a restauração desses trechos podem proporcionar.
“Estamos aí com vários órgãos, governo federal junto com o governo do Estado para buscarmos primeiro viabilizar projetos, liberações ambientais e depois viabilizarmos recursos, tanto estadual como em nível de governo federal. Esse ano a gente já inicia os trabalhos para tentarmos já no ano que vem conseguirmos algum trecho a recuperação ou a restauração”, disse o deputado.
Participaram da Audiência pública além dos representantes da Assembleia Legislativa, representantes do estado e de órgãos públicos de Porto Velho para que se tenha a ideia inicial de como fazer essa restauração ou recuperação. A Associação dos Ferroviários é uma das principais entusiastas do projeto e já dispõe de recursos destinados para a obra para que o trem possa voltar a percorrer, pelo menos, inicialmente, até a estação a igrejinha.
O presidente da Associação, George Teles de Menezes (Carioca) destaca a importância de que seja tomada alguma medida urgente, pois o patrimônio da EFMM vem sofrendo depredação e furtos de trilhos, equipamentos e objetos.
“Esse é o momento da gente se unir para resolver a questão da Estrada de Ferro Madeira Mamoré que está jogada há muito tempo, antes que ela se acabe de verdade. Os furtos de ferro e objetos das estações, os trilhos, vêm sendo registrados de forma constante, sem que haja uma ação do poder público para coibir esse tipo de crime ao patrimônio público. Já fizemos, através da Associação, uma correspondência aos órgãos competentes para que a Secretaria de Educação (Seduc) e a Superintendência Estadual de Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel) possam disponibilizar um galpão para que se possa retirar as peças que estão ao longo do trecho e guarda-las, pois fazem parte da história de Rondônia”, disse.
A audiência Pública foi uma ideia da Associação dos Ferroviários para por em pauta um dos nossos maiores patrimônios culturais e a ideia é que cada participante possa apresentar propostas para criar um projeto de recuperação dos trechos propostos, incentivando o turismo e o lazer em Rondônia.
Participante da Audiência Pública, o Deputado Eyder Brasil também destacou a importância da restauração dos trechos da ferrovia não só para a exploração do turismo, mas como método de preservar a memória da Estrada de Ferro, que foi a propulsora no nascimento e do crescimento do Estado de Rondônia.
“A Estrada de Ferro Madeira Mamoré é a base da nossa história e infelizmente está abandonada. Estão roubando uma parte importante dessa história de criação e desenvolvimento por descaso dos governos do estado e governo federal. Precisamos encontrar alguma forma para impedirmos que isso continue acontecendo e a restauração e exploração turística é a melhor forma, que além de cuidar, de preservar, estará ajudando ainda a economia dos municípios de Porto Velho e Guajará-Mirim”, disse.
Estrada de Ferro Madeira Mamoré
A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) é uma ferrovia no atual estado de Rondônia, no Brasil, considerada um ícone ferroviário mundial.
Foi a 15ª ferrovia a ser construída no país, tendo as suas obras sido executadas entre 1907 e 1912. Estende-se por 366 quilômetros na Amazônia, ligando Porto Velho à Guajará-Mirim, cidades fundadas pela EFMM.
Após duas tentativas fracassadas para a sua construção no século XIX, espalhou-se o mito de que, mesmo com todo o dinheiro do mundo e metade de sua população trabalhando nas suas obras, seria impossível construí-la. O empreendedor estadunidense Percival Farquhar aceitou o desafio e teria afirmado “(…) vai ser o meu cartão de visitas“.[1]
Foi a primeira grande obra de engenharia civil estadunidense fora dos EUA após o início das obras de construção do Canal do Panamá, na época então ainda em progresso. Com base naquela experiência, para amenizar as doenças tropicais que atingiram parte dos mais de 20 mil trabalhadores de 50 diferentes nacionalidades, Farquhar contratou o sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz, que visitou o canteiro de obras e saneou a região.
A EFMM garantiu para o Brasil a posse da fronteira com a Bolívia e permitiu a colonização de vastas extensões do território amazônico, a partir da cidade de Porto Velho, fundada em 4 de julho de 1907.
Em 2011, o Governo do Estado de Rondônia condecorou in memoriam com a comenda Marechal Rondon, Percival Farquhar e os 876 americanos que comandaram a construção da ferrovia.
Em 2012, comemora-se o centenário de sua inauguração. Em fevereiro foi instalado o Comitê Pró-Candidatura da EFMM a Patrimônio Mundial da Unesco. (Fonte: Wikipedia).
Texto: Jocenir Sérgio Santanna – Foto: Thyago Lorentz/ALE-RO