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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Coluna do Xavier – CACOAL: OS TRABALHADORES, O INSS E AS ANGÚSTIAS…

CACOAL: OS TRABALHADORES, O INSS E AS ANGÚSTIAS…

 A população brasileira sofre com todos os problemas provocados pelo governo, ou pela falta de ação do governo. Os alimentos estão caros, o gás de cozinha está um valor absurdo, a inflação aumenta a cada dia e ninguém sabe onde as coisas vão parar. O governo perdeu completamente o controle da situação e tudo isso empurra a camada mais pobre da população para uma situação de desespero. O ministro Paulo Guedes é um dos poucos brasileiros que ainda pode sorrir à vontade, porque ele colocou sua fortuna bem guardada num paraíso fiscal e está protegido de todos os problemas que o Ministério da Economia causa aos brasileiros. Claro que a parte rica da população não sente os problemas, porque há muitos ricos que odeiam pobres. Agora, os brasileiros que ganham salário mínimo (ou menos) e os brasileiros que dependem do INSS sabem muito bem o que é sofrer. No caso de Cacoal, há muitos pobres que torcem pelo Paulo Guedes, mas isto é pura Síndrome de Estocolmo…

A situação não é fácil, mas o Paulo Guedes e a turma dele falam que os pobres passam dificuldade, porque não sabem guardar parte do dinheiro que ganham. Isso é uma provocação que não se pode aceitar! Basta fazer uma conta simples para verificar que as coisas não são bem assim. Como é que uma pessoa que ganha o salário mínimo vai guardar dinheiro? Vejamos: O salário mínimo é R$ 1.100,00, mas existem os descontos previdenciários. Assim, o trabalhador recebe cerca de R$ 1.020,00. Vamos analisar a situação de um trabalhador de Cacoal que ganha salário mínimo, tem esposa e um filho, e que possui casa própria. A cesta básica custa uns R$ 500,00. Se a pessoa tiver uma moto Biz 125, gastará, em média, R$ 150,00 (mês); o gás custa R$ 130,00; as contas de água e energia custam R$ 100,00. Para o filho fazer as aulas online, precisa ter internet, cuja mensalidade é cerca de R$ 100,00. Neste caso, essa família não pode ficar doente, porque os remédios não estão contidos na cesta básica, além do que não existe a possibilidade de lazer e a moto da família deve ser usada apenas para o pai ir para o trabalho e voltar. Se a família tiver religião e frequentar a igreja, vai precisar pagar o dízimo, porque existem igrejas que “tributam” até o auxilio pandemia. O uniforme escolar do filho não pode rasgar e precisa ser usado o ano inteiro. Ser trabalhador comum, no país do Posto Ypiranga, não tem sido fácil …

Agora, voltemos ao raciocínio do ministro da economia, quando ele afirma que os brasileiros pobres vivem mal, porque não sabem guardar parte do salário que recebem. Poucos dias atrás, o governo brasileiro enviou um projeto de “reforma trabalhista” que previa um salário de, no máximo, R$ 440,00. Como a matéria não passou no Congresso Nacional, ainda está valendo o salário antigo. Como seria a situação dessa mesma família, caso o projeto do governo tivesse sido aprovado? Esta reflexão precisa ser feita por todos nós, porque nem todos os brasileiros ganham o salário do presidente da Petrobrás. O general Joaquim Luna, que preside a Petrobrás, recebe todos os meses R$ 260.000,00. Vale lembrar que ele não precisa pagar transporte, energia, água, escola de filho, internet… Certamente, o general Joaquim Luna concorda com o Paulo Guedes, quando o ministro da economia afirma que não aceita filho de pobres fazer faculdade; que considera um absurdo uma empregada doméstica viajar de férias; que as pessoas precisam pegar sobra de comida em restaurantes e que faculdade deve ser coisa somente para ricos. O problema é que existem, no Brasil, mais ou menos 50 milhões de pessoas que vivem com menos de um salário mínimo, porque nem todos os brasileiros são generais, presidentes da Petrobrás ou ministros da economia…

As pessoas que ganham um salário mínimo não são os únicos brasileiros que sofrem. Todos os trabalhadores que precisam do INSS sofrem muito, mas o Paulo Guedes não sabe disso. Atualmente, o INSS não atende as pessoas na cidade onde elas vivem. O governo criou um sistema de agendamento pela internet. Há muitas pessoas de Cacoal que são obrigadas a viajar para Vilhena, quando precisam ser atendidas pelo INSS. Assim como existem as pessoas de Ouro Preto, Cerejeiras, Vilhena e outros municípios que precisam se deslocar até Cacoal para serem atendidas. Por que isso acontece? Porque no Brasil, o nível de desigualdade é alarmante e a indiferença é muito maior. Aqui em Rondônia, é muito normal ver pessoas ricas falando mal da situação social da Venezuela, de Cuba, da Argentina. Em Cacoal,existem muitos paulosguedes, aquelas pessoas que acusam os pobres de não saberem administrar o que ganham. Há muitos brasileiros zombando dos venezuelanos e dizendo que os vizinhos comem cachorro; mas ignoram a quantidade de brasileiros que fazem fila para pegar ossos. A vida no Brasil está osso, embora muitas pessoas não queiram ver!! A cegueira da falta de empatia é uma coisa muito trágica…

E como diz o mito: “não há coisa ruim que não possa piorar”! Existe um fato que as pessoas ricas como Paulo Guedes e Joaquim Luna ainda não perceberam, mas que baterá à porta de milhares de famílias em pouco tempo: Acontece que muitas dessas 600 mil pessoas que morreram vitimadas pela covid-19 eram as únicas pessoas que sustentavam suas famílias… Essa conta vai chegar!! Não é possível avaliar a dimensão dos problemas que o Brasil ainda viverá pós-pandemia, mas certamente não viveremos no paraíso onde Guedes guarda a fortuna dele. Os brasileiros comuns, de carne e osso, infelizmente terão que enfrentar muitas angústias, enquanto os paulosguedes terão apenas que administrar suas fortunas… Tenho dito!!!

FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Articulista

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