OUTUBRO ROSA
Na última segunda-feira, os vereadores de Cacoal fizeram uma sessão para “comemorar” o “Outubro Rosa”. E quais foram as iniciativas adotadas por eles sobre o importante tema? Lacinhos cor de rosa no terno, gravatas rosas, camisas rosas, balões rosas e outros objetos de ornamentação. A sessão ganhou um tom muito romântico, mas ainda há muito por fazer. Na ocasião, foi anunciado que haverá em Cacoal um mutirão para que mulheres possam fazer exames de mamografia. Falta o município criar as condições para atender as mulheres diagnosticadas com câncer na cidade, falta cobrar do governo de Rondônia a aquisição de novos equipamentos para o atendimento, falta criar mecanismos para o atendimento psicológicos de pacientes. Desde o ano de 2002, o outubro rosa é comemorado no Brasil e muitas pessoas falam de conscientização. É muito provável que grande parte das mulheres de Cacoal já estejam conscientizadas sobre o assunto, porém faltar conscientizar as autoridades. Uma cidade como Cacoal, considerada um polo de saúde para mais de 30 municípios não pode resumir o assunto apenas enfeitando de rosa a Câmara Municipal de Cacoal ou os ternos dos vereadores. As pessoas diagnosticadas com a doença precisam saber onde ir, após o diagnóstico, como agir, que local procurar, onde ter o atendimento. Até quando o outubro rosa será apenas motivo para enfeitar os discursos e prédios públicos?
HOSPITAL DO CÂNCER
Aliás, a deputada federal Silvia Cristina esteve na Câmara de Cacoal esta semana e usou a palavra durante a sessão. Na ocasião, ela prometeu que está em andamento a construção de uma unidade hospitalar em Ji-Paraná cuja finalidade será atender, segundo ela, as mulheres que procuram atendimento relacionado com o câncer. A deputada informou que o hospital citado por ela vai atender todo o estado de Rondônia e que será entregue à população devidamente equipado. Entretanto, ela não apresentou dados suficientes para esclarecer que as promessas serão cumpridas, principalmente porque a construção de um hospital é bem diferente de equipar e garantir os profissionais que farão o atendimento. Além disso, não é tão simples afirmar que um hospital em Ji-Paraná terá as condições necessárias para atender todos os municípios da região central do estado. Um exemplo claro é o próprio Hospital Regional de Cacoal que foi inaugurado há cerca de 10 anos e até hoje não está devidamente equipado para atender nem mesmo a população de Cacoal. Isso sem falar do Hospital Municipal de Cacoal, cuja obra está paralisada e não há previsão para a conclusão.
RECESSO PARLAMENTAR
Os vereadores Valdomiro Corá, Luís Fritz, Lauro Costa, Ezequiel Câmara e Magnison Mota não gostaram nenhum pouco das declarações do colega de mandato, Paulo Henrique Silva, durante a sessão ordinária da última segunda-feira. O motivo da revolta é que Paulo Henrique criticou a decisão da Câmara de Cacoal de rejeitar um projeto do vereador Romeu Moreira que tinha como finalidade reduzir o período de recesso parlamentar dos vereadores de 90 dias para 55 dias. Este período de 55 está estabelecido pela Constituição Federal, mas os vereadores decidiram que em Cacoal os 90 dias de férias, como dizem muitos cacoalenses, deve continuar. Na opinião dos vereadores que defendem os três meses de férias, eles merecem o benefício, porque atendem à população na Câmara e porque acompanham o ônibus que carrega a equipe de vacinação no município. Vê-se claramente que esses argumentos não possuem fundamento, já que os servidores da saúde que trabalham na vacinação são capacitados e não precisam de nenhum vereador acompanhando a equipe. Quanto a dizer que trabalham, existem milhares de trabalhadores em Cacoal que atuam no comércio, no serviço público ou outras atividades e possuem apenas 30 dias de férias. Para citar um exemplo, existem vários vereadores de Cacoal que são empresários. Será que eles vão adotar a regra de 90 dias de férias para seus funcionários?
PROJETOS POLÍTICOS
O vereador Ezequiel Câmara, conhecido popularmente como Amendoim, usou a tribuna da Câmara de Cacoal, na sessão ordinária desta semana, para fazer vários elogios à deputada Silvia Cristina, em função do anúncio feito por ela da construção de um hospital em Ji-Paraná que seria para o atendimento exclusivo a mulheres diagnosticadas com câncer. Após fazer os elogios, o vereador disse que somente acredita em políticos que trabalham com projetos, que não é possível acreditar em pessoas sem projetos. Partindo deste pensamento do vereador Amendoim, a população de Cacoal certamente vai parar e tentar lembrar quais foram os projetos apresentados pelos vereadores para mudar a cidade. No caso do vereador Ezequiel Câmara, o principal projeto apresentado por ele em quase 10 meses de mandato foi para obrigar o município a colocar cartazes em prédio públicos orientando sobre a necessidade de respeitar a pessoa idosa. A ideia não é ruim, mas é muito pouco para quem acredita somente em políticos que possuem projetos. Aliás, se os vereadores de Cacoal fossem receber salários com base na elaboração de projetos, eles ficariam em situação bem difícil.
PÉSSIMO EXEMPLO
Um fato, no mínimo irresponsável, ocorreu durante a sessão ordinária dos vereadores de Cacoal na última segunda-feira. Com exceção do vereador Toninho do Jesus, todos os demais vereadores passaram a sessão inteira, que durou mais de 03 horas, sem usar a máscara de proteção contra a covid-19. Claro que algum vereador pode negar o fato, mas as imagens são gravadas e estão no canal da Câmara de Cacoal, à disposição de quem quiser comprovar os fatos. Esta conduta fere as normas de prevenção em vigor no estado e no município. Um estudo científico, realizado por cientistas dos Estados Unidos e Canadá, divulgado esta semana, mostra que, em lugares fechados, a distância de 2 metros não é suficiente para impedir a infecção pela covid-19. Uso de máscara havia sido adotado em diversos países onde a vacinação está perto de ser concluída, mas as autoridades precisaram recuar, após o aumento de casos da doença. Considerando que Cacoal não está com a vacinação concluída e que voltaram a aumentar os casos, nos últimos dias em que o governo divulgou boletins diários, descartar a máscara é um péssimo exemplo. Não adianta nada ter na cidade vários vereadores que acompanham o ônibus da vacina, se durante as sessões, eles não usam os equipamentos de proteção.
ATENDIMENTO AO AUTISTA
O município de Cacoal anunciou que se prepara para criar no município um centro especializado em atendimento de pessoas autistas. Ainda não está muito claro que as coisas irão acontecer de modo concreto, mas a ideia é muito positiva, porque há muitas famílias que possuem autistas em Cacoal. Aliás, no Brasil, o número de pessoas com autismo, segundo levantamento ainda do ano de 2018, é de aproximadamente 2 milhões de brasileiros. Este número é maior do que a população de Rondônia inteira. Conforme o anúncio da Prefeitura de Cacoal, as secretarias de educação, saúde e assistência social estão incumbidas de adotar as medidas para executar a instalação do centro de atendimento. Considerando que existe a necessidade de diversos profissionais e uma estrutura bem sólida, vamos esperar um pouco mais para ver como ficará o projeto, na prática. O simples anúncio não implica dizer que a instituição foi criada e sabemos como funcionam essas coisas no mundo político. Apenas para citar um exemplo, cerca de três ou quatro anos atrás, foi anunciada a climatização do Feirão do Produtor, em Cacoal, que é algo muito mais simples. Até hoje não aconteceu a climatização.
PROMESSAS DE VERÃO
Conforme acontece todos os anos, aqui na Amazônia,até o fim do mês de outubro, as chuvas começam a se intensificar na região. Nos últimos dias, algumas chuvas que caíram em Rondônia mostram que o inverno pode ser forte a partir de novembro. Assim, é possível que muitas estradas e até vias públicas comecem a ficar em condições precárias. No caso de Cacoal, o governador do estado esteve no município, cerca de um mês atrás, e prometeu fazer 13 quilômetros de recapeamento e 18 km de asfalto. Segundo o anúncio, estas medidas fariam parte do programa chamado “Tchau, Poeira”. O problema é que não sabemos quando essas obras serão iniciadas e o inverno está aí. É normal em Rondônia ver gestores públicos que passam o verão inteiro prometendo obras e, quando começa a época chuvosa, eles passam a dizer que não é possível fazer as obras, por causa das chuvas. Como haverá eleições no próximo ano, os políticos que fazem muitas promessas precisam estar atentos, porque já se foram três verões de mandato. O próximo verão será exatamente no período de campanha,quando geralmente surgem novos nomes, novas promessas e novos discursos. Fica a dica!
UNIÃO DO BRASIL
Esta semana o DEM e o PSL aprovaram a fusão dos partidos. A finalidade das duas siglas é tentar aumentar os recursos partidários e buscar eleger o maior número de congressistas no próximo ano. A fusão dessas agremiações partidárias vai abrir uma grande discussão no Brasil e vários estados enfrentarão uma longa discussão para acertar as arestas. O nome da nova sigla será “União do Brasil”, mas esta união não está garantida em todas as unidades da federação. No caso de Rondônia, o senador Marcos Rogério é defensor ferrenho do presidente Bolsonaro, mas um duro crítico do governador Marcos Rocha. Por sua vez, o governador anunciou que vai presidir a nova sigla, mas este fato não deve ser concretizado com tanta harmonia. Marcos Rocha se prepara para disputar a reeleição e já organiza seu grupo político em todos os municípios. No caso do senador Marcos Rogério, a movimentação dele indica que ele também pretende entrar na disputa pelo governo e possui um grupo totalmente oposto ao do governador. Claro que Rondônia não será o único estado onde essa guerra pelo controle da União do Brasil vai ocorrer, visto que a quantidade de caciques do PSLe também do DEM é muito grande nos país inteiro.
POLÊMICA DO AEROPORTO
Há vários meses, autoridades políticas e empresários de Cacoal discutem sobre a problemática da retomada de voos no município. Tempos atrás, muitas pessoas diziam que faltava apenas a construção de uma cerca e a instalação de aparelhos relacionados com o sistema de tráfego aéreo. Entretanto, a situação continua indefinida e não há previsão sobre quando os voos voltam à normalidade. Todas as pessoas que reclamam a falta dos voos argumentam que o município e as empresas sofrem prejuízos econômicos. Uma análise mais serena deixa claro que a empresa área pode ter outras razões para não atender as reivindicações e precisamos lembrar que em Vilhena, município vizinho a Cacoal, a mesma empresa retomou a agenda de voos diários e tem funcionado regularmente. Neste caso, fica evidente a fragilidade da bancada federal de Rondônia ou a falta de interesse de membros da bancada, visto que nem todos eles possuem residência em Cacoal e podem embarcar e pousar em Porto-Velho ou Vilhena, isso sem falar dos membros da bancada que usam suas próprias aeronaves. Quanto aos usuários dos voos que utilizam a empresa apenas para finalidades turísticas, certamente também estão ansiosos, porque não há nada melhor do que voltar de um passeio e pousar na cidade onde as pessoas vivem.