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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Câncer de mama: a dor da família

Nos cinco anos de luta, o câncer migra da mama para o fêmur e de lá para os pulmões.

De imediato você dirá que não sou médico: acertou. Tampouco tenho qualquer curso na área da saúde. É verdade. Mas, sou filho de uma mulher que teve câncer de mama e por isso me candidato a este espaço de fala na seguinte perspectiva: quando uma mulher tem câncer de mama, toda a família sofre até mesmo nas gerações seguintes.

Alguém dirá que em 1985, quando tal terrível doença ceifou a vida de Cicy, as medicações e tratamentos eram menos eficientes e eficazes que os atuais. Entretanto, os estragos que o carcinoma causa na vida da mulher e de quem a ama e com ela convive continuam sendo horrendos.

Vou contar a história de minha mãe. Em 1980, ao colocar o sutiã, ele nota um pequeno nódulo no seio direito, do tamanho de um grão de feijão. Fomos ao oncologista (médico especialista no tratamento de câncer). Os primeiros exames levam-na à sala de cirurgia. Depois de algumas horas de espera, eu e meu pai ouvimos o relato do médico: “para uma cobra grande, um pau grande”: ele havia retirado todo o seio dela e ainda partes da axila.

Quando ela retorna da anestesia, ainda deitada na cama olha para si mesma e não vê mais o seio. A reação é imediata e ela diz: “meu casamento acabou!”. Mas meu pai nunca a abandonou. Daquela data em diante, seguiu-se o martírio. Quimioterapia. Radioterapia. Acompanhamento de assistente social e de psicóloga. Caem os lindos cabelos finos e loiros. E na companhia de outras pessoas, ela passa a usar peruca e um sutiã adaptado na forma e no peso do seio extraído…

Nos cinco anos de luta, o câncer migra da mama para o fêmur e de lá para os pulmões. Tanto que ela morreu com vinte e cinco por cento de um pulmão funcionando e pouco menos de trinta quilos de peso. Na noite anterior à sua partida, na UTI do hospital ela pede para a enfermeira chamar meu pai, eu e o irmão dela. A enfermeira abre a persiana e nós a vemos entubada e sorrindo, dando adeus com a mão e mandando beijos.

De lá para cá, digo a todas as mulheres que se apalpem diariamente (a hora do banho é uma ótima oportunidade!). Façam exames preventivos. Vivam! Isso porque, mesmo passados todos esses anos sem a presença dela, confesso que minha doce mãe me faz muita falta até porque ela não chegou a ir ao meu casamento nem conheceu os netos, a quem certamente amaria imensamente.

Hoje os recursos e as informações são imensos! A foto mostra meus pais sorrindo, mesmo lutando contra o câncer. E não podemos esquecer que o simples gesto de cuidar de si mesma pode evitar muita dor da família.

Fonte: Moisés Selva Santiago

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