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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Rondônia precisa investir na industrialização e em quem crê na “Terra de Rondon”

Mas logo se observou um nó que ninguém consegue desatar: quem tem o poder de decisão no local, a prefeitura ou o governo? A entidade classista ligada à indústria pelos sinais não demonstra interesse em resolver o problema, tanto que depois de três anos de sua liderança também exercer importante papel na estrutura do município, justo na área de incentivo à economia.
Produção de cacau um dos pilares da economia familiar em em Rondônia

PORTO VELHO – Em 1983 o médico Jacob de Freitas Atallah, um dos 24 deputados que escreviam a primeira Constituição Estadual, retornando de viagem à Argentina, em entrevista sobre a nova condição do ex-Território, fez uma advertência que, 40 anos depois da criação do Estado, ainda é bem presente em razão de continuarmos praticamente na mesma tecla.
O médico, que ocupara vários cargos importantes no Território e fora prefeito de Porto Velho, contou que naquele país comprara um chocolate e encontrara no pacote a inscrição “produzido em Rondônia” mas a seguir a informação de que fora industrializado bem longe daqui.

Ele chamou a atenção para a necessidade, como afirmou que “Rondônia deixasse de ser apenas produtor de matéria prima que, a seguir, industrializada em oura região volta para ser vendida nas cidades rondonienses com todos valores agregados indo para outros locais”.

Quatro décadas depois da assinatura, pelo presidente João Figueiredo da Lei 41, que extinguiu o Território Federal e criou o 23º Estado da Federação, Rondônia ainda carece de projetos de Governo direcionados para quem crê no Estado e quer gerar emprego e renda – em síntese, precisamos de indústrias, mas, além disso, precisamos que governadores e prefeitos deixem de tratar do assunto apenas como mote para discursos.Aqui, como Caminha escreveu a El-rei, “Em se plantando tudo dá”. Mas se não houver a sequência do plantio continuaremos, como o Brasil durante mais de 450 anos de sua história, uma espécie de colônia boa produtora de matéria-prima, e só.

Ediana Capich, de Rondônia, vence concurso nacional de café. — Foto: Arquivo pessoal

Ah! Somos, se não o maior, um dos dois maiores produtores de pescado de cativeiro do país. O noticiário oficial mostrou que o tambaqui de cativeiro rondoniense empolgou quem comeu de graça toneladas do produto em recente mostra pelo país. Mas, a seguir?. Onde está a industrialização? Como a carne e a soja, não há agregação.
Um (lamentável) exemplo do desestímulo à industrialização acontece aqui dentro de Porto Velho, onde há coisa de 25 anos um governo criou um Distrito Industrial, o que foi saudado à época com muito entusiasmo, afinal, espaço para a mais de 50 indústrias, provocando a crença em muitos empreendedores e a quem pensa grande o Estado de que enfim estávamos no caminho certo.

Mas logo se observou um nó que ninguém consegue desatar: quem tem o poder de decisão no local, a prefeitura ou o governo? A entidade classista ligada à indústria pelos sinais não demonstra interesse em resolver o problema, tanto que depois de três anos de sua liderança também exercer importante papel na estrutura do município, justo na área de incentivo à economia.

Ainda voltando ao distrito industrial portovelhense, a descontinuidade administrativa tanto na prefeitura quanto no governo gera situações que mais complicam quem acredita no projeto, muitos deles já desacreditando. A entidade que reúne os empresários do Distrito Industrial portovehense não desiste porque seguem o verso do “Céus de Rondônia” – “somos destemidos pioneiros”.

É comum de ouvir desses empresários e de sua liderança associativa reclamações. Os técnicos muitas vezes convidam para reunião decisiva, mas, quando é o dia do encontro mudaram as chefias, e aí o jeito é não ir a lugar algum, para desespero de quem não tem horário nem dia de expediente, muito menos tempo a perder.
Quatro décadas depois, ainda estamos muito longe de festejarmos efetivamente, até porque a classe política, mais voltada para o tititi, é incapaz de notar que sua função vai mais além do que posar para fotografias.

Uma classe política que precisa aprender com a do vizinho Acre, para citar um exemplo, onde as diferenças políticas são colocadas de lado quando o interesse é geral, bem ao contrário daqui, onde prevalece a ideia que a responsabilidade de cada um é relativa apenas a seus distrito eleitoral, e não ao Estado.

Quatro décadas depois, ainda há a comemorar: Afinal, apesar de tudo, e todos desincentivos, ainda dá para continuar acreditando nesta Terra de Rondon.

Jornalista Lúcio Albuquerque 

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