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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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A fantasia do dia 31 – Por Moisés Selva Santiago

Por Moisés Selva Santiago

Outra vez. Hoje não será diferente. Mais uma vez um dia será somado ao calendário. Com exceção do festivo fevereiro, todos os demais meses só chegam a 31 dias. E sempre um a um. Alguém resolveu juntá-los em 365 e deram o nome de ano. A gente tem essa mania de dar nome a tudo. Desde o Éden.

Nesta ininterrupta marcha diária, o trecentésimo sexagésimo quinto dia usa fantasia. Se traveste de diferente e desfila numa passarela imaginária, arrancando de tanta gente lágrima de saudade, dor pelo luto, e desespero por tantas perdas causadas pelas tempestades da Natureza e do desgoverno político.

Ao desfilar, as 24 horas do 365º dia também causam sorriso de gratidão, oportunidade de reencontro e novos planos para o dia 1 que inevitavelmente virá. Há quem também desfile de roupa nova, erga brindes, participe de adoração em templos e terreiros. Ou fique sozinho. Alguns até com fome.

O calendário sorri de todos nós, de tudo isso! Sim, porque depois virá o dia 2 e passará janeiro e chegará outro 31 de dezembro. Com ou sem a gente. E num planeta arredondado, com tantos fusos horários, neste exato momento já é amanhã em tanta parte, enquanto essas letras são lidas.

Damos o nome de tempo a essa areia que descontroladamente escapa da mão. Cada grão que cai nos torna mais frágeis. O tempo não tem sentimentos; por isso, não se importa conosco, tampouco com o que desejamos. A prova disto está na sequência de tantos números que voam do relógio da vida.

Mas, enquanto o calendário é eternamente preso à rotina, as pessoas são livres. Quando decidimos, damos um novo rumo a cada dia. Agimos pelo bem-estar nosso, de quem nos cerca e de quem precisa de ajuda. Recolhemos os grãos de areia e os misturamos à fé, amor e solidariedade, construindo cada dia, semana, mês e ano.

Imagine que todas as noites podem ser um réveillon! Que cada amanhecer não é somente um número no tempo, mas a oportunidade de vivermos melhor. No amor a Deus, a si mesmo e ao próximo, como ensinou Jesus. Na construção de uma democracia que respeita o povo, num estado democrático de direito.

Entanto, se continuarmos culpando o tempo e dando nomes agradáveis e justificativas às nossas idiossincrasias, egoísmos e intolerâncias com o próximo, todos os dias do novo ano serão terrivelmente iguais. Repetiremos insucessos, injustiças, reclamações e amarguras. E sem percebermos, o tempo marchará. Outra vez.

Fonte – Moisés Selva Santiago

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