Os vereadores de Cacoal que votaram contra a inclusão de profissionais da educação na lista de prioridades da vacina contra a covid-19 certamente terão uma semana de muita decepção, a partir da próxima segunda-feira. Isto porque, na noite da última terça-feira, Seo Antunes anunciou que a Secretaria de Saúde de Cacoal vai proceder à imunização dos profissionais da educação básica da rede pública e privada de ensino. Por duas ou três vezes, pelo menos três vereadores de Cacoal se manifestaram contrários à vacinação de profissionais da educação, numa atitude que mostra a razão pela qual a Casa Obediana caminha a passos largos para o período paleolítico. Fazer discursos contra a imunização de profissionais de educação é uma conduta medieval e inaceitável no século XXI…
Ao se manifestarem contrários à vacinação de profissionais da educação, os vereadores e outras pessoas, igualmente paleolíticas, ignoram a importância da educação no processo de formação da sociedade e contribuem para aniquilar o avanço da ciência e do desenvolvimento do país. Todavia, a posição contrária à vacinação no universo educacional não é uma situação isolada, visto que vários vereadores, em conluio com autoridades da administração municipal, trabalharam diuturnamente, nos bastidores, objetivando fechar escolas da zona rural do município, nos primeiros meses deste ano. Este fato revela a conduta perversa e retrógrada de membros da edilidade e diversas outras pessoas da vida pública e privada de nossa Urbe Obediana. Em determinada reunião, um dos vereadores declarou que, se fosse para vacinar profissionais da educação, também teriam que ser incluídos os funcionários dele, porque prestavam importante serviço à sociedade. Claro que todas as atividades profissionais possuem importância, mas não se pode confundir as coisas…
Esse grau de obtusidade não se restringe aos vereadores. Poucos dias atrás, em uma entrevista concedida a dois professores muito conhecidos de Cacoal, uma senhora que já ocupou o principal cargo da educação em Rondônia proferiu uma quantidade incontável de verborragias sobre a educação pública em nosso estado, e no Brasil, que certamente não encontrarão precedentes nem nos debates envolvendo as pessoas mais estúpidas do universo. Uma pessoa que prega a ideia de que a educação básica do país deveria ser totalmente privatizada jamais poderia ser chamada de professora. Que coisa absurda!!! Neste contexto, os vereadores que votam contrários à vacinação de professores e outros profissionais da educação merecem nossa solidariedade. A distinta senhora declarou, ainda, que não via nenhum motivo para as aulas estarem suspensas, sugerindo que desconhece totalmente o número de mortes por covid-19 na Capital do Café. Uma pessoa com esse tipo de opinião deveria ter o diploma de professora rasgado e jogado no lixo!!! A vida dos profissionais da educação merece respeito!!!
Nesse sentido, mesmo tendo posição contrária a muitos atos da gestão de Seo Antunes, tenho a obrigação de elogiar a decisão de vacinar os profissionais de educação. A decisão merece elogios, sim, embora não haja nenhuma necessidade de endeusar o prefeito. Basta lembrar que, no dia 14 de maio, o mesmo prefeito vetou matéria aprovada pela Casa Obediana, de autoria do vereador Paulo Henrique Silva, referente ao tema. Neste mesmo dia 14 de maio, porém, uma comissão constituída de diversos senadores participou de uma reunião com representantes do Ministério da Saúde, exigindo a vacinação dos trabalhadores e trabalhadoras da educação. O resultado da citada reunião com os senadores é que o MS prometeu iniciar a vacinação de profissionais da educação a partir dos primeiros dias de junho, o que acontecerá em Cacoal. Assim, o prefeito deve ser elogiado por cumprir as diretrizes do PNI, razão pela qual não precisa ser entronizado como foi durante a “live”. Registro meus elogios ao prefeito, pela decisão de cumprir as normas nacionais de vacinação e espero que os vereadores derrubem o veto assinado por ele sobre o assunto, para evitar eventuais interpretações jurídicas distorcidas em Nossa Amada Cacoal…
Ao contrário do que imaginam alguns prosélitos da privatização da educação básica, não se pode afirmar que será possível a imediata volta às aulas presenciais, porque há diversos fatores que precisam ser considerados. Primeiro, existe o intervalo entre as doses de vacina, que os especialistas sugerem 90 dias. Além disso, mesmo após os profissionais de educação terem sido imunizados com as duas doses, é preciso avaliar se haverá segurança em chamar os alunos de volta, porque as novas cepas da covid-19 já não matam apenas idosos. Infelizmente muitos jovens estão morrendo vítimas da doença, embora a Senhora Privatização do Ensino Básico desconheça tais fatos. Talvez o ideal seja mesmo vacinar profissionais de educação, alunos e pais de alunos, para que a volta às aulas aconteça sem o medo natural que ocorrerá, caso apenas um segmento da educação seja imunizado. Muita gente não sabe, inclusive a ex-secretária, mas a educação é formada por três segmentos: profissionais, alunos e pais. Isto está claramente estabelecido na legislação educacional…
Então, enquanto lutamos contra a privatização do Ensino Básico no Brasil, e enquanto esperamos os vereadores derrubarem o veto sobre a vacinação de profissionais de educação, e enquanto comemoramos a possibilidade de sermos vacinados, pensemos na ideia de sugerir aos legisladores brasileiros o veto total ao diploma de professores que fazem declarações em defesa da proliferação da covid-19. Educação de qualidade se faz com profissionais vacinados, para extinguir o medo de contrair a doença. Isso é o mínimo que se espera de um país tão injusto… Tenho dito!!!
(Da edição impressa do dia 28.05.2021)
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Articulista