O ano era 1996 e um aparelho tecnológico de última geração começava a dar o ar das graças em Cacoal, a Capital do Café em Rondônia. Após a instalação de uma antena, os aparelhos celulares prometiam trazer mais autonomia para a comunicação, uma novidade que foi tema de muitas reportagens para a imprensa local.
Em uma delas, o repórter Zé Antônio Cardoso e o cinegrafista Gilberto César trouxeram informações precisas sobre a chegada dos aparelhos celulares a Cacoal.
No início, “usado mais por empresários, médicos e políticos”, o aparelho andava literalmente à tiracolo, muitas vezes fixados nas cintas de seus usuários. Para muitos, exibi-los era pura ostentação.
Nem “a taxa fixa mensal de R$ 53,00 por assinatura e o valor cobrado por cada segundo utilizado”, assustou os usuários. Para eles o mais importante era a facilidade e a rapidez de se comunicar, relata o repórter Zé Antônio.
“A comunicação livre, a qualquer hora e de qualquer lugar” foi suficiente para atrair 331 assinantes logo no início da implantação do Sistema de Telefonia Celular de Cacoal, inaugurado com 400 linhas.
Isso porque a antena inaugurada no final do ano anterior, em dezembro de 1996, agora possibilitava uma comunicação mais rápida, em um raio de abrangência de até 15 quilômetros.
Mas a chegada dos aparelhos de telefonia móvel trazia também algumas dúvidas e questionamentos junto à comunidade. “Que o telefone celular é muito utilitário, disso ninguém dúvida. Mas com poucas linhas no mercado, duas perguntas podem ser feitas: Quem realmente precisa dele e onde usá-lo?”, questiona o jornalista durante a reportagem. “Quem tem dinheiro para usar ele”, responde um dos entrevistados.
Entre as opções disponíveis para compra em Cacoal, chamava a atenção o “Elite”, o segundo aparelho mais leve à venda no mercado nacional. “Ele tem 99 funções alfanuméricas e hoje é um aparelho que tem a secretária eletrônica. (…) É um aparelho que recebe e faz ligação de qualquer parte do Brasil onde tenha o sistema de celular”, propaga o vendedor em uma loja, em frente a pelo menos 10 modelos diferentes de aparelhos.
Questionado sobre o mais barato, ele prontamente destaca o “Pocket, um lançamento da linha Motorola, custando em média R$350,00”.
Ao longo da reportagem do jornalista Zé Antônio Cardoso, as imagens captadas pelas lentes do cinegrafista Gilberto César trazem muita nostalgia para cacoalenses que agora, passados mais de 25 anos da chegada dos celulares, podem reviver momentos da Capital do Café, reconhecendo inclusive personagens que contribuíram para marcar a história desde município. Rubens Campos, Ivo Galvão e o oftalmologista João Lannes podem dizer, com certeza, que estão entre os 331 primeiros usuários da telefonia móvel em Cacoal.
(Por Giliane Perin)
Confira no vídeo a reportagem completa de 1996:
