A Rússia prossegue com os ataques contra a Ucrânia nesta quarta-feira (2). Uma nova rodada de negociações entre os dois países foi confirmada para hoje, segundo um assessor do governo ucraniano.
No fim da manhã (horário de Brasília), uma delegação russa já se dirigia para o ponto de encontro com negociadores ucranianos, informou a agência de notícias Belta, de Belarus.
A primeira conversa entre as delegações após o início dos ataques ocorreu na segunda-feira (28) e teve duração de cinco horas, mas terminou sem um avanço. Na terça-feira (1º), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Rússia deve parar o bombardeio de cidades ucranianas antes que as negociações possam ocorrer.
Ainda nesta quarta, porém, o departamento de polícia regional de Kharkiv e a Universidade Nacional de Kharkiv foram alvo de um ataque militar, de acordo com o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia e imagens geolocalizadas pela CNN. O conselho da cidade de Mariupol também disse que a cidade ao sul estava sob controle ucraniano, mas travada em batalhas com tropas russas.
O Ministério da Defesa russo também anunciou nesta quarta que as forças armadas tomaram a cidade de Kherson. Autoridades ucranianas rebateram e afirmaram que ainda estão no controle da região, que fica ao sul.
Na terça-feira (1º), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o fechamento do espaço aéreo americano para a Rússia – isolando ainda mais o país de Vladimir Putin.
Destaques das últimas 24 horas
- Rússia e Ucrânia terão 2ª rodada de negociações nesta quarta-feira
- O total de refugiados que deixaram a Ucrânia desde o início da guerra é de quase 836 mil, diz ONU
- Mais de 2 mil ucranianos já morreram, diz serviço de emergência estatal; conselheira do país na ONU menciona 352 óbitos
- Em vídeo divulgado nesta quarta, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que “a Rússia quer acabar com o nosso país e com a nossa história”
- O departamento de polícia regional de Kharkiv e a Universidade Nacional de Kharkiv foram alvo de um ataque militar nesta quarta
- O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que as forças armadas do país tomaram a cidade de Kherson, no sul da Ucrânia – autoridades ucranianas negam
- Na terça-feira (1º), Biden anunciou o fechamento do espaço aéreo americano para a Rússia e disse que Vladimir Putin está ainda mais isolado
ONU: quase 836 mil refugiados deixaram a Ucrânia desde o início da guerra
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados disse, nesta quarta (2), que 835.928 refugiados deixaram a Ucrânia desde 24 de fevereiro. Mais da metade deles (453.982) fugiram pela Polônia. Outros 116.348 foram para a Hungria, afirma o ACNUR.
Outras 96.000 pessoas se mudaram para a Federação Russa das regiões de Donetsk e Luhansk entre 18 e 23 de fevereiro. Essas duas regiões são controladas por separatistas apoiados pela Rússia. O Kremlin, em fevereiro, os reconheceu como estados independentes.
Rússia: uma terceira guerra mundial seria nuclear e destrutiva
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta quarta-feira (2) que, caso aconteça uma terceira guerra mundial, armas nucleares seriam usadas e seriam destrutivas. As informações foram divulgadas pela agência de notícias RIA.
Lavrov disse que a Rússia enfrentaria um “perigo real” se Kiev adquirisse armas nucleares. A declaração segue o que foi dito em um discurso gravado exibido na Conferência sobre Desarmamento em Genebra, na Suíça.
“É inaceitável para a Rússia que alguns países europeus sediem as armas nucleares americanas”, afirmou Lavrov. Ele também disse que o país está pronto para trabalhar com os EUA em uma “estabilidade estratégica”. O chanceler também destacou que a Ucrânia ainda possui tecnologia nuclear soviética, e que os russos “não podem falhar em responder a esse perigo”.
Kiev precisa de sanções mais duras contra a Rússia, diz prefeito
O prefeito da capital ucraniana Kiev, Vitali Klitschko, disse à CNN que “sanções mais duras” deveriam ser impostas contra a Rússia nesse momento para dar suporte aos ucranianos.
“A vontade de ser independente é (a) prioridade principal para nós. E estamos defendendo nossas famílias, nossa cidade, nosso país e nosso futuro”, disse o ex-boxeador.
A capital ucraniana está sob ataques de mísseis russos há dias. Cidadãos e integrantes das Forças Armadas permanecem na cidade para defendê-la, já que tropas russas se aproximam cada vez mais da região.
“Temos que nos manter unidos. A guerra não é apenas para a Ucrânia. É (um) desafio para todo o mundo moderno, para (todo) o mundo democrático”, declarou o prefeito.
Números da guerra
Mais de 2.000 civis ucranianos foram mortos até esta quarta-feira durante a invasão da Rússia, segundo o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia.
“Mais de 2.000 ucranianos morreram, sem contar nossos defensores”, disse o comunicado do serviço. “Crianças, mulheres e nossas forças de defesa estão perdendo suas vidas a cada hora”, acrescentou o órgão na nota.
Segundo último informe da agência de Direitos Humanos das Nações Unidas, os números eram outros — apesar da ponderação de que poderiam ser “muito maiores” de antemão. Neste levantamento, foi constatado que pelo menos 136 civis foram mortos, incluindo 13 crianças, e 400 ficaram feridos.
O número de soldados russos mortos no conflito até o momento ainda não foi divulgado pela Rússia.
Biden fecha espaço aéreo americano e diz que Putin está isolado
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou, na terça-feira (1º), em seu primeiro discurso de Estado da União, o fechamento do espaço aéreo do país para a Rússia. “Esta noite estou anunciando que nos juntaremos aos nossos aliados para fechar o espaço aéreo americano para todos os voos russos – isolando ainda mais a Rússia – e adicionando um aperto adicional – em sua economia. O rublo perdeu 30% de seu valor”, afirmou Biden.
Segundo Biden, as forças dos EUA não estão indo à Europa para lutar na guerra da Ucrânia, mas sim defender os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), caso o presidente russo, Vladimir Putin, decida avançar para o Oeste.
“Acabar com nossa história”
Em novo vídeo divulgado nas redes sociais nesta quarta-feira (2), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que “a Rússia quer acabar com o nosso país e com a nossa história”. “O Kremlin não vai tomar nosso país com bombas e ataque aéreos”, declarou Zelesnky.
O líder ucraniano voltou a repetir que a resposta do Ocidente não é suficiente, pedindo mais apoio internacional, incluindo suporte à tentativa da Ucrânia de ingressar na União Europeia. “Não é hora de ser neutro”, declarou ele.
Na terça-feira (1º), em entrevista exclusiva à CNN, Zelesnky disse que “todo mundo tem que parar de lutar e voltar ao ponto de onde começou cinco, seis dias atrás”.
Aposta de US$ 1 trilhão para acabar com economia russa
O Ocidente respondeu à invasão russa à Ucrânia com uma série de sanções. A mais recente delas tem o intuito de desencadear uma crise bancária, sobrecarregar as defesas financeiras de Moscou e levar a economia russa a uma profunda recessão.
Nunca na história uma economia com a importância mundial da Rússia foi alvo de sanções desse nível, segundo analistas que afirmam haver agora um alto risco de a Rússia enfrentar uma crise financeira que leve seus maiores bancos à beira do colapso.
A coalizão está tentando impedir o Banco Central da Rússia de vender dólares e outras moedas estrangeiras para defender o rublo e sua economia. No total, quase US$ 1 trilhão em ativos russos foram congelados por sanções.
Tribunal de Haia realizará audiências sobre genocídio
A Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, realizará audiências públicas a partir da próxima segunda-feira (7) sobre as acusações de genocídio na Ucrânia.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira (1º), o CIJ disse que audiências públicas serão realizadas na segunda e na terça-feira (8) sobre “o caso sobre alegações de genocídio sob a Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (Ucrânia versus Federação Russa)”.
Em seu pedido de instauração de processos contra a Rússia, a Ucrânia disse que o país presidido por Vladimir Putin “alegou falsamente que ocorreram atos de genocídio” nas regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, acrescentando que a Rússia posteriormente declarou e implementou uma “operação militar especial” contra a Ucrânia, de acordo com o comunicado.
Parlamento Europeu recomenda dar à Ucrânia status de candidato à União Europeia
O Parlamento Europeu adotou uma resolução na terça-feira pedindo às instituições da União Europeia “que trabalhem para conceder” à Ucrânia o status de país candidato à adesão ao bloco, disse em comunicado.
A resolução, que também exige que a União Europeia imponha “sanções mais duras” à Rússia, foi votada a favor por 637 membros do Parlamento Europeu (MPE).
Ela também condenou “nos termos mais fortes possíveis a invasão ilegal da Ucrânia pela Rússia e exige que o Kremlin encerre todas as atividades militares no país”.
Os membros do Parlamento enfatizaram que as sanções financeiras do bloco contra a Rússia devem ir mais longe, afirmando que “todos os bancos russos devem ser bloqueados do sistema financeiro europeu e a Rússia deve ser banida do sistema Swift”.
“Devemos ajudar a Ucrânia a se defender do seu agressor”, diz ministra da Alemanha
Annalena Baerbock, ministra de Relações Exteriores da Alemanha, em reunião emergencial da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que “devemos ajudar a Ucrânia a se defender do seu agressor”. Desde quinta-feira (24), a Rússia invade o território ucraniano usando forças aéreas e terrestres.
Ela declara que o que está “em jogo é vida ou a morte do povo ucraniano, a segurança da Europa e a carta da ONU”. Annalena diz que a guerra russa marca uma nova realidade mundial e pede para que todos os embaixadores tomem decisões responsáveis.
“A Alemanha está ciente da sua responsabilidade histórica, e é por isso que buscaremos sempre soluções pacíficas. Quando enfrentamos um ataque, devemos agir de forma responsável”, afirma. “Devemos estar disposto a questionar nossas atitudes passadas”.
Brasil negocia moderação em nova resolução do Conselho de Segurança
O Brasil negocia com outros países que integram o Conselho de Segurança da ONU uma moderação dos termos do projeto de resolução apresentado pela França e pelo México sobre ajuda humanitária à Ucrânia, segundo fontes do governo.
A avaliação inicial é que da forma como está colocado o projeto há grande chance de a Rússia novamente vetá-lo, tornando ineficaz o esforço do colegiado. A ideia brasileira é que pelo menos se consiga uma abstenção da Rússia.
Para tanto, seria preciso alterar alguns dos trechos que, na percepção de negociadores brasileiros, acabam por agredir os russos, eliminando qualquer possibilidade de a proposta ser aprovada.
Precisamos de posição mais forte do Brasil, diz representante da Ucrânia em Brasília
O encarregado de negócios da Embaixada da Ucrânia em Brasília, Anatoliy Tkach, afirmou na terça-feira que precisam de uma posição mais forte do Brasil sobre a guerra. “Nós gostaríamos de posição mais forte do Brasil, posição de apoio, de condenação da Rússia”.
Anatoliy Tkach disse ainda que não entende como seria uma posição de imparcialidade de um país sobre uma guerra, ao ser questionado sobre a fala do ministro de Relações Exteriores, Carlos França.
“Eu não sei o que é imparcialidade, nós agora sabemos quem é o agressor, não está escondendo. Por isso, a imparcialidade é a respeito do agressor, não sei. Não entendo como imparcialidade pode se aplicar nessa situação”.
Na ONU, Cuba e Venezuela culpam Otan por guerra na Ucrânia
Na contramão da maioria dos países, os discursos dos embaixadores de Cuba e da Venezuela no segundo dia de sessão extraordinária da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) foram marcados por críticas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e aos Estados Unidos.
O embaixador cubano na ONU, Pedro Luis Pedroso Cuesta, condenou as sanções impostas contra a Rússia e acusou a Otan de agir com “hipocrisia” na condução da guerra com a Ucrânia.
“Cuba rejeita essa hipocrisia e esse duplo padrão na postura da Otan. Em 1999, houve uma agressão à Iugoslávia e os países da Europa não evitaram a grande perda de vidas por razões geopolíticas. Os Estados Unidos usaram a força em várias ocasiões em países soberanos para alterar regimes, interferindo na política interna de outros países”, disse o embaixador cubano.
30 dos 31 jogadores brasileiros da 1ª divisão saíram da Ucrânia
Quase uma semana após o início do ataque russo à Ucrânia, 30 dos 31 jogadores brasileiros que atuam na primeira divisão do futebol ucraniano já conseguiram sair do país. Esse número leva em conta o brasileiro naturalizado ucraniano Junior Moraes, do Shakhtar Donetsk.
Dos 16 clubes que disputam o campeonato ucraniano, 11 contam com brasileiros: Shakhtar Donetsk, Dínamo de Kiev, Dnipro, Rukh Vynnyky, Kolos Kovalivka, Vorskla, Chornomorets, Metalist 1925, Inhulets Petrove, Zorya Lugansk e PFK Lviv.
Magnata suíço pode comprar o Chelsea do russo Abramovich
O magnata suíço Hansjoerg Wyss está considerando comprar o Chelsea do bilionário russo Roman Abramovich, disse Wyss ao jornal suíço Blick.
“Abramovich está atualmente tentando vender todas as suas propriedades na Inglaterra. Ele também quer se livrar do Chelsea rapidamente agora”, disse Wyss, de acordo com o Blick, em uma entrevista publicada nesta quarta-feira (2).
“Eu, junto com outras três pessoas, recebi uma oferta na terça-feira para comprar o Chelsea de Abramovich”, completou.
Google remove mídia estatal russa de recursos de notícias
O Google, da Alphabet Inc, confirmou na terça-feira que removeu editoras russas financiadas pelo Estado, como a RT, de seus recursos relacionados a notícias, incluindo a ferramenta de busca Google News, após a invasão russa de Ucrânia e várias sanções contra a Rússia.
Kent Walker, presidente de assuntos globais do Google, disse na terça-feira em um post no blog que “nesta crise extraordinária, estamos tomando medidas extraordinárias para impedir a disseminação de desinformação e interromper campanhas de desinformação online”.
Já a Apple disse nesta terça-feira (1º) que interrompeu todas as vendas de produtos na Rússia em resposta à invasão russa da Ucrânia.
“Estamos profundamente preocupados com a invasão russa da Ucrânia e estamos com todas as pessoas que estão sofrendo como resultado da violência”, disse a Apple em comunicado.
Na ONU, Hungria condena invasão da Ucrânia e diz que receberá refugiados
Em reunião emergencial da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece desde segunda-feira (28), Zsuzsanna Horváth, embaixadora da Hungria – país vizinho da Ucrânia, região invadida pela Rússia desde quinta-feira (24) – afirmou que condena a invasão russa ao território ucraniano e diz que receberá refugiados.
“Em resposta a crise humanitária, a Hungria está pronta para receber refugiados”. Zsuzsanna disse que muitos países pediram “nossa ajuda” e, com isso, estão criando um corredor humanitário para a entrada daqueles que estão fugindo da Ucrânia e não têm vistos.
A embaixadora informou que pretendem colocar os refugiados em aeroportos mais próximos para realizarem viagens a outros países.
Fotos – Guerra da Rússia contra a Ucrânia
(CNN)