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domingo, dezembro 22, 2024

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Câncer ósseo: apesar de raro, alerta para diagnóstico precoce é importante

Por ano, 6.300 novos casos são estimados; ABOO faz esclarecimentos sobre a doença

No próximo mês, acontece a campanha “Abril Amarelo” que alerta para o diagnóstico precoce do câncer ósseo. Embora seja um tipo raro de câncer – representa apenas 2% do total de cânceres diagnosticados – os esclarecimentos sobre a doença se fazem de extrema importância, pois a identificação rápida e o tratamento ágil podem ter impacto sobre os resultados. Por ano, estima-se uma incidência de 6.300 casos novos da patologia.

O câncer ósseo tem dois picos de incidência. Um, acomete mais crianças e adolescentes e, o outro, idosos. Como os ossos são responsáveis por dar apoio e sustentação ao corpo, o câncer ósseo manifesta-se, principalmente, pela dor durante o apoio ou as atividades. “Outro sinal frequente é a formação de uma massa dura e de crescimento rápido que, geralmente, pode ser palpada”, fala o presidente da ABOO (Associação Brasileira de Oncologia Ortopédica), Edgard Engel.

O especialista ressalta que a raridade da doença é a principal dificuldade para o diagnóstico precoce, uma vez que a dor pode ser confundida com outras afecções mais comuns e tratada de forma sintomática. “É muito comum o paciente relacionar o aparecimento dos sintomas com traumatismos e contusões. No entanto, quando a dor e o aumento de volume não cedem com o tratamento inicial ou progridem com o tempo, é necessário repetir o exame clínico e realizar uma radiografia. Na maioria das vezes, a radiografia faz o diagnóstico de uma doença agressiva e que merece avaliação especializada”, salienta. “Muitos avanços têm ocorrido no tratamento das neoplasias ósseas, fundamentais para melhorar a sobrevida dos portadores da doença e o resultado funcional. Entretanto, o diagnóstico precoce continua tendo impacto decisivo nos índices de cura. Os desafios permanecem e é necessário continuarmos no avanço do conhecimento para melhor tratar esses pacientes”, completa.

As metástases ósseas são os tumores ósseos malignos mais frequentes dos ossos. Os cânceres primários que mais comumente podem levar ao desenvolvimento das metástases ósseas são próstata, mama, pulmão, rim, tireoide, bexiga, intestino e estômago. Os ossos mais acometidos são os do crânio, costelas, coluna, bacia, úmero (osso do braço) e fêmur (osso da coxa).

 

 

 

Oncologia ortopédica

A oncologia ortopédica se ocupa do tratamento dos tumores ósseos benignos e malignos, primários e metastáticos, e dos tumores de tecidos moles.

A principal característica que diferencia os tumores benignos dos malignos é a capacidade desse último de se disseminar para outros órgãos, provocando a destruição dos mesmos e, consequentemente, a morte.

As porções do tumor maligno, também chamado de câncer, que se desprendem do tumor principal, têm a capacidade de entrar na circulação sanguínea ou linfática, sair da circulação, invadir outro órgão, se reproduzir e crescer ali. “Como a probabilidade de as células cancerígenas terem todas essas capacidades é muito baixa, os tumores malignos são muito raros. Essas porções de tecido tumoral que se instalam em outros órgãos são chamadas de metástases”, explica Engel.

Alguns cânceres, como osteossarcoma e o sarcoma de Ewing, têm grande capacidade de produzir essas metástases, enquanto outros, como o condrossarcoma, raramente o fazem.

 

Tumores

Além do tipo do tumor, que depende das características das células, os cânceres também são classificados em graus, que dependem da atividade dessas células.

A atividade é avaliada, entre outras coisas, pelo número de células que estão se dividindo (mitose) e o número de células que morrem dentro do tumor por falta de nutrição adequada. “Isto significa que as células estão se multiplicando mais rápido do que o tumor tem capacidade de distribuir o sangue pelos vasos dentro do tumor e, eventualmente, por falha na fabricação dessas células novas. Tanto o tipo quanto o grau são identificados pelo patologista ao analisar as células do material retirado da biopsia ou do próprio tumor ressecado do paciente”, explica o presidente da ABOO.

A agressividade local, que é definida pela capacidade de destruir o osso e a velocidade que isto acontece, pode ocorrer tanto em tumores benignos quanto em malignos. Alguns tumores benignos crescem muito lentamente e são envolvidos por osso normal. Neste caso, o tumor só é descoberto por acaso. O médico pontua que isso ocorre nos fibromas não ossificastes e encondromas. “Alguns tumores benignos produzem tecido ósseo, o que diminui o risco de fraturas, mas, eventualmente, podem eliminar substâncias que induzem a inflamação, o que os torna dolorosos, como o osteoma osteoide”, destaca. “Outros, como o tumor de células gigantes, podem destruir o osso rápida e intensamente, levando a fraturas. Como o comportamento dos tumores ósseos é bastante variável, o tratamento é específico para cada um”, completa.

Os tumores ósseos primários são aqueles em que as células tumorais se originam dos tecidos que formam o osso ou a medula óssea. Essas células podem produzir mais tecido ósseo, como o osteossarcoma; tecido cartilaginoso, como o condrossarcoma; tecido fibroso, como o fibrossarcoma ou até um tecido não relacionado com outros padrões, como o sarcoma de Ewing.

No caso dos tumores que se originam das células da medula óssea, o mieloma múltiplo é o mais comum. “Por outro lado, cânceres de outros órgãos podem emitir metástases para os ossos. Depois do pulmão e do fígado, o osso é o tecido mais frequentemente acometido por metástases”, salienta o especialista. “As metástases ósseas são dolorosas e podem levar a fraturas e, por isso, frequentemente o tratamento cirúrgico é a melhor opção de tratamento para alívio da dor e melhora da qualidade de vida”, conclui o presidente da ABOO.

 

Sobre a Associação Brasileira de Oncologia Ortopédica (ABOO)

A Associação Brasileira de Oncologia Ortopédica (ABOO) agrupa ortopedistas oncologistas ou onco-ortopedistas, responsáveis por avaliar e tratar pacientes com tumores primários e metastáticos dos tecidos ósseos e moles.

A entidade é responsável pela realização do Congresso Brasileiro de Oncologia Ortopédica, considerado o maior evento de tumores musculoesquelético do Brasil. Neste ano, a atividade chega a 12ª edição e acontecerá de 27 a 30 de abril, em Gramado, no Rio Grande do Sul. Palestrantes nacionais e internacionais trarão vasto conteúdo para atualização dos congressistas, como os avanços no diagnóstico por imagem, novidades no tratamento dos sarcomas ósseos e de partes moles, tumor desmoide, metástases ósseas, entre outros assuntos.

O congresso será precedido pela prova de título de especialista em ortopedia oncológica, no dia 27 de abril.

 

(Associação Brasileira de Oncologia Ortopédica)

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