Por FRANCISCO XAVIER GOMES
As eleições do mês de outubro certamente terão efeito significativo para o Brasil e para o estado de Rondônia, em virtude das diversas possibilidades políticas e administrativas que estarão em discussão, a partir deste fim de semana. No cenário nacional, a inevitável disputa entre a extrema direita e as forças progressistas nacionais, sugerindo uma eleição das mais conflitantes que o país já viveu, desde o começo da Velha República, no início do século XX. Na seara estadual, a busca intensa por uma candidatura que visa desalojar o coronel Marcos Rocha do Palácio Rio Madeira. No âmbito municipal, também existe a possibilidade de, mais uma vez, aquele cenário de instabilidade administrativa, com a possibilidade das pretensões do alcaide obediano, ensaiadas desde os primeiros meses de 2021, pelos antunistas mais efusivos, além da possibilidade de haver em Cacoal um número nunca antes visto de candidatos à Câmara Baixa da nação…
A questão nacional é algo que não requer maiores discussões locais, considerando que Rondônia não possui peso suficiente para mexer na disputa pela Presidência da República, visto que temos um número de eleitores que não serão suficientes para definir a provável disputa da ultradireita contra as forças de centro e de esquerda. Obviamente que não haverá nenhuma novidade, se a Turma de Rio das Pedras consolidar uma vitória nas Terras de Rondon, já que Rondônia é atualmente o principal foco de resistência do bolsonarismo no Brasil. Entretanto, é muito provável que não ocorra fenômeno semelhante ao ocorrido em 2018, quando vários arrivistas políticos “surfaram” na “Onda Bolsonaro”. Certamente muita gente por aqui ainda sonha com aquela história de “Tudo Dezessete”, mas a realidade é muito diferente e, com o surgimento de tantos bolsominions mesozoicos, entre os prováveis candidatos, a própria matemática estará incumbida de promover a necessária autofagia em Rondônia. A turma da Onagrocracia é teimosa o suficiente para imaginar que a coisa será aquela molezinha da última eleição nacional, porém não se pode negar que Lula da Silva possui uma pré-candidatura infinitamente mais forte do que Haddad e o cenário pode ser muito diferente no estado. Aguardemos…
Por enquanto, os bastidores rondonienses estão muito mais agitados em função das definições regionais, haja vista que os grupos políticos tentam se organizar para enfrentar a batalha das urnas. As próprias exonerações de pessoas que ocupam cargos atualmente deixam claro que haverá muitas novidades e a volta de velhos políticos que se articulam, para se manter ou voltar ao poder, enquanto outros tentam galgar cargos mais elevados. É neste último quesito que se enquadra o prefeito de Cacoal, porque seus assessores, asseclas e seguidores batem o pé e garantem que ele tem todas as condições de vencer os candidatos que estarão na disputa pelo governo de Rondônia. Neste caso, não cabe depreciar as pretensões de Seo Antunes, porque, caso ele resolva mesmo renunciar ao cargo de prefeito, suas intenções são legítimas e o processo democrático garante a ele o direito de disputar os cargos que pretender. Como esta coluna foi fechada antes do prazo legal para renúncias, não há como afirmar que o fato será consumado, porque renunciar é uma decisão bem complexa, neste caso. Claro que também não tenho bola de cristal para cravar que Seo Antunes venceria ou perderia a eleição, porque seria uma avaliação precoce e despida de quesitos que determinam as chances de alguém perder ou ganhar esse tipo de eleição…
Os eleitores adeptos do ufanismo antunista garantem que chegou a hora de “Cacoal ter um governador”, mas o antunismo, por si só, é fator demasiadamente superficial para definir o cenário. A realidade, neste momento, é que Marcos Rocha é a única candidatura posta até hoje e certamente não será um adversário desprezível, porque, em qualquer circunstância de disputa nas urnas, o cabo eleitoral mais cobiçado e mais forte é a “maquina administrativa”. Basta ver que a sucessão de escândalos nos principais ministérios da nação não foi suficiente para permitir a ascensão da chamada “Terceira Via” na disputa nacional. No caso de Rondônia, para ser bem justo com o Coronel do Pé Quebrado, não houve nenhum escândalo que pudesse abalar suas chances de entrar na disputa como o favorito. Isso mesmo! Se não acontecer nenhuma dessas “operações” pré-eleitorais, será tolice negar o favoritismo do atual ocupante do Palácio Rio Madeira.
Com relação à possibilidade de um número recorde de candidatos a deputado federal com domicílio em Cacoal, é fato que fortalece a democracia, ainda que a pulverização seja inevitável. A ideia de uma cidade tão importante como Cacoal ter somente dois ou três candidatos a este cargo é muito provinciana e totalmente incompatível com o direito que o eleitor tem de fazer escolhas. Por causa disso, discutir apenas a possibilidade de renúncia de Seo Antunes não resume o que estará em disputa nas urnas. Todos os eleitores terão a obrigação de renunciar também. Muitos pré-candidatos terão que renunciar às vaidades. O eleitor precisará renunciar ao direito de se alienar, e discutir exaustivamente sobre as escolhas que faremos em outubro, para que nosso país não renuncie à democracia; para que nosso estado não renuncie à qualidade dos políticos que Rondônia merece; e para que as renúncias não deixem marcas indeléveis nas futuras gerações… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista