Hospital de Base é credenciado para realizar transplante renal, com uma única equipe para realizar a cirurgia no Estado
O Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), tem realizado um importante trabalho no tocante ao transplante de órgãos. Mesmo com a pandemia do coronavírus, o Hospital de Base (HB) doutor Ary Pinheiro, em Porto Velho, atende a pacientes que necessitam deste tipo de procedimentos.
No HB, a Central Estadual de Transplantes, que funciona com a equipe de Organização para Procura de Órgãos (OPO) e a Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), onde profissionais realizam a busca ativa de doadores de órgãos na capital e no interior de Rondônia.
No Estado, o Hospital de Base é credenciado para realizar transplante renal, com uma única equipe para realizar a cirurgia. Já para transplante de córnea, são duas equipes, sendo uma do Sistema Único de Saúde (SUS) e outra na rede privada.
O médico de transplante de órgãos abdominais, Leonardo Toledo Mota, relata sobre o transplante hepático que foi realizado em Michael Jones, de 14 anos, morador de Pimenta Bueno, que fez Tratamento Fora de Domicílio (TFD), se deslocando até São Paulo no fim do mês de abril para fazer o procedimento. “Um colega fez contato comigo e relatou sobre o Michael, um adolescente que estava com uma hepatopatia grave e precisava de uma avaliação. Quando cheguei em Porto Velho, o paciente foi atendido e avaliado no mesmo dia. No primeiro momento tivemos a impressão de que ele fazia parte do primeiro grupo, e iria manda-lo à São Paulo de forma mais tranquila. Porém, seu estado de saúde piorou do dia 28 para o dia 29 de abril”, relata Mota.
O médico comenta ainda que foram feitos os primeiros exames no adolescente, onde foi detectado o não-funcionamento do fígado, sendo uma maior emergência do transplante, se fazendo necessário a ajuda do Governo de Rondônia. Michael foi transferido para a UTI de outro hospital de Porto Velho, sendo acompanhado diretamente pela equipe médica, para verificar se havia condições de tolerar a ida para outro Estado.
“O Michael foi priorizado e conseguimos uma vaga de UTI em São Paulo, acionamos a Central de Transplantes daqui e fizemos a transferência do paciente juntamente com a mãe por meio de UTI aérea. Chegando em São Paulo, um doador apareceu”, pontuou o médico.
O cirurgião explica que a hepatite fulminante dura entre dois e três dias. “Durante esse tempo que estou aqui, o Michael é o terceiro doente com hepatite fulminante transplantado. Alguns outros pacientes infelizmente acabaram falecendo. O transplante realizado foi um sucesso, tendo uma recuperação rápida, em sete dias. Ele ainda está em São Paulo e em breve estará de volta para continuar o tratamento de recuperação em Porto Velho, com os exames e acompanhamentos sendo feitos diariamente”, finaliza Mota.
HEPATITE FULMINANTE
A hepatite fulminante também é conhecida como hepatite aguda grave ou falência hiperaguda do fígado, sendo a condição de maior gravidade dentre as doenças do fígado, podendo levar a morte de pelo menos metade dos pacientes. É uma doença em que o indivíduo previamente sadio, em um prazo de dias ou semanas, fica profundamente doente.
O fígado pode ter uma série de doenças acometidas, que podem ser responsabilizadas pela evolução fulminante da hepatite. Entre as mais comuns, destacam-se o uso de medicamentos (quer prescritos por médicos, como compostos usados em dermatologia, quer outros de utilização rotineira), as hepatites virais A e B, entre várias outras.
O tratamento é bastante complexo e requer múltiplos recursos de terapia intensiva. Quando disponíveis e adequadamente implementados, podem levar a cura de mais ou menos metade dos pacientes.
MICHAEL JONES
A mãe do paciente, Dóres Cristina Antunes Martins Motta, explica que tudo começou no dia 30 de março, quando o filho acordou saudável, fez suas atividades e na hora do almoço passou mal, sentiu dores e foi levado ao hospital. “Foi submetido a uma ultrassonografia e foi detectada água no abdômen, além de alterações no baço e no fígado. A partir daí que começou tudo e tivemos que ir de Pimenta Bueno, onde moramos, para Cacoal, onde meu filho ficou internado por 26 dias no Hospital de Emergência e Urgência de Rondônia (Heuro)”.
Após ficar internado no Heuro, Michael foi transferido para o HB, em Porto Velho, foi avaliado pelo médico de transplante de órgãos abdominais, Leonardo Toledo Mota, que deu o diagnóstico do fígado, que estava comprometido. “O Michael foi transferido para um hospital particular em Porto Velho, por dois dias, sendo acompanhado pelo doutor Leonardo e foram feitos vários procedimentos. Ficou na UTI e fizeram outras avaliações para que pudesse chegar a São Paulo o mais rápido possível, pois o estado de saúde piorou, indo de gravíssimo a fulminante”, argumenta Dóres.
TRANSFERÊNCIA
O paciente foi transferido para São Paulo por meio de uma UTI aérea no dia 31 de abril. Por ter 14 anos, o adolescente passou a ficar em primeiro lugar no Brasil, aguardando por um transplante de fígado. A mãe de Michael ressalta que após o diagnóstico, o processo foi rápido. “Pela gravidade do estado de saúde, ele poderia ir a óbito a qualquer momento, mas graças a Deus ocorreu tudo bem”.
ESPERANÇA
Dóres fala que na primeira noite de internação do filho em São Paulo, durante a madrugada, recebeu uma ligação do hospital, com a notícia de que havia um fígado disponível para o adolescente, se tornando uma esperança para a família. O fígado era compatível e Michael, sendo submetido ao procedimento de transplante de fígado com sucesso, no dia 1º de maio.
“Desde quando saímos de Pimenta Bueno, as notícias sobre o Michael não eram boas, ainda mais de seu estado de saúde. Mesmo sabendo de que meu filho pudesse morrer a qualquer momento, tínhamos a certeza de que esse quadro seria revertido”, desabafa a mãe do adolescente.
Após mais de 20 dias transplantado, o paciente continua sendo acompanhado toda semana pelo médico Leonardo Mota, com consultas e realização de exames de sangue. “Hoje ele está bem, reagindo de forma positiva a cada dia ao transplante, se alimentando bem e dialogando bastante”, diz Dóres.
ATENDIMENTO
A mãe de Michael afirma que o atendimento do Poder Executivo foi eficiente no processo de transplante do adolescente. “Eu parabenizo o Governo de Rondônia pela agilidade em atender meu filho. Desde a transferência de Cacoal a Porto Velho. Os médicos atuaram de forma rápida em conseguir uma UTI no Hospital de Base, UTI aérea, mesmo com essa situação da pandemia. Foram bastante prestativos com a gente”.
Dóres é doadora de órgãos e antes de Michael ser diagnosticado com a doença hepática, havia avisado à família sobre o ato de doação para pessoas que aguardam na fila. “É preciso valorizar a vida, a oportunidade de nascer de novo, pois o Michael teve essa chance. A gente não sabe o quanto é difícil cuidar, tratar de um transplantado, pois nunca tinha passado por esse momento em minha vida. Tem que ter muito zelo, pois é um momento de adaptação de um órgão em uma pessoa”, finaliza a mãe de Michael.
Fonte
Texto: Richard Neves
Fotos: Ésio Mendes
Secom – Governo de Rondônia