Por FRANCISCO XAVIER GOMES
As pessoas que acompanham os fatos políticos de Cacoal certamente lembram dos vereadores da legislatura anterior e da atual, principalmente porque aquela lavra de edis recebia muitas críticas, pela falta de capacidade para exercer o mandato. A situação era tão flagrante que apenas dois vereadores de Cacoal foram reeleitos em 2020. Este fato deixa claro que o eleitor pretendia mudanças. Lamentavelmente, e as razões são óbvias, tais mudanças não aconteceram, porque a atual Câmara de Cacoal é muito fraca tecnicamente e não se constata nenhum sinal de que algo vai melhorar, nos próximos dois anos e oito meses. É muito difícil alguém conseguir lembrar de uma legislatura com tantos vereadores despreparados como a atual. Claro que há exceções, mas a regra é a falta de preparo…
No atual legislativo mirim, há grupos de vereadores contra a educação; contra mulheres; contra trabalhadores; contra a imprensa; contra as redes sociais; e, pasmem, contra o próprio legislativo obediano. Registre-se que, para vários desses itens, não há unanimidade, pois eles podem variar em 6, 7 ou 8 vereadores. A comprovação para tais afirmações está explícita em todos os debates e votações ocorridos até hoje. O único quesito para o qual há um grupo de pelo menos 10 edis é quando se trata de bajular a administração municipal. A unanimidade se mostra muito vigorosa apenas para o quesito recebimento de diárias, sem justificativas minimamente plausíveis, em muitos casos. Não há, nesta legislatura, nenhum vereador que conteste as diárias injustificadas. O máximo que eles dizem é que os colegas têm direito a receber tais benefícios. E não existe mesmo ilegalidade em receber diárias que cumpram as finalidades legais. Todavia, há incontáveis situações em que o pagamento de diárias cumpre apenas a finalidade turística, e casos em que o objetivo é melhorar os rendimentos mensais. Obviamente que nessa história de recebimento de diárias indevidas também existem exceções. Caso o leitor queira verificar as exceções, basta acessar o Portal da Transparência e verificar os pedidos e “justificativas”. Por estas, e outras razões, surgem os vereadores que, em vez de usar a tribuna do legislativo mirim, ou outros espaços da vereança, para defender causas e bandeiras coletivas, resolvem fazer do expediente o “muro das lamentações” contra as redes sociais e jornalistas que não batem palminhas para esta prática.
Os ataques proferidos, esta semana, pelo vereador Lauro Kloch contra a Tribuna Popular, em grupos de redes sociais da edilidade e da Administração Municipal, representam, com clareza, a fragilidade da Câmara de Cacoal. Sem que houvesse nenhuma razão institucional, ele declarou diversas inverdades contra este hebdomadário de mais de quatro décadas, afirmando que a briosa Tribuna Popular de Cacoal cobra para fazer publicações favoráveis ou desfavoráveis, em relação a mandatários locais ou regionais. Não dá para aceitar esse tipo de acusação, nem mesmo de pessoas sem nenhuma obrigação originária do sufrágio popular. Embora o citado edil não saiba, os vereadores são instituições e suas declarações, onde quer que seja, são oficiais. Nenhum veículo de comunicação consegue se manter por mais de 40 anos, se não tiver honra, dignidade, compromisso com a verdade e muita, muita determinação, como é o caso do senhor Adair Perin e de sua família. Atacar a honra de uma pessoa como Perin é o cúmulo do despautério e atacar jornalistas não é o caminho mais indicado para quem deseja uma carreira política séria. Quando o vereador Lauro Kloch nasceu, a Tribuna Popular já tinha quase duas décadas, levando as informações para a população de Cacoal e todos os municípios de Rondônia, além de diversos outros estados brasileiros. É muito difícil imaginar que algum vereador de Cacoal passe 40 décadas no mandato. Todos os que adotaram essa prática de atacar a imprensa e as redes sociais encontraram muita dificuldade para ficar mais de um mandato.
O exercício da vereança não é fácil e se torna muito mais árduo, quando o despreparo toma conta do mandato. E uma coisa precisa ficar clara: nenhum vereador ataca a imprensa pelo fato de ter origem humilde. Os ataques partem sempre daqueles que foram eleitos e ficaram embriagados com o poder. Isso nada tem a ver com atividades laborais anteriores ao sufrágio. Pouco tempo atrás, a própria Câmara de Cacoal fez uma homenagem pública para a Tribuna Popular. Não é possível que tanta coisa tenha mudado em tão pouco tempo. A Tribuna Popular registra fatos. Quem produz notícias são os políticos. Todos os vereadores que merecem elogios já foram elogiados pela TP. Assim como aqueles que merecem críticas são criticados. As pessoas públicas são passíveis de críticas e elogios. Aos vereadores, cabe exercer o mandato com a mesma dignidade com que a Tribuna Popular atua em mais de quatro décadas. Apenas isso!!
Aqui mesmo nesta coluna, eu já teci diversas referências elogiosas ao vereador Lauro Kloch e as farei novamente, quando ele merecer, porque tenho absoluta convicção de que meu amigo Perin perdoará as graves ofensas. Perin tem uma característica muito rara em donos de jornais: ele jamais pede aos seus jornalistas ou colaboradores para escrever aquilo que agrada ou desagrada quem quer que seja. Talvez o vereador Lauro Kloch não saiba disso, porque ele vive há pouquíssimo tempo na cidade e não conhece a história e a dignidade do Velho Adair Perin. Assim, o gesto mais nobre que se espera do edil é, na primeira oportunidade, registrar suas desculpas à jornalista Giliane Perin, à Tribuna Popular de Cacoal e a todos os profissionais deste brioso veículo, com a mesma pureza de uma água de coco ou de uma água mineral. Isto porque, as verborragias são péssimas conselheiras e já enterraram as pretensões de diversos campeões de votos obedianos. Por este motivo, como diria o filósofo, no universo político, a humildade tem espaço tão amplo como a farra de diárias em Cacoal. Certa vez, disse um filósofo: “O inútil vive de ódio; o hipócrita vive de mentiras; o idiota vive de ignorância, mas o humilde vive de amor, verdades e sabedoria”… E tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista
