Ontem, candidato à reeleição cumpriu agendas na Região Metropolitana e, além de criticar o adversário, falou sobre a importância de vencer no estado
O presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve, ontem, pela quarta vez em Minas Gerais neste mês. Candidato à reeleição, ele participou de uma motociata com apoiadores em Belo Horizonte e, depois, fez discurso na Praça da Liberdade, na Savassi. Ele subiu ao caminhão de som posicionado no local já ao anoitecer e, nos 17 minutos em que falou aos apoiadores, fez diversas menções à importância do eleitorado mineiro na corrida presidencial. “Minas Gerais é decisiva para qualquer eleição. Tenho certeza que, a exemplo de 2018, teremos uma grande votação aqui”, disse.
A despeito do tom adotado no palanque em BH, mais cedo, quando passou por Betim, na Região Metropolitana, Bolsonaro criticou afirmou que Luiz Inácio Lula da Silva só vence no Datafolha e agradeceu o impeachment da petista Dilma Rousseff, em 2016. “Onde o PT e a esquerda vão, só se leva fome e desesperança”, acusou, no pátio de uma fábrica automotiva.
Bolsonaro chegou a Belo Horizonte no início da tarde e foi recepcionado por aliados locais. O senador Carlos Viana, candidato do PL ao governo mineiro, acompanhou o presidente a um encontro com lideranças políticas e religiosas em Betim.
Viana, contudo, não foi à Praça da Liberdade – porque, segundo a equipe de campanha, estava gravando inserções para o horário eleitoral no rádio e na televisão. A primeira-dama Michelle Bolsonaro, que esteve em Juiz de Fora, na Zona da Mata, para o ato que abriu a campanha à reeleição do marido, não participou da agenda na capital mineira.
“Eu também sou mineiro, uai. É uma honra retornar ao estado onde renasci. Não tem preço andar pelos quatro cantos do país e encontrar sempre uma multidão vibrando e sonhando com dias melhores para a pátria. Melhor ainda: cada vez mais, essas cores verde e amarela se fazem presentes por todo o território nacional”, afirmou o presidente, em solo belo-horizontino.
Em determinado momento, ele precisou interromper o discurso porque apoiadores que se aglomeravam perto do caminhão instalado em frente ao Palácio da Liberdade diziam que o capitão reformado venceria no primeiro turno. Os espectadores do comício se concentraram nas proximidades da Alameda Travessia, corredor que liga as extremidades da Praça da Liberdade.
Segundo a organização, a passeata que partiu da Praça Geraldo Damata Pimentel, na Pampulha, e foi rumo à Savassi, contou com aproximadamente 4 mil motos.
Números da Justiça Eleitoral mostram que mais de 16,2 eleitores estão aptos a votar em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país. Em 2018, Bolsonaro derrotou Fernando Haddad (PT) no estado por 58,19% a 41,81% dos votos válidos.
Neste ano, porém, o presidente está atrás de Lula. Na semana passada, pesquisa do Instituto F5 Atualiza Dados, divulgada com exclusividade pelo Estado de Minas, apontou que o petista vence o capitão reformado no estado por 43,4% a 33,9% (registros MG-04382/2022 e BR-08433/2022). Apesar da distância de 9,2 pontos, Bolsonaro já recuperou terreno, visto que, no fim de julho, os percentuais estavam em 44,8% e 31,5%.
“Minas é o coração do Brasil, a terra da liberdade. Minas é a história do Brasil. Nestes 200 anos da Independência é impossível não falarmos de Minas Gerais. Aqui é a semente da nossa Independência, a semente do nosso futuro”, afirmou Bolsonaro, ontem. “Até as eleições, voltaremos mais vezes a Minas Gerais. Aqui, está o futuro do Brasil, a certeza de que nossa liberdade continuará a valer por muitos e muitos anos”, emendou.
Ao falar de Minas Gerais, Bolsonaro mencionou, ainda, o general reformado do Exército Walter Braga Netto (PL), seu candidato a vice, natural de Belo Horizonte, mas que não compôs a comitiva de ontem. Já ao fim do discurso, o presidente garantiu ser “apaixonado” pelo estado que o recebeu.
“Podem ter certeza: depois da eleição, seremos campeões mundiais de futebol mais uma vez. O Cruzeiro vai subir, o Galo vai voar, e o América continuará na primeira divisão”, disse.
Em Betim, o palco montado para o público ver o discurso do presidente ficou vazio por mais de 40 minutos. Bolsonaro mudou o cronograma da agenda e conversou com os pastores antes de falar com os apoiadores. No sol, em espaço aberto, os eleitores do candidato ouviram, de longe, o discurso que ele fez para as lideranças religiosas, sem vê-lo. O candidato relembrou a sua participação na sabatina do “Jornal Nacional”, da “TV Globo”, na última segunda-feira (22) criticando a fala da apresentadora Renata Vasconcellos sobre as restrições impostas pela pandemia de COVID-19.
“O ‘fique em casa, se puder’, foi uma mentira. E eu fui um dos únicos chefes de Estado do mundo a afirmar isso. O vírus mata, mas a fome mata muito mais”, acusou, sem provas. Ele voltou a associar comunistas a apoiadores do isolamento: “Vocês puderam sentir o gosto de um governo comunista. A igualdade do lado de lá é na miséria e na pobreza”.
‘Colinha’ do Jornal Nacional
Nos dois compromissos que teve na Região Metropolitana, Bolsonaro rememorou o fato de, antes da aparição no Jornal Nacional, ter escrito “Nicarágua” em uma das mãos. Segundo ele, o nome da nação da América Central era o ponto “mais importante” de sua cola.
“É um país cujo governo tem o apoio de Lula da Silva. É um país onde não se tem mais liberdade, onde fecham-se emissoras de rádio católicas e padres são presos. Na América do Sul, por mais que tentem pintar outros países de vermelho, o Brasil continuará verde e amarelo”, prometeu, na Praça da Liberdade.
Em Betim, o presidente utilizou a Venezuela com propósito parecido e levou ao palco principal um venezuelano. Ele pediu que ele fizesse um discurso contando sobre a vida no país vizinho e os motivos que o levaram a emigrar. “Nosso momento não é de campanha, mas de reflexão. Não é meu mandato; é o futuro do Brasil”, pontuou o chefe do Executivo federal.
Fonte: Estado de Minas
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