Por FRANCISCO XAVIER GOMES
A campanha eleitoral deste ano tem uma legislação nova, tem a força das redes sociais e uma infinidade de candidatos que se apresentam para os eleitores e prometem mudar a realidade do país, do estado e dos municípios. Todavia, mesmo com o advento de algumas novidades, o vigor da velha política e as propostas mirabolantes ainda constituem o teor máximo do pleito, além de muita desinformação, por parte dos eleitores e de muitos candidatos, considerando que grande parte deles desconhece completamente as atribuições dos cargos em disputa…
O fato de haver candidaturas novas é um fator positivo e não pode ser desprezado pelo eleitor, porque certamente haverá a possibilidade de nova dinâmica no universo político, o que, sem dúvida, é a esperança de todas as pessoas que saem de casa para votar. O problema é que os candidatos precisam colaborar e apresentar à sociedade efetivamente a oportunidade de mudar o cenário. E não se muda um cenário político e sociológico com meras promessas e chavões infundados. É preciso muito mais que isso!! Se avaliarmos pela concepção do termo candidato, já começam a surgir problemas, uma vez que “candidato” significa um indivíduo puro, sem máculas, sem vícios, sem ficha suja e sem conceitos deturpados. A falta de candura dos pretendentes está em todos os níveis de cargos em disputa, evidenciando a fragilidade de muitas promessas de probidade. No quesito promessas vazias, o maior problema reside na disputa pelas vagas da eleição proporcional. Nesta seara, muitos candidatos prometem “empregos”, “hospitais”, “creches”, “duplicação de rodovias”, “asfalto”, “contratação de médicos, professores e policiais”; “investimentos no agronegócio”; e diversas outras promessas que estão diretamente ligadas com o poder executivo ou que não possuem ligação direta com o serviço público. E por que isso acontece?
A resposta é simples: uma parcela significativa de candidatos desconhece completamente as atribuições de um deputado estadual, federal ou senador e, infelizmente, muitos eleitores também… O caminho mais prudente e coerente para uma pessoa que deseja disputar uma vaga de deputado ou senador seria praticar a leitura dos regimentos das casas legislativas, estudar projetos em tramitação nessas casas, interpretar as matérias aprovadas e rejeitadas, pedir opiniões técnicas de pessoas com boa formação no campo político e administrativo, estudar o processo legislativo e a estruturas dos poderes. Hoje se vê candidatos a deputados estaduais prometendo que vão lutar pela “liberdade”. Que coisa absurda! O Brasil é um país cuja forma de governo é a república, com sistema presidencialista e regime democrático. Tudo isso está devidamente registrado na Carta Magna da nação. Esse papo de “lutar pela liberdade” é discurso de quem não sabe qual será seu papel, se for eleito. Essa turma representa muito bem Dom Quixote de la Mancha e estabelece a ignorância como os “moinhos de vento”. Há tanto por fazer, no âmbito de um mandato legislativo, e as pessoas se dedicam a falar bobagens. Não dá para entender e, muito menos, aceitar tantos delírios, tantas quimeras e devaneios…
E não se pode perder de vista os candidatos que, em 2018, prometeram “investir no agro” e hoje exercem mandato pegando carona em máquinas compradas pelo executivo, sugeridas oito ou dez anos atrás, em outras legislaturas. Isso é ridículo!! Há, ainda, os candidatos que fazem vídeos e fotos perto de máquinas do governo de Rondônia trabalhando, como se fosse deles tais ações. E tem eleitores que acreditam nesse tipo de baboseira. Eleição é uma coisa séria, minha gente!! Política é uma ciência!! Esse amadorismo de campanha pode definhar o estado e promover um pacote de frustrações incomensuráveis. Será que as pessoas não percebem isso? Cabe, precipuamente, aos deputados a atribuição de criar leis, discutir o orçamento, propor alterações em leis já existentes, visando melhorar a vida dos cidadãos e o funcionamento do estado. Não é possível que uma pessoa se prepare para uma eleição tão importante, sem saber o que pode e o que são delírios!
A vantagem desses candidatos das quimeras é que o eleitor, em geral, também não tem nenhum interesse pelo assunto e acredita cegamente nas promessas vazias e bonitas. Mas chegará um dia em que o eleitor saberá, com muita convicção, quais as atribuições de um deputado estadual, de um deputado federal, de um senador… E, aí, será possível colocar uma pá de cal nessas candidaturas apedêuticas de pessoas que sequer sabem representar seus próprios interesses. Evidentemente que a intenção aqui não é impedir nenhuma pessoa de ser candidata. Claro que não! É necessário que surjam novas lideranças e novos caminhos. Mas investir nas quimeras eleitorais é um grande desserviço ao estado já combalido pela velha política… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista