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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Coluna Boca Maldita – TRAIÇÃO DA NATUREZA

 

PEDOFILIA EM PAUTA

Esta semana, a Câmara dos Deputados retirou da pauta de prioridades um projeto que tem como objetivo transformar o crime de pedofilia em crime hediondo. A retirada da matéria das discussões contou com os votos de praticamente toda a bancada de Rondônia. Não constam na lista de votação os deputados Lúcio Mosquini e Mauro Nazif. Todos os demais deputados e deputadas de Rondônia votaram para que o pedido para apreciar a matéria não fosse aceito. O crime de pedofilia é uma coisa abominável e todas as medidas para aumentar o rigor das punições contra quem pratica esta conduta devem ser vistas como prioridade. Porém não foi esse o entendimento dos deputados de Rondônia e de muitos outros estados. A votação teve o placar de 224 votos contra 135 e não há data definida para a apreciação da matéria. Essa matéria está em discussão na Câmara dos Deputados desde o ano de 2015 e deve seguir por mais uns anos. A prioridade agora, para os deputados, é a eleição.

DEBATE EM RONDONIA

Ontem aconteceu o debate entre os candidatos Marcos Rogério e Marcos Rocha, na disputa pelo segundo turno em Rondônia. Bem diferente do clima de outros debates realizados no primeiro turno, a situação agora foi mais tensa, com duros ataques de ambas as partes. Por muitas vezes, o senador do PL chamou o atual governador de mentiroso e disse que ele não reúne as condições para governar o estado. Em sua defesa, o coronel Marcos Rocha afirmou que tem dificuldade para se comunicar com o eleitor, pelo fato de nunca ter exercido mandato, antes de ser eleito em 2018. Certamente o governador fez tal declaração porque seu adversário já foi vereador em Ji-Paraná, deputado federal e hoje ocupa uma cadeira no Senado Federal. Marcos Rogério declarou, em determinado momento, que o vice escolhido pelo governador para tentar a reeleição não soube sequer administrar um comércio que possuía e teve a falência decretada. O atual governador declarou que o senador tem atualmente um suplente que ficou rico comprando precatórios.

PROPOSTAS DE GOVERNO

Em geral, tem-se a ideia de que os candidatos que vão a um debate deveriam apresentar exclusivamente suas propostas para resolver os problemas da saúde, educação, segurança, geração de empregos e outros setores que podem melhorar a economia e a qualidade de vida da população. Certamente é isto que também passa pela cabeça da maioria dos eleitores. Entretanto, o inevitável clima de disputa, que contamina os candidatos e seus seguidores, acaba por levar a disputa para o campo de acusações mútuas e isto é uma situação praticamente impossível de ser controlada, embora todos os debates tenham uma regra definida com antecipação. Assim, as propostas ganham lugar secundário e a maior emoção fica mesmo por contas dos ataques. Mesmo assim, o atual governador disse que, em um eventual segundo mandato, dará sequência ao trabalho que fez nos quatro anos. Por sua vez, Marcos Rogério declarou que vai fazer tudo que o atual mandatário não fez e acusou o coronel de ser ter um governo “fake”.

GOVERNADORES DE RONDÔNIA

Pela primeira vez num debate entre candidatos ao governo, os organizadores colocaram os ex-governadores para fazer perguntas que foram respondidas pelos dois candidatos. As perguntas foram feitas por Ivo Cassol, Confúcio Moura, Valdir Raupp e José Bianco. A iniciativa é realmente muito importante, porque são políticos com muita experiência na vida pública, não somente pode terem governado o estado, mas pelo fato de terem exercido outros mandatos importantes. Ivo Cassol foi prefeito de Rolim de Moura e senador; Valdir Raupp foi vereador, senador e prefeito de Rolim de Moura. José Bianco foi deputado estadual, prefeito de Ji-Paraná e senador. Confúcio Moura foi prefeito de Ariquemes, deputado federal e está no mandato de senador há quatro anos. O eleitor pode até criticar todos eles, mas não pode dizer que lhes falta experiência de vida pública. Ao responder a pergunta feita pelo ex-governador Ivo Cassol, o atual governador disse que tem a intenção de convidá-lo para fazer parte do governo. Como ficou fora da disputa desse ano, por problemas com a Justiça Eleitoral, Cassol deve estará pensando mesmo em voltar à disputa pelo governo em 2026, quando estaria livre dos problemas jurídicos.

CABO ELEITORAL

Enquanto os candidatos travam uma guerra pelo cargo de governador, na Capital do Café há uma guerra administrativa que certamente vai tirar o sono do prefeito Adailton Fúria. Assessores próximos ao prefeito disseram à coluna que um servidor do SAAE e fiel cabo eleitoral do prefeito e do deputado eleito Cássio Gois tem feito de tudo, exigindo que Fúria demita o atual presidente da Autarquia de Água do município para nomeá-lo no lugar de Thiago Tezzari, considerado pelo prefeito e pelos vereadores como uma forte pilastra da administração municipal. Ainda segundo os mesmos assessores, a exigência do servidor começou há vários meses e o prefeito teria pedido um tempo para pensar, até após as eleições. Com Cássio eleito e sabendo que o funcionário do SAAE está entre os eleitores do novo deputado, certamente o prefeito não vai ter vida fácil para tomar a decisão. Inclusive o servidor da autarquia é acusado por vários colegas de trabalho de ter obrigado servidores terceirizados a colocarem adesivos de Cássio e da primeira-dama em seus veículos, no primeiro turno das eleições. Como possui a característica de falar pouco, o atual presidente do SAAE não fez nenhuma declaração sobre os fatos.

QUESTÃO DE FIDELIDADE

Nessa confusão criada pelo cabo eleitoral do prefeito, caso Adailton Fúria decida entregar a presidência do SAAE para seu aliado de campanha, com certeza, podemos afirmar quem pode ter o maior prejuízo: os contribuintes que pagam fielmente as contas de água todos os meses. O problema é que está programada para o dia 25 uma licitação que tem como objetivo a instalação de uma nova Estação de Tratamento de água em Cacoal. Os novos investimentos podem beneficiar uma grande parcela da população que sofre muito com os constantes problemas de falta de água, principalmente no período de estiagem, quando vários bairros da cidade enfrentam a crise hídrica, justamente pela falta de investimentos dessa natureza e que podem ser feitos na gestão do atual presidente. Como se trata de uma obra que leva um tempo considerável para ser concluída, uma mudança na chefia do órgão apenas para atender a exigência de um único eleitor poderia ser um grande problema para o consumidor. Resta saber se o prefeito vai atender os fiéis clientes do SAAE ou seu fiel cabo eleitoral.

CHUVAS NA RODOVIÁRIA

As fortes chuvas que caíram esta semana em Cacoal trouxeram à discussão um velho problema. As pessoas que utilizam a rodoviária de Cacoal para trabalhar ou viajar voltaram a ser castigadas pela falta de ação das autoridades. Há mais de 15 anos, vários políticos prometem fazer a sonhada reforma da rodoviária do município, mas, até hoje, tudo ficou na conversa. Imagens gravadas na rodoviária, antes e após as chuvas de terça-feira e sexta-feira, mostram que a situação é caótica e requer medidas concretas e menos conversas de políticos. Goteiras e acúmulo de água em todos os setores do terminal rodoviário evidenciam a realidade. Até as pessoas que dormem ou moram nas calçadas da rodoviária terão que procurar outro lugar, porque este período de inverno intenso promete. Em vídeos gravados nas redes sociais, o prefeito Adailton Fúria disse recentemente que fará a reforma e que a rodoviária de Cacoal se transformada na melhor rodoviária de Rondônia. Esta mesma promessa já foi feita, muitas outras vezes, por prefeitos e deputados de Cacoal. A única certeza neste momento é que o inverno chegou!

CONVERSAS DE VERÃO

As pessoas que moram ou trafegam pela rua Uirapuru, em Cacoal, também devem estar muito preocupadas com as chuvas. No ano passado, e também em anos anteriores, a situação no local era de tragédia. O prefeito, o vice-prefeito, os vereadores e outros aliados da administração municipal foram ao local no período de chuvas de 2021 e fizeram vários vídeos, dizendo que a situação seria resolvida e que “o dinheiro já estava na conta” para realizar a obra. Esse argumento é muito comum entre políticos de Cacoal, quando tentam justificar alguma situação em que a população cobra seus direitos básicos, como é o caso do saneamento. Mas dizer que o dinheiro já está na conta não resolve o problema das pessoas que já tiveram incontáveis prejuízos e tudo indica que este fim de ano e início do novo ano serão de novos problemas. Outro argumento muito utilizado por políticos sobre obras de saneamento é dizer à população que os trabalhos serão feitos, quando as chuvas diminuírem. Sempre que o período chuvoso passa, eles dizem que precisaram fazer novos projetos, porque o anterior “estava errado”, ou porque os preços de matérias aumentaram. O ministro da economia declara toda semana que a economia está bombando e que não existe inflação no país. Enquanto o eleitor é levado na conversa, os problemas da Uirapuru são levados pela correnteza das chuvas.

TRAIÇÃO DA NATUREZA

A chegada das chuvas deve adiar para o próximo verão outras obras importantes no município de Cacoal. Os moradores da rua Mário Quintana, que sofrem há muito tempo com a falta de pavimentação no local, certamente não serão atendidos este ano, mesmo com tantas promessas que receberam. As pontes do Rio Machado e Rio Pirarara também não devem ser concluídas este ano. O Hospital Municipal de Cacoal também está na lista das obras que vão esperar o fim do inverno. E a lista não para por aí. O asfalto prometido em várias ruas do bairro Industrial pelo vereador Magnison Mota até hoje não foi feito, as casinhas do Residencial Vale Verde não têm data para a conclusão. Talvez a população de Cacoal não lembra, mas na lista de obras da cidade também consta um Complexo da Segurança Pública que iria abrigar diversos setores, como identificação, perícia, investigação e outros. É a velha tradição de dizer que “dinheiro está na conta”. E a culpa é dos políticos? Claro que não! É do aumento de preços dos materiais, dos projetos errados, do sol, da chuva, da pandemia… E aquele leitor que dizia que a ponte da BR 364, sobre o Pirarara seria construída durante as chuvas. A chuva chegou e a ponte, com certeza, dirão que não fica pronta por conta da própria chuva. Inércia dos políticos de Cacoal que não sabem cobrar, ou tem coisa por tras disso tudo…

 

PARA REFLETIR

“Se você acha que a competência custa caro, experimente a incompetência. (Miguel Monteiro)

 

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