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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Coluna do Xavier – CACOAL: A POLÍTICA, A RELIGIÃO E O FUTEBOL…

Por Francisco Xavier Gomes

A realização da Copa do Mundo de Futebol, logo após a eleição, servirá para por fim a um clichê antigo e que nunca teve nenhum fundamento. É difícil uma pessoa que ainda não tenha ouvido alguém usar um frágil discurso de que “política, futebol e religião não devem ser discutidos”. Equívoco incomensurável!! A FIFA, instituição que deveria organizar o futebol, é um comitê político de muitos cartolas envolvidos com os mais diversos tipos de conchavos que nada têm a ver com o futebol. E nem precisa falar sobre a CBF, entidade completamente enrolada com rolos políticos, há décadas. Quanto à religião, os cultos que dona Michelle Bolsonaro fez, durante a campanha eleitoral, com a finalidade de expulsar os demônios do Palácio da Alvorada e do Palácio do Planalto mostram claramente o quanto a bíblia é usada em muitas campanhas eleitorais, embora muitos brasileiros agora tentem negar que as orações da pastora Michelle deram certo, felizmente…

Como a Copa do Mundo começa neste fim de semana, o natural em qualquer cidade brasileira seriam concursos para enfeitar as ruas, ornamentações em órgãos públicos e privados, tudo em alusão à Copa do Mundo. Mas isto não tem ocorrido e tudo indica que, mesmo nos dias de jogos do time de Neymar, milhares de brasileiros irão se recusar a vestir a camisa da seleção, que já foi símbolo de união da população até mesmo na Copa de 70, quando Emílio Garrastazu Médici claramente usurpou o título conquistado pela seleção e usou politicamente para tentar mostrar ser boa pessoa. Médici foi, na verdade, um dos maiores excrementos do mundo político da República. Ainda bem que, naquela época, havia atletas como Tostão, que tinha posição clara e sempre contestou a tirania. Infelizmente não se pode falar a mesma coisa de Pelé e Rivelino, que foram excelentes jogadores, apenas dentro de campo, mas eternos bajuladores de regimes neofascistas, como a era Médici. E Neymar segue o caminho político de Pelé, com a diferença que o Edson Arantes nunca teve aquela mania ridícula de cair e ficar rolando, sem ter ocorrido absolutamente nada. O Pelé, político, porém, não faz falta nenhuma aos debates no país, como Neymar…

E as religiões? Este é um capítulo muito particular, porque não podemos, de maneira nenhuma, misturar todas as religiões e todos os líderes religiosos na mesma panela. Há diferenças colossais!!! Primeiro, é necessário lembrar que, no Brasil existem incontáveis denominações religiosas, sendo que a grande maioria é muito séria. Da mesma maneira, a imensa maioria dos líderes religiosos merece respeito, embora muita gente não consiga diferenciá-los, porque a ínfima minoria de lideranças picaretas, infelizmente, possui uma vitrine mais visível. É exatamente essa minoria que está envolvida em palanques eleitorais, faz muito tempo. Existem muitos líderes religiosos que sabem tudo de campanha eleitoral e futebol, mas estão, há vários anos, sem ler um versículo da bíblia. Em Cacoal, os casos dessa natureza são incontáveis, mas vale lembrar que não são a maioria. Nos grupos de redes sociais há pessoas que se dizem pastores pedindo “intervenção militar” no país e “intervenção federal no TSE”. Ambos os pedidos são absurdos e a intervenção federal sequer tem previsão constitucional. A única possibilidade de intervenção é da União nos estados, o que nada tem a ver com as eleições no Brasil. As eleições são realizadas pelo TSE e pelos TRE´s, embora muitos desses extremistas não saibam o que significa isso.

Com relação ao futebol, essa grande quantidade de brasileiros que usam a camisa pirata da Seleção Brasileira é formada por políticos e pseudocristãos. Em todos os locais onde há motins, ocorrem cultos diariamente e a execução de vários hinos. Estranhamente, os que se dizem patriotas não sabem a letra de nenhum dos hinos executados, fato vexatório para quem anda com a bandeira do Brasil nas costas. Entretanto, é lógico que nem todas as pessoas que aderiram ao uniforme amarelo nestas eleições são fanáticas. Claro que não! Há muitas pessoas boas!!  Mesmo com tantos desencontros políticos, religiosos e futebolísticos, ainda é possível pensar num país que abra mão do ódio e volte viver com alegria. Esse momento da Copa do Mundo pode ajudar amenizar os ânimos. Minha sugestão é que a turma de verde e amarelo imprima a letra da canção “Eu te amo, meu Brasil”, da brilhante dupla sertaneja Dom e Ravel, para cantar durante os jogos da Copa. Aliás, esta belíssima canção também foi usurpada por Garrastazu, porque fazer composições de qualidade nunca foi o forte dos militares do Exército Brasileiro, como também não é das atuais duplas supostamente sertanejas…

E já que, nos últimos anos, a política, a religião e o futebol se confundem com uma intensidade jamais vista, a sugestão é a população vestir o verde e amarelo, pegar a bíblia, sentar na sala e realizar vários cultos desses que hoje são realizados em beiras de estradas. Mas será preciso muita oração, para Neymar e cia serem campeões, porque é um time de futebol, com atletas que vivem há anos na Europa, fingem ser cristãos e que sabem pouca coisa sobre o Brasil. Que saudade da Democracia Corintiana, liderada por Sócrates, Wladimir e Casagrande!! Mas os tempos eram outros… Tenho dito!!!

 FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Jornalista

 

 

 

 

 

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