O artigo do pesquisador Raniere Garcez Costa Sousa (Doutor em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo INPA), que teve o apoio do Governo de Rondônia por meio da Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas, Pesquisa e Tecnologia, foi publicado em importante e conceituada revista científica internacional e obteve a classificação Qualis A3 CAPES. O objetivo central da pesquisa foi a comprovação da existência de pirarucus invasores a partir da bacia hidrográfica de Rondônia e posteriormente em outras bacias pelo Brasil.
Natural da Amazônia, o pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do planeta, podendo ultrapassar os três metros de comprimento e pesar em torno de 200 quilos. Nos últimos anos, pescadores têm registrado a presença desse “gigante” com cada vez mais frequência em diversas bacias hidrográficas. A introdução de uma espécie não nativa e que se alimenta principalmente de outros animais aquáticos despertou preocupação dos pesquisadores sobre os impactos nas relações ecológicas e na população local de peixes, estimulando a criação de projetos de pesquisa que investiguem as consequências da presença deste predador amazônico em águas de outras bacias hidrográficas
As espécies exóticas que mais apareceram nos registros foram o pirarucu (Arapaima gigas), nativo da bacia sedimentar, a área baixa da Amazônia, nas águas mais calmas das várzeas, mas potencial invasor nos locais mais altos da bacia.
No caso do pirarucu, exemplares invasores apareceram nos reservatórios das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, na região de Porto Velho, em Rondônia.
Por conta disso, em 2019 a pesca do peixe nessa região foi liberada inclusive no período em que ela é considerada em defeso na bacia sedimentar, quando a captura é restrita para proteger sua fase reprodutiva nas várzeas.
As invasões de espécies constituem uma grande ameaça à biodiversidade e ao ecossistema funcionando em todo o mundo principalmente em regiões como o Brasil, país com maior biodiversidade de água doce.Apesar do Brasil ter um grande e complexa rede de ecossistemas de água doce e ecorregiões, tem poucas proteções para prevenir e controlar invasões de espécies, levantando questões sobre as perspectivas de longo prazo para sua incrível biodiversidade.
Neste contexto, deve-se notar que estudos recentes têm destacado a importância de monitorar e quantificar as introduções. Uma das espécies de peixes mais emblemáticas do Brasil é o pirarucu, com quatro espécies do gênero Arapaima, e o maior peixe de água doce do mundo com escamas, crescendo até três metros de comprimento e 200 kg de peso. Acredita-se que a distribuição nativa do pirarucu inclua a Amazônia e as bacias do Araguaia-Tocantins. Um recorde de exploração pesada pressão iniciada no século XVIII extirpou muitas populações de pirarucu levando Arapaima gigas espécie única até 2013, para ser incluído em muitas listas vermelhas brasileiras e na Lista Vermelha da IUCN.
Entende-se que o pirarucu tornou-se estabelecida em grande parte do território brasileiro, e é reconhecida como promissora espécie para o mercado consumidor. No entanto, ocupa vários corpos de água em uma variedade de bacias de drenagem fora de sua área nativa e, portanto, representa uma grande ameaça à diversidade de espécies de peixes nativos. Este ameaça deve ser evitada a todo custo, mas principalmente através da população controle do pirarucu invasor, se quisermos manter a sustentabilidade estoques de peixes nativos no Brasil para as gerações futuras.
Finalmente, a ignorância ou subestima os riscos da introdução e disseminação intra-país de pirarucu e outras espécies fora de suas áreas nativas influência como nós contabilizamos espécies exóticas e invasões e como percebemos os impactos da presença deles. Isso é especialmente arriscado no caso do pirarucu, dada a ameaças associadas a esta emblemática espécie nativa e seus potenciais impactos sobre a biodiversidade inigualável de um país como o Brasil.
Fonte: Gov/RO