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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Coluna do Xavier – CACOAL: A PAZ, OS QUARTÉIS E O ANO-NOVO…

CACOAL: A PAZ, OS QUARTÉIS E O ANO-NOVO…

A população brasileira terminou este ano muito dividida, e esta situação deve permanecer por muito tempo, porque estamos na última sexta-feira do ano e o clima de Natal não foi suficiente para estabelecer a paz necessária ao Brasil, para o ano vindouro. Nem podemos afirmar com muita ênfase se o país terá paz, porque ainda existem muitas pessoas completamente dominadas pelo ódio, pelo ressentimento, pelo rancor, pela mágoa, pela desinformação… Essas sensações, assim como os quartéis das Forças Armadas, não servem para resolver os incontáveis problemas da nação. O silêncio que se observa nos quartéis onde as pessoas estão acampadas é sintomático e representa muito bem a hierarquia existente nas Forças Armadas, apesar de haver militares que jamais tiveram a essência das Forças Armadas. A quantidade de militares da Marinha, Exército e Aeronáutica que abandonaram os quartéis, a disciplina e a hierarquia para praticar a política partidária evidencia a fragilidade das instituições militares que constituem as Forças Armadas. É fácil compreender as pessoas que abandonaram suas casas e foram morar na frente dos quartéis, porque essas pessoas passaram os últimos anos sendo alimentadas pelo ódio institucional. Mas não dá para entender a conduta das Forças Armadas. Resta saber se os militares voltarão aos quartéis em 2023, ou seguirão nos palanques…

Uma coisa precisa ser exaltada, e isto certamente é o caminho para a paz que se pretende. A inocência das pessoas que se aglomeram em frente aos quartéis nos dias atuais é exatamente a mesma das pessoas que acreditaram que Deodoro da Fonseca falava sério, em 1889. Quatro décadas depois, aparece Getúlio Vargas para dizer, em 1930, que o “comunismo” existia e era uma séria ameaça ao Brasil. Em 1937, as pessoas seguiram acreditando nessa fantasia de Getúlio. Em 1964, outra vez a população brasileira acreditou que os “comunistas” tomariam conta do Brasil. Em 1984, mais uma vez, a ilusão de que o “comunismo” seria instalado no país foi colocada na cabeça de milhões de brasileiros. Quando pensávamos que os delírios haviam chegado ao fim, em 1989, surge novamente a história de que o país deveria se preparar para enfrentar o “comunismo”. A diferença, a única diferença, é que Fernando Collor jamais fora militar, embora sua família tenha sido um dos pilares sociais do golpe de 64. No caso de Deodoro, Getúlio, Castelo Branco, Costa e Silva, Geisel, Médici e Figueiredo, todos eram militares e tinham exatamente o perfil do Marechal Deodoro. Que coincidência, não??? E as coincidências vão além: embora Bolsonaro tenha ficado no Exército apenas oito ou nove anos, milhares de brasileiros o consideram militar. A carreira de Bolsonaro na caserna foi encerrada precocemente, quando ele tentou explodir quartéis na década de 80…

Em 1º de janeiro de 2019, Bolsonaro reacendeu esse papo furado de “combater comunismo”. Há tantas coisas que precisam ser combatidas no Brasil: a fome, a miséria, o preconceito, o racismo, a violência contra a mulher, a destruição ambiental, o analfabetismo, a discriminação… Mas, desde 1889, os militares das Forças Armadas, representados pelos péssimos governantes militares que a nação teve, falam em “combater o comunismo”, que jamais existiu e nunca representou nenhuma ameaça ao Brasil. Aliás, convenhamos: se as Forças Armadas, os governantes militares e seus bajuladores, caso de Collor, estão combatendo o “comunismo” desde 1889, temos uma conclusão absolutamente lógica: Essas pessoas são muito incompetentes ou o comunismo é puro delírio. Ou as duas coisas! No período compreendido entre Deodoro da Fonseca e Jair Bolsonaro, houve apenas três presidentes que não “combateram o comunismo”, os demais 35 fazem isso dia e noite, agora até estimulando inocentes a dormirem em portas de quartéis. Deprimente!

Após o país ter 35, dos 38, presidentes da República “combatendo o comunismo”, chegou a hora de pensar em combater outras coisas: A violência, o desamor, o ódio, o preconceito, a discriminação, o racismo, a destruição ambiental as agressões contra mulheres, as desigualdades sociais, o analfabetismo, a corrupção, o fanatismo, os moinhos de vento… Há muito mais prioridades a serem combatidas. Por que será que muitos governantes e outros brasileiros fecham os olhos para todos esses problemas e querem “combater apenas o comunismo”? A reposta é muito simples: combater aquilo que nunca existiu é muito mais cômodo! Precisamos pensar sobre isso, no ano que se inicia, precisamos acordar e perceber que não podemos ficar mais 130 anos “combatendo o comunismo” e fechando os olhos para os problemas de verdade. Devemos nos preparar para cobrar dos novos governantes do país o combate à fome, o combate à miséria, o combate à desnutrição, o combate aos crimes contra crianças e adolescentes, o combate à poluição na Amazônia… Em 2023, precisamos ter paz, saúde e muita determinação, para combater todos os problemas de verdade e ter a tolerância necessária em relação aos brasileiros que seguirão em portas de quartéis combatendo o comunismo e se escondendo da realidade… Tenho dito!!!!

 

FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Jornalista

 

 

 

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