Por Francisco Xavier Gomes
CACOAL: A METRÓPOLE, AS OBRAS E AS DENÚNCIAS…
A população de Cacoal certamente já está muito acostumada com o forte barulho das redes sociais que, até as eleições de 2016, praticamente não existiam no universo político. Esse barulho, porém, representa o eco de poucas ações práticas e de muita bajulação em torno dos políticos que assumiram o mandato em janeiro de 2021. Todos os dias, o prefeito e os vereadores brigam entre si para dizer que o município tem milhões e milhões de reais para transformar Nossa Urbe Obediana na melhor cidade de Rondônia. Evidentemente que, ao contrário do grande barulho, não existe nenhuma obra de grande repercussão e a metrópole prometida em prosa e verso se resume, até este momento, em denúncias e mais denúncias contra membros do poder legislativo e diversos setores do executivo. Claro que eles vão negar, porque essa tem sido a marca da política obediana, mas os fatos falam por si sós…
As pessoas mais desatentas certamente não se lembram mais que, nos dois primeiros ou três meses da administração, o prefeito de Cacoal reuniu os vereadores e fez um duro discurso contra o governo do estado, dizendo que Cacoal arrecadava, somente com os tributos de IPVA, cerca de 2 bilhões de reais. Seo Antunes batia o pé e declarava que Cacoal exigiria do executivo estadual mais respeito pela cidade e a “justa distribuição dos tributos”. Obviamente que isso nunca passou de puro delírio, mas o discurso foi repetido na tribuna da Câmara de Cacoal pelo vereador Luís Fritz, um dos fiéis escudeiros e uma das principais carpideiras da frágil administração. Somente na cabeça de uma pessoa muito desinformada cabe a ideia de que um município que possui orçamento anual de menos de 400 milhões teria arrecadação de IPVA superior a 2 bilhões. Caso Cacoal tivesse mesmo a arrecadação anunciada pelo prefeito e suas carpideiras, ultrapassaria, facilmente, a capital do estado. O que o município tinha, na prática, no início de 2021, eram diversas obras de pavimentação asfáltica realizadas pela gestão de Glaucione Rodrigues, que acabou fora da disputa eleitoral de 2020, pelas razões já conhecidas e divulgadas pelas mesmas redes sociais que fazem barulho hoje, para comemorar obras da atual administração que nunca aconteceram no município.
E quais são as grandes obras da atual administração? O trenó de Papai Noel, a pintura e compra de alguns móveis para o Hospital Materno Infantil e a inauguração do Hospital da Covid, num prédio que pertence ao Governo de Rondônia. Os cacoalenses mais apaixonados pela administração dirão que é injustiça citar somente essas “obras”, e que a cidade tem hoje inúmeras ruas pavimentadas. Claro que tem! Todas essas ruas e avenidas que receberam asfalto nesses dois anos e meio de administração antunista estão contempladas pelo Programa Tchau, Poeira, uma iniciativa do Governo de Rondônia em todos os municípios do estado. Se Cacoal fosse administrada por Toninho do Jornal, mais conhecido como Toninho Extremista, as mesmas ruas estariam sendo pavimentadas. O resto é apenas barulho de redes sociais. Claro que não sou nenhum entusiasta da gestão de Marcos Rocha, mas não posso ser injusto com ele, no caso do asfalto em Cacoal. Caso o governador de plantão fosse Ivo Cassol, dificilmente os vereadores e o prefeito fariam tanta propaganda política em obras estaduais, porque o Italiano sabia explorar suas ações, coisa que Marcos Rocha nunca conseguiu fazer em Cacoal. Poucas pessoas do município sabem, por exemplo, que existe uma Secretaria Regional de Governo, porque esse setor parou de funcionar, com o falecimento do ex-vereador Celso Adami, infelizmente.
Nessa seara do barulho para transformar Cacoal na metrópole de Rondônia, surgiu também a história da propaganda do café e do cacau, que seriam produzidos para mudar os destinos econômicos do município. Até hoje, não se tem notícia de nenhuma muda dessas plantas distribuídas para os produtores do município e a festa do café e do cacau se resume a um palanque político, armado todo ano com a finalidade de dar parabéns para diversos políticos. Claro que, nesse palanque, os produtores não aparecem como protagonistas e muitos deles ficam embaixo batendo palminhas para os políticos que administram a cidade pelas redes sociais. Enquanto isso, as obras inacabadas ou nunca iniciadas são as mesmas de sempre: a Vila Olímpica, o Hospital Municipal, as obras da Uirapuru, as pontes do Machado e Pirarara, a reforma da rodoviária, a reforma do Feirão do Produtor e várias outras que a população ouve falar desde os tempos em que Franco Vialeto era o prefeito. Agora, mais recentemente, quando Lula anunciou a retomada do programa de construção de moradias, os mesmos políticos se agitaram para fazer barulho nas redes sociais, anunciando as casinhas do Vale Verde como uma grande obra da administração. O palanque de entrega dessas casinhas vai faltar espaço para abrigar tantos demagogos do universo político obediano…
A realidade da metrópole prometida é muito diferente. Todos os dias, surgem denúncias e mais denúncias sobre a administração municipal e sobre os vereadores. São denúncias na saúde, combustíveis, transporte escolar e até a merenda das crianças que tem sido alvo de reclamações diárias de alunos e professores. Para não dizer que não há obras, os vereadores adoram publicar áudios, vídeos e fotos com imagens de máquinas deslocadas para fazer um ou outro serviço em lugares escolhidos a dedo pelos políticos, apenas para fazer propaganda política. Não existe nenhuma programação oficial da Secretaria de Obras ou de Agricultura sobre um calendário de ações. E mesmo que existisse, não teria seguimento, porque os vereadores batem o pé para atender apenas os setores que eles chamam de curral eleitoral na tribuna da Casa de Leis. Enquanto isso, vamos vivendo das redes sociais, agindo como rêmoras, e esperando que a cidade seja transformada em uma metrópole com as ações do Tchau, Poeira, de Marcos Rocha. Nas redes sociais, todavia, Cacoal vai deixando Dubai na poeira… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista