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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Coluna do Xavier – CACOAL:  A HISTÓRIA, OS MANDATOS E A IDIOSSINCRASIA…

Por Francisco Xavier Gomes

 

CACOAL:  A HISTÓRIA, OS MANDATOS E A IDIOSSINCRASIA…

 

A população de Rondônia viveu momentos de muitas expectativas, de muita tensão e de inúmeras promessas vazias, nos últimos anos, embora grande parte das pessoas tenha interesse em não lembrar da cronologia dos fatos. Isso acontece porque, na cabeça de muitos eleitores, está cristalizada a ideia de que políticos devem ser tratados como bandidos, durante a campanha, e como heróis e ídolos, após a eleição. Logicamente que as concepções mudam muito, a depender dos resultados das urnas e dos anseios umbilicais e idiossincráticos que se materializam durante todo o período pós-urnas, tanto na cabeça dos políticos, como na cabeça dos eleitores. Na prática, infelizmente, acaba sempre por prevalecer a idiossincrasia política, as prebendas e sinecuras que transformaram a Cacoal de 2021 na Nova Cassilândia de 1976 ou de 1977, e até mesmo a Cacoal dos anos 80 e 90…

No caso dos mandatos regionais, as promessas e os discursos de 1990, e posteriores, são exatamente os mesmos de 2022, embora o eleitor, apaixonado que é pelos políticos, não tenha percebido.  Então, analisemos! Os políticos que disputaram a eleição em 1990 prometiam transformar Rondônia em um lugar de geração de empregos, um lugar moderno, com escolas de qualidade, com saúde de qualidade, com segurança pública e com a produção agrícola mais forte do Brasil. Eles foram eleitos e praticamente nada mudou, em muitos setores. Basta observar que a maioria das escolas que existem hoje em Rondônia foram construídas ainda nos governos de Humberto da Silva Guedes e Jorge Teixeira. O João Paulo II foi inaugurado em 1984, por Jorge Teixeira, e depois reinaugurado, por Jerônimo Santana, em 1990. O Hospital de Base Ary Pinheiro, em Porto-Velho, foi inaugurado em 1983, quando o governador ainda era Jorge Teixeira. É necessário perceber, e muitas pessoas não percebem, que quando essas unidades foram inauguradas, Rondônia ainda não tinha um milhão de habitantes. Hoje, embora o último Censo do IBGE seja objeto de muitas contestações, o estado tem cerca de 1,6 milhão de habitantes. E quais são os principais hospitais? Os mesmos da década de 80. Isso é sintomático…

Uma análise sobre os mandatos mirins em Cacoal vai mostrar exatamente as mesmas proporções dos fatos. Desde que Josino Brito deixou o cargo, as promessas dos políticos são sempre as mesmas. Na última eleição, ocorrida em 2020, os candidatos a prefeitos prometeram transformar Cacoal na melhor cidade de Rondônia. Até o “Corujão do SUS” foi prometido. Segundo o atual prefeito, haveria na cidade todos os tipos de exames e até mesmo na madruga as pessoas poderiam agendar exames. Hoje o PAM tem problemas até mesmo para garantir a limpeza do hospital, porque faltam zeladoras. Isso sem falar em medicamentos básicos… O período de recesso escolar do meio do ano foi antecipado, porque não havia merenda nas escolas, nem ônibus para transportar os alunos. No quesito segurança pública, os totens que o governo de Rondônia instalou no município para a vigilância eletrônica foram instalados exatamente nos lugares onde existem centenas de câmeras das empresas, que já foram usadas muitas vezes para esclarecer diversos fatos. Enquanto isso, as pessoas que moram nos bairros mais distantes continuam reclamando da ação de meliantes.

Muitas pessoas não lembram, mas, em 2020, centenas de candidatos a vereadores prometeram “trazer indústrias para Cacoal”, “gerar empregos”, “construir escolas”, “construir hospitais”, “contratar ônibus novos para os alunos”, “garantir o atendimento nas unidades de saúde”. Bom, praticamente todas essas promessas não têm absolutamente nada a ver com mandatos de vereadores, e todo mundo sabe disso. Mas foram promessas. Criaram expectativas. Alimentaram ilusões… Até hoje, na prática, a Câmara de Cacoal não deu conta sequer de atualizar o Regimento Interno, criado no mesmo ano de inauguração do Hospital de Base, também não atualizou nem a Lei Orgânica do Município, que tem o mesmo texto, desde o tempo que Valdir Raupp foi eleito governador, em 1990. É por isso que Cacoal tem inúmeros problemas até mesmo para eleger os membros da Mesa Diretora. O leitor já experimentou perguntar aos vereadores quais foram os principais projetos elaborados e aprovados por eles para melhorar a saúde e a educação? Pergunte! Hoje os principais “projetos” que a Câmara de Cacoal discute são: transformar Cacoal no polo brasileiro de cacau; criar o auxilio alimentação para os vereadores e aumentar o número de cadeiras para a eleição de 2024. Claro que, no próximo ano, muitos vereadores vão prometer novamente “trazer indústrias” para Cacoal e vão prometer bilhões de reais para investimentos na agricultura. E não se surpreenda o eleitor, se ouvir no próximo ano a promessa do “Corujão do SUS II” …

E por que esses fenômenos se repetem? Porque os políticos atuais possuem a mesma mentalidade da época da criação do estado, e muitos eleitores votam com as mesmas “convicções” de 1982. O que vale, para muitos eleitores, é que algum político arrume uma “portaria”; que alguns deles tenham contratos com prefeitura ou Câmara Municipal e que os políticos eleitos em 2020 façam muitas lives. Em 2020, muitas pessoas foram para as ruas dizer que Cacoal não precisava de deputados, bastava eleger o prefeito. Lembra disso, (e) leitor? Pois, é! Quando não havia nenhum deputado, não teve nenhuma UTI fechada no Hospital Regional. E dada a realidade de Nossa Urbe Obediana, vai chegar o dia em que os eleitores dirão que Cacoal não precisa eleger prefeito, vereadores e que nem precisa ter o Ministério Público na cidade, porque a essência política e administrativa da cidade será a idiossincrasia… Tenho dito!!

 

 FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista

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