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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Coluna do Xavier – CACOAL:  A INDEPENDÊNCIA, OS VEREADORES E PEDRO AMÉRICO…

*Por Francisco Xavier Gomes

CACOAL:  A INDEPENDÊNCIA, OS VEREADORES E PEDRO AMÉRICO…

O feriado de Sete de Setembro parou o país inteiro, no dia de ontem, e Nossa Urbe Obediana não ficou para trás. Muitas pessoas se movimentaram para ver o desfile no centro da cidade. Embora muitos de nossos políticos estejam, há décadas, distantes dos livros e desconheçam completamente os fatores que culminaram com a Independência do Brasil, a população ainda se anima para enfrentar o calor de setembro e bater palmas para todos os políticos que se vestem a caráter para o desfile. O grande problema, nesse cenário, é que praticamente toda a população obediana comemora de maneira muito efusiva a independência do país, mas fecha os olhos para a independência de Cacoal, principalmente para a independência dos poderes municipais atualmente envolvidos em conflitos intermináveis, exatamente pela falta de independência. Assim, talvez seria mais prudente acreditar que a Independência de Cacoal está melhor caracterizada na tela do paraibano Pedro Américo, produzida quase 70 anos depois que a austríaca Maria Leopoldina decretou a Independência do Brasil…

Nas redes sociais, porém, muitos “patriotas” de Cacoal se limitaram a comparar o público que compareceu à Explanada dos Ministérios este ano e nos anos em que Seo Jair esteve no cargo presidencial. Grande equívoco fazer tal comparação, porque a marca tradicional dos desfiles em Brasília, durante décadas, era justamente um número reduzido de populares. Os desfiles de sete de setembro, na capital brasileira, são tipicamente militares. Esse oba-oba que envolve a plebe ignara começou mesmo em 2019. No caso dos municípios provincianos, como ocorre em Rondônia, a tradição são os desfiles escolares, com destaque para cidades como Guajará-Mirim e Porto-Velho, nas quais estes eventos duram uma semana. Mas não podemos ignorar os desfiles em Nossa Urbe Obendiana, não obstante as caraterísticas e motivações. Aliás, seria fantástico que os desfiles da independência na Capital do café resgatassem os verdadeiros fatores e motivos dos tempos imperiais. Todavia, isto é um fenômeno que também ficará por conta de Pedro Américo ou, quem sabe, Geise Emiliana…

A história, porém, é muito curiosa, visto que André Mendonça, o ministro terrivelmente evangélico, incorporou a esposa de Dom Pedro I e decretou a Independência da Câmara de Cacoal, em 21 de agosto de 2023. Contestado pelos procuradores do legislativo municipal, que colocaram na cabeça do ex-presidente, Magnison Mota, a ideia de que a Câmara de Cacoal é quem decide sobre a vigência de decisões do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça decretou, pela segunda vez, a Independência do Legislativo Obediano, desta vez, em 6 de setembro, justamente às vésperas dos desfiles em Cacoal. Comparando os fatos, pode-se dizer que os vereadores amotinados e os procuradores agiram como as tropas portuguesas; enquanto o ministro André Mendonça foi nossa Maria Quitéria, com matizes de Dom Pedro I. Não que o ministro tenha a valentia da baiana Maria Quitéria, mas porque ele também se irritou com a rebeldia das “tropas portuguesas de Cacoal”. Mendonça outorgou ao vereador Corazinho o título de Imperador Obediano. É realmente surreal e, neste caso, Pedro Américo foi quase ofuscado pela caneta ministerial, já que o Surrealismo é coisa do século XX…

E para domesticar os exemplos e coincidências, a Guarda Real, pintada na fantástica tela de Pedro Américo, simplesmente não existia, quando Dom Pedro I fez uma parada estratégica para defecar, em função de forte diarreia, e foi informado que Maria Leopoldina havia decretado e Independência do Brasil, cinco dias antes. No caso de Cacoal, a Guarda Municipal Kapichana ainda não existe nem em telas pintadas pelos estudantes da rede municipal e, provavelmente, vai ter que esperar o surgimento de outro Pedro Américo, para se materializar. Além disso, quando o Brasil decretou a independência, os portugueses exigiram dois milhões de libras esterlinas, como pagamento pelos favores e benefícios que fizeram ao Brasil. Como não tinha o dinheiro, o Brasil pediu emprestado à Inglaterra. Foi assim que começou a dívida externa brasileira. Em Cacoal, é pouco provável que Seo Antunes aceite a “Independência dos Vereadores”. Neste caso, quando ele exigir a devolução dos favores que fez aos edis obedianos, eles terão que recorrer a algum agiota local, porque os ingleses dificilmente vão querer entrar em conflito com o grupo político antunista…

Nessa confusão toda, o movimento do Grito do Excluídos acabou excluído dos desfiles em Cacoal. Tão tradicional nos fechamentos de desfiles de sete de setembro, em milhares de cidades brasileiras, o Grito dos Excluídos findou preterido pelo poder eclesiástico obediano, que exerce forte influência no município, como fizeram os ingleses com o Brasil durante todo o século XIX. Em tempos de fura-fila em Cacoal, era mesmo previsível que os excluídos não tivessem espaço. Assim, eles terão que gritar contra a exclusão nas filas do PAM, do HEURO e do Hospital Regional de Cacoal, até que Maria Quitéria renasça para liderar a insurgência contra o antunismo e rochismo rondonienses. E assim como a Independência do Brasil, até hoje, depende dos banqueiros nacionais, a Independência do Vereadores de Cacoal pode se tornar dependente de André Mendonça até outubro de 2024. A outra opção seria Corazinho apelar para a brilhante artista plástica Geise Emiliana, e encomendar uma tela alusiva à Independência de Cacoal Tenho dito!!!

 

*FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista

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