O estado de Rondônia é atualmente conhecido como um dos principais redutos do bolsonarismo no Brasil, e não há nenhuma cidade que seja exceção. Esse fenômeno epistemológico é absolutamente natural e perfeitamente compreensível, porque nosso estado é muito novo, provinciano e resultante de um processo sociológico que deve ser compreendido pela população e que deveria ser estudado por instituições como Unicamp, USP entre outras. Diversos fatores estão relacionados com esse sentimento de ódio, indiferença, desinformação e ira que se abateu sobre Rondônia e muitos outros estados brasileiros. Evidentemente que Cacoal não poderia ser diferente, porque Nossa Urbe Obediana está inserida no contexto social do estado e do país, e isso é muito natural. Esse fenômeno curioso leva grande parcela da população rondoniense para uma linha de pensamento em que as pessoas se veem praticamente obrigadas a negar o óbvio, na tentativa de alimentar um sentimento volátil, apenas para cumprir a liturgia de odiar, por odiar, coisas pessoas fatos e lugares que jamais conheceram, sem que haja nenhuma razão plausível…
O cenário político de Rondônia, e de Cacoal, não poderia ser diferente. Apenas para citar um fato, observe o leitor o esforço colossal que fazem os vereadores, deputados e prefeito de Cacoal para negar os benefícios que o governo Lula tem concedido para o município. Nossos políticos praticam um malabarismo de oratória sem precedentes para tentar esconder os fatos. É muito curioso, nisso tudo, o fato de se constatar que o próprio PT do município evita, a todo custo, dizer que Lula tem encaminhado inúmeros benefícios à terra de Anísio Serrão. Ora, meus amigos, qual o problema que existe em reconhecer o óbvio? Nenhum! Qual o problema que existe em aceitar que, sem Lula e seu governo, as 300 casinhas em fase de conclusão no município entrariam para a lista de obras abandonadas na cidade? Qual o problema em admitir que foi o governo Lula que concedeu a todas as famílias de baixa renda do Brasil, incluindo-se Cacoal, claro, o benefício de quitar a casa popular gratuitamente? Qual o problema em dizer que os recursos da merenda escolar dos alunos aumentaram a partir desse ano? Qual o problema em saber que o atual governo brasileiro trabalha para construir em Guajará-Mirim a maior ponte do estado de Rondônia, que vai ligar Brasil e Bolívia? Qual o problema em dizer que o governo Lula discute duplicar a BR-364? Qual o problema em admitir que o governo Lula cadastrou diversos projetos que vão beneficiar Cacoal e toda a população, inclusive com a construção de quase mil casas populares? Não há nenhuma razão para negar esses fatos apenas para conservar o ódio…
Agora, vamos ao oposto: Qual é o problema que existe em se constatar que Cacoal é uma cidade com uma parcela gigantesca de pessoas que admiram, idolatram e entronizam o ex-presidente Bolsonaro? Absolutamente nenhum problema! Na lista de pessoas que gosto muito em Cacoal, há uma quantidade incontável de eleitores que votaram em Jair Bolsonaro. É meu dever, como brasileiro, respeitar essas pessoas. Negar a popularidade de Bolsonaro em todos os rincões de Rondônia e Cacoal é a mesma coisa que negar que o rio Machado corre de Pimenta Bueno para Ji-Paraná. Negar que foi o governo Lula que resolveu e encaminhou a retomada das obras das casinhas do Vale Verde é um exercício de desonestidade intelectual. Negar que as pessoas com renda até dois salários mínimos, e que vivem em casas populares dos programas sociais, terão suas casas quitadas é uma grande bobagem. E não se trata de nenhum favor! Os programas sociais estão todos previstos no Art. 3º da Constituição Federal, desde 1988. É dever de todos os governos manter e ampliar os programas sociais, assim como é um direito das famílias de baixa renda serem assistidas. Os políticos e a população cacoalense não têm nenhuma obrigação de amar Lula e de votar em Lula, mas fingir que os fatos não existem é impossível…
Observem os vereadores, especialmente os vereadores controlados politicamente pelo prefeito. Quando acontece na cidade um arrancadão de carros ou motos, que não beneficia nenhuma das pessoas que vão morar nas 300 casinhas, os vereadores passam uma semana dando parabéns ao prefeito; quando cai uma chuva que agrada os produtores rurais, os vereadores passam uma semana dando parabéns ao prefeito; quando o prefeito anuncia que a obra das casinhas vai ser concluída, os vereadores passam uma semana dando parabéns ao prefeito, mesmo sabendo que foi o governo Lula que teve a iniciativa. Aliás, Lula disse, durante a campanha inteira, que, eleito, traria de volta o programa “Minha Casa, Minha Vida”. E trouxe! É tolice dizer outra coisa! E por que os vereadores, secretários e o prefeito têm vergonha de dizer que foi o governo Lula? Porque os vereadores, secretários e o prefeito são vítimas dessa onda que obriga todo mundo a odiar Lula e o petismo. Os vereadores têm medo de dizer que Lula quer construir 900 casas populares em Cacoal, porque isso “desagrada” seus eleitores. Ora, minha gente! Respeitar todos os votos que Jair Bolsonaro teve em Rondônia e Cacoal é dever de todos nós. Mas não se pode negar os benefícios que Lula e seu governo trazem para o município. O regime democrático permite a todos que desejarem odiar Lula por mil anos, mas o mesmo regime democrático bate à nossa porta, todos os dias, para impedir que tapemos o sol com a peneira…
Finalmente, e não menos estranho, é que o PT de Cacoal nunca fez nenhuma propaganda para dizer à cidade que foi o governo Lula que determinou a conclusão da obra das 300 casinhas, que as pessoas de baixa renda não precisam mais pagar as parcelas das casas e que o PT cadastrou o município para construir mais 900 casas. E se fosse o prefeito, o PT também deveria admitir. O bolsonarismo e o petismo são legados do sistema democrático que estão enraizados no Brasil; assim como o cacoalismo é um direito sagrado de todas as pessoas que habitam este município. Negar esses três fenômenos sociológicos é fingir que moramos em Marte. Essa é a realidade política, cultural, sociológica e epistemológica de Nossa Urbe Obediana. Para ser bem franco, o petismo, o bolsonarismo e o cacoalismo são sentimentos absolutamente autênticos; mas o cinismo e a hipocrisia são abomináveis… Tenho dito!!!
(FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista)
