Com a posse do presidente Lula e retorno das invasões de terras no país, deputados estão tentando, por meio de projetos de lei e requerimentos, reduzir os estragos. As iniciativas protocoladas na Câmara vão desde pedidos de informações sobre ações concretas que o governo está adotando para impedir a prática criminosa até um projeto para incluir a invasão armada na Lei de Terrorismo.
Áreas produtivas, da indústria de celulose Suzano, foram invadidas na Bahia. Durante o Carnaval, houve invasões de diversas propriedades no oeste de São Paulo. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Frente Nacional de Luta (FNL) são os principais grupos que agem na invasão de propriedades privadas.
Uma das iniciativas é do deputado baiano Capitão Alden (PL), que propõe caracterizar “como ato de terrorismo a invasão armada de terras particulares, terrenos, lotes, casa ou imóvel rural, com intensão de ser o futuro proprietário, praticada com violência ou grave ameaça, mediante concurso de mais de duas pessoas”.
Na justificativa, o deputado cita as recentes invasões na Bahia e afirma que grupos armados, sob o argumento de “invasão de terras improdutivas”, passaram a adotar atitudes criminosas e terroristas.
“As situações narradas no caso específico caminham para a possível prática dos crimes de estelionato, latrocínio, terrorismo e crime organizado”, escreveu. Ele também afirma ter recebido denúncias de cobrança de “mensalidade dos proprietários”, ou seja, uma espécie de extorsão para não invadir as áreas. Segundo Alden, povos indígenas do sul da Bahia estariam sendo usados nesses crimes.
Marcos Polon (PL-MS) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apresentaram projetos semelhantes entre si, prevendo impedimentos para quem invadir terras. Na proposta de Polon, o invasor fica proibido de receber benefícios de programas sociais do governo federal e de tomar posse em cargo público.
Mais abrangente, o projeto de Eduardo também impede o invasor de participar de concursos públicos federais, de ser nomeado para cargos públicos comissionados, de contratar com o poder público federal, e não de se matricular em estabelecimentos oficiais de ensino.
Na justificativa, o parlamentar lembra que no governo passado, de Jair Bolsonaro, o Incra registrou 24 invasões de terra, contra mais de 2,5 mil no governo de Fernando Henrique Cardoso, mais de 2 mil nos dois governos de Lula e mais de mil nos seis anos de Dilma Rousseff.
Quais providências o governo está adotando
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) protocolou pedido de informações ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Ela quer saber que providências o governo está tomando para coibir as invasões, qual a posição sobre a invasão de terras produtivas, como as da indústria de celulose, que foram invadidas na Bahia, e se há procedimentos instaurados para investigar as invasões.
Pedido semelhante fez o deputado Zé Trovão (PL-SC). “Para garantir que o setor agropecuário possa avançar com segurança, gerando emprego, renda e alimento na mesa da população, requeremos que o governo federal informe quais as atitudes tomadas contra as invasões de terra no Brasil”, justificou.
O deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) apresentou requerimento propondo a criação de uma comissão externa para “fiscalizar e verificar a motivação, as causas e as consequências das invasões em propriedades rurais privadas pelo MST, ou grupos correlatos, nos diversos Estados Brasileiros”. O pedido destaca a falta de punição adequada aos atos ilegais e criminosos.
fonte:Revista Oeste