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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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Idosos e crianças fazem parte do grupos de risco para dengue grave

De acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, os grupos de risco de dengue grave incluem indivíduos que já lidam com alterações no sangue ou têm o sistema imunológico enfraquecido.
©Shutterstock

Dados do Ministério da Saúde divulgados na quinta-feira (15) mostram que o Brasil passou a marca de meio milhão de casos de dengue, com 532.921 pessoas possivelmente infectadas pelo mosquito Aedes aegypti.

A evolução dos casos e agravamento da doença dependem de uma série de fatores. Enquanto a dengue comum costuma ser autolimitada e pode ser controlada com tratamento para aliviar os sintomas, o tipo mais grave da doença, conhecida popularmente como dengue hemorrágica –embora não necessariamente a pessoa apresente sangramento visível– , requer intervenção médica imediata e, em alguns casos, cuidados intensivos para prevenir complicações fatais.

É comum que, no primeiro momento, os sintomas da dengue convencional e grave sejam os mesmos, como febre, dor no corpo, dor de cabeça e atrás dos olhos, explica Filipe Piastrelli, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O momento de maior chance de desenvolvimento das formas graves é quando a febre começa a desaparecer.

“Depois de quatro ou cinco dias a partir do início dos sintomas: é aí que o paciente tem que ficar atento para sinais de alarme como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, hipotensão postural [queda súbita na pressão arterial quando o indivíduo se levanta ao estar sentado ou deitado] e possíveis sangramentos”, diz Piastrelli.

De acordo com o Instituto Butantan, em caso de apresentação dos sintomas acima, deve-se procurar atendimento médico urgente, pois o período que compreende de 24h a 48h posteriores é determinante para evitar complicações e morte.

Grupos de risco

De acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, os grupos de risco de dengue grave incluem indivíduos que já lidam com alterações no sangue ou têm o sistema imunológico enfraquecido, como:
– Idosos;
– Crianças de até 2 anos;
– Gestantes;
– Diabéticos;
– Hipertensos;
– Pessoas com problemas cardiovasculares e/ou respiratórios;
– Indivíduos com algum problema de neoplasia (como linfomas e leucemia).

A maior probabilidade de acontecer infecções de formas graves da dengue, diz Filipe Piastrelli, é a partir da segunda infecção. Isso acontece porque existem quatro sorotipos do vírus da dengue.

Só é possível ter infecção por cada subtipo apenas uma vez na vida, depois cria-se uma imunidade permanente para esse subtipo. Porém, essa imunidade não se transfere para os outros três.

Em uma segunda infecção pelo vírus, há uma potencialização da resposta inflamatória. Na tentativa do sistema imune da pessoa controlar a infecção, ele produz uma resposta exagerada que contribui para a evolução mais acelerada da gravidade da doença.

O médico explica, contudo, que isso não é uma ciência exata. Não significa que uma pessoa no primeiro episódio de dengue não possa ter um quadro mais severo e não necessariamente uma segunda infecção será sempre grave.

Como tratar um paciente grave

No que diz respeito à prevenção, Álvaro Furtado, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) comenta que os cuidados dos grupos de risco devem ser os mesmos da população, como uso de repelentes adequados, cuidar da casa para evitar criadouros e buscar um serviço de emergência em caso de complicações.

O tratamento precisa ser de acordo com a gravidade do quadro. A hidratação é fundamental e os medicamentos devem ser usados de maneira individualizada, com acompanhamento médico, afirma Silvio Bertin, infectologista do Hospital Japonês Santa Cruz.

“Hoje não temos um tratamento antiviral específico para dengue. E grupos específicos, como pacientes portadores de insuficiência cardíaca ou insuficiência renal, precisam de uma orientação individualizada, pois não podem receber grandes volumes de líquido no dia por conta das doenças de base. Pessoas que fazem o uso regular do AAS [aspirina] também precisam sinalizar isso ao médico”, explica o coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Pacientes que já têm uma predisposição precisam, assim como com outras doenças –como a Covid– , cuidar da doença de base. “Por exemplo, um paciente diabético que não controla direito a doença, quando infectado, tem a tendência de piorar o quadro da dengue, ele vai discompensar”, esclarece Bertin.

Fonte: FOLHAPRESS

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