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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Primeira cooperativa indígena de Rondônia, Coopaiter demonstra a força e a organização do povo Paiter Suruí

Café e castanha-do-Brasil estão entre os principais produtos da Coopaiter

Cooperativa de Produção do Povo Indígena Paiter Suruí, a Coopaiter está localizada na Amazônia Brasileira, dentro da Terra Indígena Sete de Setembro, em uma região fronteiriça entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Primeira cooperativa indígena do estado de Rondônia reconhecida com o Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf), em 2021 a Coopaiter conquistou o direito de comercializar seus produtos em todo o território nacional e internacional. De lá pra cá, a cooperativa tem registrado uma evolução constante, ampliando a sua atuação e conquistando cada vez mais espaço.

Atualmente, a cooperativa indígena reúne 240 cooperados, representando aproximadamente 120 famílias, de 13 aldeias principais, sendo elas, em Rondônia, a Aldeia Linha 8,  Aldeia Pin Paiter Linha 9, Aldeia Central Linha 10, Aldeias Joaquim e Amaral, da Linha 11, Aldeia Nabekodabadakiba Linha 12, Aldeias Placa e Gamir, da Linha 14, Aldeia Kabaney Linha 15, Aldeias Betel e Gasere, do Pacarana, e as aldeias Aldeia Apoena Meireles e Sete de Setembro no estado do Mato Grosso.

Os indígenas da etnia Paiter Suruí estão produzindo café especial, do tipo Robusta Amazônico

Juntos, os Paiter Suruí associados à Coopaiter foram responsáveis, em 2023, pela produção de seis mil toneladas de castanha-do-Brasil, duas mil sacas de café especial, do tipo Robusta Amazônico, e 54 mil quilos de banana. Estes são os principais produtos produzidos e comercializados pela cooperativa e responsáveis por tornar a Coopaiter uma referência mundial em cooperativismo indígena. Criada em 2017, inclusive, a Coopaiter se tornou a primeira cooperativa exclusivamente indígena com atuação multiprodutiva.

“A cooperativa teve início com a missão de organizar a produção e agregar valor aos produtos do Povo Paiter Suruí.  Hoje temos um contrato importante com a empresa 3 Corações, referência nacional no setor do café, por meio do Projeto Tribos, onde chegamos a fornecer 1.300 sacas de café por ano. Temos também a Agroindústria da Castanha, na sede da cooperativa no Distrito do Riozinho (Cacoal-RO), onde fazemos o beneficiamento da castanha-do-Brasil que é coletada nas aldeias e quando chega à agroindústria, tudo é processado e depois embalado à vácuo, ressaltando a nossa identidade indígena em sua embalagem”, conta a gerente de Produção da Coopaiter, Elisângela Dell-Armelina Suruí.

Hoje bem mais estruturada do que no início das suas atividades, a Coopaiter vem agregando cada vez mais cooperados, sempre garantindo a oferta de produtos de qualidade, produzidos exclusivamente pelo Povo Paiter Suruí. A cooperativa tem como foco principal a sustentabilidade da produção e o manejo adequado dos recursos naturais à disposição da comunidade indígena.

Além do conhecimento na produção e na colheita, a Coopaiter também tem buscado investir sua atenção na capacitação dos seus cooperados, incentivando a busca por conhecimento nas mais diversas áreas, como Gestão, Tecnologia e Inovação. Outro incentivo é na participação de jovens e mulheres, que hoje representam, respectivamente, 38% e 40% dos cooperados da Coopaiter.

Ao longo da sua trajetória, a cooperativa indígena tem celebrado parcerias com diversas instituições, entre eles a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater RO), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae RO), a Forest Trends, a Apex Brasil e o Sistema OCB – Organização das Cooperativas do Brasil.

“A Coopaiter é a primeira cooperativa inscrita na OCB e ela tem se estruturado graças às parcerias. A própria OCB, através do Sescoop Rondônia, por meio do projeto RondonCoop, apoia bastante a nossa cooperativa na sua prática de gestão, com capacitações, formação e também nos ajuda a superar qualquer dificuldade”, relata Naraymi Suruí, presidente da Coopaiter.

A Coopaiter conta com uma Agroindústria da Castanha, na sede da cooperativa no Distrito do Riozinho

O Sescoop, citato por Naraymi, refere-se ao Serviço Nacional de Aprendizagem ao Cooperativismo, do Sistema OCB, que busca acompanhar de perto as cooperativas brasileiras oferecendo soluções para a sustentabilidade de cada negócio. Junto à Coopaiter, conforme pontuou Narayami Suruí, a OCB Rondônia tem contribuído sobremaneira com a gestão da cooperativa, com foco na formação profissional e na promoção social da Coopaiter e da comunidade a qual ela representa, apoiando assim tanto os seus objetivos econômicos, quanto sociais.

“Dentro do portifólio de serviços do Sistema OCB, temos um programa chamado RondonCoop Agro que tem como proposta o desenvolvimento das cooperativas da agricultura familiar do estado de Rondônia, no qual a Coopaiter está inserida. Este programa visa trabalhar cinco pilares, desde a organização, quadro social, gestão, comercialização, verticalização e mercado”, explica o superintendente do Sistema OCB/RO, Uiliame da Silva Ramos.

Além de elaborar um diagnóstico situacional para as cooperativas, por meio do RondonCoop Agro, a OCB apresenta planos de ação para sanar qualquer deficiência que tenha sido diagnosticada e propõe soluções de gestão assistida, pontuando as ações prioritárias em prol das cooperativas registradas.

“Pra gente é um orgulho ter, dentro da OCB, uma cooperativa indígena, ter a primeira cooperativa indígena registrada na OCB Rondônia. É um orgulho ver que tem uma cooperativa indígena estruturada e produzindo, dentro da nossa Amazônia”, celebra Uiliame Ramos.

Agora, a Coopaiter busca mostrar para o mundo a força do cooperativismo indígena e a qualidade dos produtos fruto da agricultura do Povo Paiter Suruí. Em setembro de 2023, em parceria com o Sebrae RO, a OCB, o Sescoop/RO, o Fundo Casa e a Apex Brasil, a cooperativa participou da feira internacional Expo East 2023, realizada na Filadélfia, nos Estados Unidos. No pavilhão brasileiro “Espaço Amazônia”, a Coopaiter teve a oportunidade de apresentar ao mundo um pouco da sua produção. Ou seja, mesmo sendo uma cooperativa ainda sem grandes recursos financeiros, a Coopaiter soube articular ações e parcerias que a colocaram em uma rota de sucesso.

Elisângela Dell Armelina Surui – gerente de produção e comercialização, Tomé Suruí – diretor financeiro e Naraymi Surui – presidente, representaram a Coopaiter em feira internacional realizada nos Estados Unidos

“Para nós, da Coopaiter, é um dos sonhos que está se realizando. A gente está levando para o mundo a nossa produção, nesse caso a castanha, que é um produto originário do nosso povo, é cultural. Então levar esse produto para conhecimento de outro país, um país com grande representatividade no mundo todo, poder chegar com um produto original do nosso povo, produzido por nós mesmos, isso é uma parte do sonho realizado”, celebrou Elizângela Suruí, naquela oportunidade.

(Por Giliane Perin – Tribuna Popular/ Fotos: Coopaiter)

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