OPERAÇÃO EM JIPA
Na última segunda-feira, uma nova operação policial realizada em Ji-Paraná, afastou novamente do cargo o prefeito Isaú Fonseca, o vereador Negão do Isaú (filho do prefeito), o Procurador-Geral do município e outros dois vereadores, além de diversos servidores públicos. A operação também cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em desfavor dos agentes públicos. Eles são acusados de participarem de uma ampla rede de delitos administrativos no município de Ji-Paraná. No ano passado, o prefeito e outros agentes públicos já tinham sido afastados, por decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia, acusados da prática de corrupção, mas conseguiram voltar aos cargos após recursos ajuizados nos tribunais superiores em Brasília. Assim, o principal município do interior de Rondônia vive uma situação de grande instabilidade política e não se pode afirmar como vai acabar a situação das pessoas afastadas. Certamente, a ação policial vai causar um forte abalo na imagem dos políticos de Ji-Paraná e isto vai impactar diretamente nas eleições municipais deste ano.
CASO DE POLÍCIA
O estado de Rondônia passou a ter tradição no afastamento de prefeitos e outros políticos acusados de corrupção. Não há dados oficiais que comprovem, mas é muito provável que nos últimos três ou quatro anos, nosso estado esteja atrás apenas do estado de Santa Catarina, visto que o estado do Sul teve cerca de 20 prefeitos presos e afastados do mandato por acusação de corrupção. No caso de Rondônia, os municípios de São Miguel do Guaporé, Rolim de Moura, Cacoal, Guajará-Mirim, Candeias do Jamari já viveram a situação de terem prefeitos afastados entre 2020 e 2024. É uma situação realmente lamentável, porque os eleitores vão às urnas e escolhem os políticos que devem ter a missão de conduzir os destinos dos municípios e buscar os meios para tornar melhor a vida da população. Entretanto, os constantes escândalos de corrupção envolvendo prefeitos deixa a impressão de que a política, em muitos municípios, virou mesmo um caso de polícia. Como este ano haverá eleições municipais, vamos esperar que os eleitores compareçam às urnas para fazer melhores escolhas, porque a situação tem sido muito complicada.
ENCHENTES EM CACOAL
O município de Cacoal viveu, na semana passada, mas um drama provocado pelas fortes chuvas que caíram na região. Os rios que cortam a cidade chegaram a transbordar e centenas de famílias ficaram desabrigadas, além de perderem inúmeros móveis, objetos domésticos e animais de criação. A situação é de causar muita tristeza, porque todos os anos poode acontecer a mesma coisa. A Prefeitura Municipal de Cacoal chegou a colocar pessoas para ajudarem as vítimas da enchente e centenas de voluntários também prestaram solidariedade, organizando grupos para arrecadar alimentos, móveis e roupas. Em função das fortes chuvas, as aulas foram suspensas por dois dias, já que não havia condições para os estudantes atravessassem os rios e muitos deles estudam em escolas localizadas no outro lado. O comércio também sofreu com os prejuízos e agora o município tenta se reerguer, após as chuvas terem diminuído. Pode-se dizer que não havia como controlar o volume de água, mas é preciso lembrar que os objetos jogados nos rios também contribuem para obstruir as galerias das pontes em diversos pontos da cidade. Infelizmente todos os anos a cidade é atingida pela enchente, neste período do ano, mas é difícil afirmar que a situação terá uma solução a médio ou longo prazo. O ultimo desassoriamento, pelo menos do Pirarara, foi na gestão da ex-prefeita Sueli Aragão. De lá prá cá, só se viu agressões aos rios.
VELHOS DISCURSOS
Como sempre acontece nessas ocasiões, surgem políticos que fazem discursos de grande emoção e fazem jura de amor à população. O problema é que esses discursos acontecem todos os anos, mas até hoje não foi apresentado nenhum projeto que tenha a finalidade de, pelo menos, diminuir o sofrimento das famílias que vivem na zona atingida pelas cheias. Parece muito curioso, mas as pessoas que observaram os discursos de alguns vereadores, na sessão ordinária da Câmara de Cacoal, ocorrida segunda-feira, são exatamente os mesmos do ano passado, quando milhares de pessoas também foram vítimas das enchentes na Capital do Café. As falas dos vereadores podem até resolver o problema de momento, mas servem apenas para iludir as famílias que sofrem com as perdas. Logo depois que as chuvas param de cair, tudo volta ao normal e os políticos ficam esperando o próximo inverno para fazer os mesmos discursos. O que realmente precisa ser feito é um trabalho para aprofundar os rios que cortam a cidade e diminuir o volume de água que toma conta das margens dos rios. Porém, esse trabalho não pode ser feito no dia que os rios transbordam, já que não há condições climáticas para isso. É preciso mapear os lugares mais críticos realmente fazer alguma coisa durante o período da seca. Isto pode não resolver o problema completamente, mas vai diminuir o número de casas atingidas.
EDUCAÇÃO EM RONDÔNIA
Os trabalhadores e trabalhadoras da educação de Rondônia tiveram uma participação decisiva na eleição de 2022, quando a grande maioria resolveu apoiar a candidatura do governador Marcos Rocha, que disputava a reeleição. Ele teve uma vitória apertada sobre o segundo colocado, Marcos Rogério, e a diferença ficou na casa dos 40 mil votos. Não há nenhuma dúvida de que o setor da educação foi determinante para a vitória do atual governador, mas os servidores da educação parecem ter perdido a paciência com a política adotada pelo governo nos últimos meses. No fim do ano passado, o governo de Rondônia retirou dos professores e técnicos o auxílio transporte e a categoria também reclama do valor do auxílio alimentação, que é de 250 reais, o mais baixo entre todas as secretarias estaduais. Para se ter uma ideia, há setores do governo em que o auxílio alimentação chega perto de 2 mil reais. O Sintero, Sinprof e demais entidades sindicais que representam os trabalhadores da educação já tentaram inúmeras vezes marcar audiência com o governo, mas elas são agendadas e desmarcadas pela casa Civil, sempre que falta um dia ou dois para a data das audiências. A insatisfação é muito grande e tudo indica que pode haver uma longa greve da educação este ano.
JANELA PARTIDÁRIA
No dia 5 de abril encerra o prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para que os vereadores façam as trocas de partidos, sem o risco de perder o mandato. Por esse motivo, a movimentação tem sido muita intensa nos bastidores, já que os vereadores buscam um abrigo nas siglas onde possam ter maior possibilidade de reeleição. Em Cacoal, a disputa pela melhor filiação tem deixado muitos vereadores desesperados, visto que eles não são aceitos em todos os grupos, nem mesmo por outros vereadores, porque a situação de disputa pelas cadeiras pode ser bem apertada esse ano. Neste caso, os atuais vereadores não encontram a vida fácil e tentam de tudo para convencer pessoas a ficarem com eles nos partidos em que estão filiados. Os novos pretendentes às vagas colocam diversos obstáculos para impedir a entrada de vereadores em alguns partidos e isto mostra que a imagem da atual composição do legislativo ficou muito arranhada com tantas brigas ocorridas nessa legislatura. Após o dia 5 de abril, será possível saber, com certeza, quais os partidos que aceitaram os vereadores e como eles se dividiram nas siglas. Pode haver caso de ficarem 3 ou 4 vereadores no mesmo partido, situação que vai colocar em jogo a chance de vitória de muitos deles, mesmo porque também há novos candidatos que estarão nesses partidos e reúnem grandes chances de vitória. Na eleição de 2020, apenas três vereadores conseguiram a reeleição.
COTAS FEMININAS
Outro problema que tem tirado o sono dos dirigentes partidários é a situação das cotas para a composição da lista de candidaturas. Pela legislação atual, pelo menos 30% das vagas nas listas devem ser preenchidas por um dos gêneros. Como não existem muitas mulheres com disposição para disputar eleições, o grande problema em Cacoal tem sido encontrar pelo menos 4 mulheres para compor a lista de candidaturas e nenhum dos partidos têm encontrado facilidade para resolver a situação. Claro que na última hora, os partidos acabam dando um jeito, mas o clima tem sido de muita tensão. É muito difícil acreditar que algum partido em Cacoal apresente uma lista que tenha a maioria de mulheres e que a cota de 30% seja preenchida por homens. Em Brasília, já existe uma discussão que pode complicar ainda mais a situação, porque a bancada feminina no Congresso Nacional passou a discutir que as cotas devem ser aplicadas também para a distribuição de cadeiras. Se essa proposta for aprovada e incluída na reforma eleitoral, a situação vai ficar bem complicada em municípios como Cacoal. Mas também existem congressistas que trabalham nos bastidores para acabar com as cotas. Claro que haverá muita resistência, mas, quando se trata de política, é melhor não duvidar de nada. As cotas femininas representam uma grande conquista da sociedade, mas o Congresso Nacional tem longa tradição de machismo.
MULHERES NO PODER
O município de Cacoal vive um momento muito diferente na questão de mulheres ocupando espaços de poder. A Capital do Café já teve diversas mulheres no cargo de prefeita, mas atualmente a situação mudou completamente. Suely Aragão, Glaucione e Maria Simões, já estiveram no comando do município, até pouco tempo atrás e a Dra. Raquel foi vice-prefeita da primeira gestão de Franco Vialeto. Além disso, Lourdes Kemper, Luzia De Lazari, Penha Simão, Maria Simões e Glaucione já exerceram o mandato de vereadoras. Hoje, porém, não existe nenhum nome sendo discutido para encabeçar as chapas que vão disputar a Prefeitura de Cacoal e nada indica que o cenário possa mudar. Nem mesmo para o cargo de vice tem nomes de mulheres cogitados. Em 2020, a Enfermeira Regina foi a única mulher que disputou o cargo de prefeita, mas ela teve apenas 548 votos em Cacoal, fato que revela a pouca participação das mulheres na disputa pelo poder no município. A situação não é muito diferente nos municípios vizinhos, porque até este momento são pouquíssimos nomes de mulheres cogitadas para disputar as prefeituras. Vale lembrar que, em Rondônia, as mulheres representam a maior parte dos eleitores. No caso de Cacoal, existem muitas mulheres qualificadas e preparadas para o cargo de prefeita, mas não é fácil convencê-las a colocar o nome na disputa.
SECRETÁRIAS MUNICIPAIS
Atualmente, Cacoal possui várias mulheres que ocupam cargos de secretárias municipais na gestão do prefeito Adailton Fúria, mas tudo indica que nenhuma delas será candidata à prefeita. Daniela Bianchini é secretária de Indústria e Comércio; Dayse Santana ocupa a pasta da Saúde; Marilande Alves comanda a Secretaria de Ação Social e Joliane Simões é a secretária de cultura. Entretanto, não há comentários sobre uma possível candidatura dessas mulheres ao cargo de prefeita do município. No caso da Secretária da Cultura, ela somente pode disputar a eleição, caso o prefeito renuncie ao cargo, até 5 de abril, porque a legislação impede que os parentes dos prefeitos, até o segundo grau, sejam candidatos, o que enquadra os cônjuges. Quanto às demais secretárias, caso elas deixem o cargo agora no começo de abril, é sinal de que podem disputar as eleições, mas dificilmente seriam candidatas à prefeitas, porque fazem parte do grupo político do prefeito Adailton Fúria. Em relação a outras mulheres, a empresária Vera Bianchini teve o nome citado em uma pesquisa eleitoral, poucos meses atrás, mas ela já se manifestou e declarou que não será candidata nas eleições deste ano.