Perdoem-me todos os mortais. Mas a terra, a partir de 16 de novembro de 2004, raiou o dia mais pobre.
É que naquela data foi para o andar de cima LUCIANO CAVALCANTE.
Mestre exemplar no ensino da prática do bem e da humildade. Mestre que educava exercitando o idealismo. Mestre que lecionava, através do exemplo, a ciência da administração. Mestre superior que ministrava a virtude, como mensagemdevida.Homem carismático, quase um semi-Deus, no cultivo das relações humanas. Bem humorado, distribuía exemplos de como querer bem e ser, ao mesmo tempo, tão querido, haja vista que, no seu nível espiritual, só angariou amigos, que, logo, o reconheceriam como irmão.
Foi pioneiríssimo em Guajará-Mirim, cidade que amou e distribuiu ações, que lhe valeram progresso e desenvolvimento, crescimento e evolução. No inicio dos anos 30, respondeu presente no Município, onde antes das funções públicas, foi inclusive dono de um bar, mais ou menos próximo da antiga Casa Daher, na Presidente Dutra.
Desportista arrojado, fundou, na companhia de alguns, entre eles o Lorito, o Antônio Luiz de Macedo, o Humberto Cohen Lopes, Flávio Lins Dutra, Pedro Nicolau Flores e o Simão Salim, o Guajará Esporte Clube. Foi jogador do Paysandu, um time local que existiu entre 1936 e os anos 40.
Um dos nossos líderes, auxiliando firmemente na integração social do município. Era apóstolo e sacerdote! Como apóstolo disseminou a necessidade de se criar mentes sãs. Como sacerdote do esporte, junto com outros, inclusive Antônio Luiz de Macedo, uniu jovens e adultos na crença fecunda de que, também, através do futebol, dever-se-ia cultivar princípios absolutamente sadios, logo cristãos.
Como Superintendente do Serviço de Navegação do Guaporé, pôde ele conceber os meios para que as populações do eixo Mamoré-Guaporé tivessem assistência e melhores condições de vida. Afinal o transporte então oferecido era vital por aquelas bandas. Naquele tempo o poder dominante valorizava a integração através dos meios fluviais. E os homens públicos aqui viventes, tinham a sensibilidade, a visão social e estratégica que os fazia enxergar, que, ao longo dos rios, homens e mulheres, crianças e jovens, adultos e idosos estavam a contribuir para a afirmação nacional nestas terras lindeiras.
Como Administrador do Hospital, hoje o Regional de Guajará-Mirim, definiu os meios que iriam prover o almoxarifado e a farmácia do nosocômio, gerenciando-o com denodo e competência, facilitando o desempenho dos médicos, com vistas a cura das doenças, a mitigação das dores e recebimento daquelas criaturinhas que iam se transformando nos habitantes que vinham chegando ao mundo.
Como Chefe de família fundou um clã, em que através da genética, através da boa educação transmitida e via o exemplo com que exercia a sua cidadania, só descendentes abençoados, inteligentes e sensíveis ia formando.
Por isso eu sempre o respeitei; por isso eu sempre o admirei e, por isso, e muito mais, certeza eu tenho do lugar especial que ele está a desfrutar ao lado dos espíritos mais elevados, segurando na mão de anjos, arcanjos e querubins; aliás, o Luciano deve ter-se transformado num anjo, porque se aqui na terra sempre tão leal, tão doce, conseguiu lugar de destaque, no céu tem um altar tão luminoso, cuja energia deve irradiar tanta luz, em face do amor, da generosidade, da compaixão e da fraternidade com que exercia a sua messe, como vivente do planeta, por conta de um manancial de indulgências celestiais para quem só o bem construiu e disseminou.
O “seu” Luciano deve acompanhar a vida guajaramirense, de onde está, torcendo e vibrando para que as coisas por aqui possam ir melhorando, pois que, por onde passava, ele a todos distribuía otimismo, dentro da visão do Vitor Hugo, o francês, que, na sua sabedoria dos séculos, nos premiou com a mensagem de que se “O farol guia, a Esperança salva!”. E ele foi um comandante carismático e um navegante que sabia em qual direção encontraria o porto seguro para ele e para tantos.