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quinta-feira, dezembro 19, 2024

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Os pioneiros estão partindo – Morre Antônio Miyachi, o topógrafo que chegou antes dos primeiros técnicos do Incra

Miyachi chegou antes do Incra para demarcar as terras de Rondônia que o Capitão Sílvio de Farias determinava como áreas para a reforma agrária

Meio século depois da chegada dos primeiros funcionários do Ibra – Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, antecessor do instituto nacional de colonização e reforma agrária (Incra), os pioneiros que deram os primeiros passos para que esta porção norte do Brasil chegasse ao este momento como um dos mais próspero estados brasileiro estão partindo. Um a um.

Neste sábado, morreu, no hospital de amor, em Porto Velho, o pioneiro Antônio Miyachi de Carvalho, topógrafo que abriu as primeiras linhas para penetração na então desconhecida e temível floresta amazônica, no final dos anos 1960, início dos anos 1970.

O precursor da reforma agrária em Rondônia era amazonense, filho de migrante japonês, ‘seo’ Shigeru Miyachi, e dona Julieta Carvalho de Farias, uma cearense. O casal tinha uma plantação de juta em Nova Olinda, às margens do Rio Madeira.

O também pioneiro desta mesma época, o engenheiro agrônomo, executor do Incra em Rondônia, ex-prefeito de Ji-Paraná, ex-deputado federal e vice-governador, Assis Canuto, lamenta a morte de Miyachi: “ele descansou. Sofreu oito meses, mas não aguentou. Abriu muitas picadas e carregou muito ‘cacaio’*

*ESPÉCIE DE MOCHILA FEITA COM UMA CALÇA VELHA, ONDE SE PUNHA O ESSENCIAL, COMO : SAL, QUEROSENE, MUNIÇÃO, CHARQUE, FARINHA, QUASE SEMPRE UMA GARRAFA DE AGUARDENTE E – MESMO OS QUE NÃO FUMAVAM – FUMO DESFIADO OU DE ROLO, PARA AJUDAR A ESPANTAR CARAPANÃS E OUTROS INSETOS EM ABUNDÂNCIA

Vivia de acampamento a acampamento, rústicos, sem nenhum conforto e perdidos na imensidão da selva. Morreu sem glória e no anonimato da história de Rondônia. Merece todo nosso respeito e todas as homenagens do povo por ele beneficiado”, afirma Canuto.

Miyachi chegou antes do Incra para demarcar as terras de Rondônia que o Capitão Sílvio de Farias determinava como áreas para a reforma agrária.

Aos 78 anos de idade Antônio Miyachi de Carvalho, o topógrafo que ajudou a demarcar as terras para os projetos de colonização do Incra, em Rondônia, a partir de 1969 e que, no futuro, deram origem a maioria das cidades mais antigas do interior de Rondônia.

Miyachi com o amigo Assis Canuto

Ele estava em tratamento de um tumor no estômago e morreu na manhã deste sábado, em Ji-Paraná. O corpo do pioneiro foi levado para Manaus, sua terra natal. Ele deixa a mulher Aparecida e a filha Juliana. Miyachi era amazonense, filho de migrante japonês, ‘seo’ Miyachi, com dona Raimunda, uma cearense. O casal tinha uma plantação de juta em Nova Olinda, às margens do Rio Madeira.

Miyachi começou o trabalho de demarcação dos lotes no Projeto Integrado de Colonização Ouro Preto (Picop) em 1969, quando era Topógrafo do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (Ibra). O primeiro acampamento de onde partiam as equipes para demarcar os lotes de 42 alqueires que seriam doados aos colonos, ficava onde mais tarde se tornou a sede da Aninga, em Ouro Preto do Oeste. Personagens como Zeferino, Comara, Quito, Capixaba e Agenor Nogueira da Rocha, tinha o Capitão Silvio de Farias que definiam em quais áreas as terras seriam demarcadas, inclusive, com o espaço onde seriam abertas as estradas vicinais. Miyachi era o chefe que liderava essas equipes que passavam semanas fazendo picadas em meio a selva virgem.

Advogado do Incra no início dos anos 1970, o conselheiro aposentado do Tribunal de Contas de Rondônia, Amadeu Machado, diz que Miyachi foi seu contemporâneo no Incra. “Topógrafo de mão cheia. Depois saiu e constituiu uma pequena empresa de topografia, tendo demarcado muitos milhares de hectares em nosso Estado. Um Nissey muito brasileiro. Deixa um legado inestimável de excelentes serviços prestados”, reitera.

Em abril de 1970, com o projeto Ouro Preto praticamente todo demarcado,  chega Assis Canuto com a missão de colocar em prática a colonização com a distribuição de terras. Só em 1971 que o Ibra deixa de existir e passa a se chamar de Incra.

Nascia aí uma amizade e confiança entre Antônio Miyachi e Assis Canuto que, anos mais tarde se tornaram sócios da Vila Rondônia Veículos, a primeira concessionária de carros da Vila de Rondônia que revendia a marca Volkswagen a qual tinha como terceiro sócio o jaruense Rubens Franco Borges.

Segundo uma nota divulgada no início da noite de hoje, por Assis Canuto, Miyachi demarcou todos os lotes e as linhas vicinais dos projetos Gy-Paraná, que deu origem ao município de Cacoal, projeto Padre Adolpho Rholl, que deu origem à cidade de Jaru, bem como o projeto Corumbiara, que deu origem aos municípios  Parecis, Corumbiara, Chupinguaia e, ainda, Rolim de Moura, Novo Horizonte e Santa Luzia do Oeste, perfazendo mais de 20 mil Lotes que foram doados a brasileiros de todas as partes que vieram para Rondônia em busca de terra.

No fim da década de 1970 Miyachi, junto com Assis Canuto, criaram a Plantop – empresa especializada em topografia.

“Sempre atuante , competente e responsável, comentou Canuto sobre o amigo, ao dizer que Miyachi  tinha liderança sobre seus auxiliares e não tinha “ tempo ruim”.

Nos últimos anos, tornou-se pequeno produtor rural e foi o primeiro a trazer alevinos de tambaqui para Rondônia vindos de Pirassununga ( SP), além de  um grande criador de peixes e suínos!

Curiosidade

Outro personagem que teve grande importância nesse primeiro momento da história da colonização, foi Sidney Girão. Ele era o piloto de helicóptero que auxiliava as equipes nas demarcações de terra dando apoio aéreo. Ele, com Maurício Seixas, morrem no início de 1971 em uma explosão de helicóptero quando retornava do Rio de Janeiro para Rondônia.

(Fonte: Expressão Rondonia com informações de Roberto Gutierrez, da folhaderondonianews)

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