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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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COLUNA BOCA MALDITA – CONCURSO PARA VEREADOR

 

CONCURSO PARA VEREADOR

 Na sessão da última segunda-feira, alguns vereadores de Cacoal falaram sobre o concurso público e afirmaram que todas as pessoas interessadas precisam estudar muito, caso queiram uma oportunidade de entrar no serviço público e ter a garantia da estabilidade de emprego tão sonhada por milhares de pessoas. Isto é verdade, porque a concorrência em qualquer concurso público é muito grande. Porém, enquanto um dos vereadores discursava e falava sobre o assunto, uma senhora que estava na plateia comentou com a amiga sobre a escolaridade dos atuais vereadores, afirmando que, caso houvesse concurso para vereador, a maioria dos vereadores não teria condições de passar, mesmo se os conteúdos fossem do ensino fundamental. Realmente existem vários vereadores que não gostam muito de estudar. Sempre que os vereadores precisam fazer a leitura de algum texto, é fácil perceber que eles possuem uma enorme dificuldade para ler palavras simples. Como a legislação eleitoral no Brasil não exige escolaridade, nossos vereadores podem ficar tranquilos. E dificilmente essa realidade vai mudar, já que a legislação eleitoral é feita pelo Congresso Nacional, onde há centenas de deputados e muitos senadores com escolaridade bem inferior à dos vereadores de Cacoal.

SALÁRIOS DO CONCURSO

Essa situação do concurso público de Cacoal vai gerar ainda muitas discussões e uma das razões é sobre os salários oferecidos no edital. O município oferece vagas para médicos com salário de RS.5.875,00. É difícil imaginar que haverá muitos médicos inscritos para esse concurso. No caso dos dentistas, fonoaudiólogo, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, arquitetos e outros profissionais, a Prefeitura de Cacoal oferece salário de RS 1.694,00, praticamente um salário mínimo. Será que haverá candidatos para essas vagas? O curioso é que os vereadores e o prefeito de Cacoal passaram alguns meses conversando para aumentar os salários deles, alegando que é pouco, O salário do prefeito em Cacoal é RS 25.000,00, valor que daria para pagar mais de 10 dentistas, se considerarmos o edital do concurso. No caso dos vereadores, o salário é de RS 10.000,00, mais o auxílio alimentação de 1.200,00 e o auxílio saúde de 800,00. Então somente os auxílios dos vereadores é bem maior que o salário oferecido para um dentista, enfermeiro, arquiteto. Apenas para fazer uma comparação, o salário líquido do prefeito de Ouro Preto do Oeste é de RS 7.647,30 e o salário do prefeito de Cacoal é igual ao salário dos governadores de Santa Catarina, Rio de Janeiro, Ceará e outros.

CONCURSO OU VEREADOR?

O portal da Justiça Eleitoral é uma importante fonte de informações sobre todos os candidatos que participam da disputa. Entre essas informações, estão a escolaridade, a ficha criminal, profissão e outros dados. Para que uma pessoa seja candidato, não é necessário apresentar certificado ou diploma de escolaridade, pode apresentar somente a Carteira Nacional de Habilitação. Porém os candidatos são obrigados a informar a escolaridade. Assim, uma simples olhada no portal revela uma grande quantidade de candidatos que não chegaram a concluir o 9º ano. Nesse caso, a regra é bem diferente do edital do concurso público da Prefeitura de Cacoal, porque o edital exige o ensino médio completo das pessoas que farão a inscrição para agente administrativo, cuidador e outras profissões. Assim, caso tentassem fazer o concurso do município de Cacoal, um número muito grande de candidatos que disputam a eleição esse ano não poderia fazer as provas que exigem o ensino médio. Mas isso não seria problema, porque eles poderiam fazer para pintor, servente, lavadeira, coveiro, zelador, braçal e outros que exigem o ensino fundamental. Mesmo assim, muitos candidatos a vereadores ficariam fora do concurso, porque não possuem o ensino fundamental completo. O único problema é que esses cargos possuem um salário, segundo o edital do concurso de RS 1.195,00. Será que nossos candidatos iriam encarar as provas do concurso?

CENSURA NO LEGISLATIVO

Alguns vereadores do grupo do prefeito Adailton Fúria estão irritados com a situação que ocorre durante as sessões. Eles não aceitam que os vereadores de oposição falem sobre os professores que o município não quer contratar, sobre a grande quantidade de poeira no distrito de Divinópolis, sobre a obra da rua Uirapuru, a reforma da rodoviária, a reforma do Feirão do Produtor, o Corujão do SUS e outros temas. Na sessão de segunda-feira os vereadores que defendem o prefeito exigiram do presidente da Câmara Municipal que tome providências para impedir que os vereadores da oposição falem sobre a situação do município. Essa situação é muito curiosa, porque os vereadores são eleitos exatamente para exigir da administração municipal que execute os trabalhos que a população precisa. O problema é que alguns vereadores não querem que as cobranças sejam feitas no período de campanha eleitoral. Na prática, o grupo de vereadores que defende o prefeito não quer que os colegas falem que a demissão de mais de 60 professores vai prejudicar muito as crianças das escolas públicas municipais. O presidente da Câmara de Cacoal já avisou que não vai censurar nenhum vereador, porque proibir os vereadores de falar é uma coisa que passa dos limites.

PROFESSORES DEMITIDOS

Todo mundo que acompanha as redes sociais do prefeito Adailton Fúria sabe que ele utiliza suas redes diariamente para falar de todos os temas que envolvem a administração municipal. Porém, desde que surgiu a história da demissão dos professores, até hoje o prefeito não falou uma palavra em suas redes sociais sobre esse tema. O secretário da educação parece ter adotado a mesma estratégia e nunca deu nenhuma opinião sobre o assunto publicamente. Nesse caso, considerando tentativa de censura na Câmara Municipal, é possível que os vereadores tenham proibido o prefeito e o secretário de falar sobre a demissão dos professores e a situação dos estudantes que vão ser prejudicados com a situação. Os professores ameaçados de perder seu emprego merecem respeito, assim como as crianças que vão ser prejudicadas e as famílias desses estudantes. Os vereadores que desejam calar os colegas na Câmara de Cacoal bem que poderiam autorizar o prefeito e o secretário de educação a explicarem a situações dos professores demitidos, porque eles precisam de uma resposta. Dizer que não podem falar, porque estão ocupados com a campanha eleitoral é uma tremenda injustiça com os estudantes, professores e pais dos alunos.

MATEMÁTICA ELEITORAL

Os políticos de Cacoal não estão preocupados com a situação dos professores demitidos, mas eles têm dedicado boa parte do seu tempo com a matemática. Em diversos grupos de WhatsApp, vereadores, prefeito, deputados e outros políticos vivem fazendo contas sobre as chances de vitória nas urnas nas eleições de 6 de outubro. Os números apresentados por eles são uma verdadeira comédia, porque eles falam somente na possibilidade de vitória de candidatos de seus partidos. Em alguns grupos, os políticos chegam a ficar tão empolgados que superam até mesmo o número de cadeiras da Câmara Municipal. Nas contas feitas por eles, frequentemente é possível perceber que eles falam sobre a vitória de 15, 20 e às vezes 30 candidatos eleitos. Ninguém sabe de onde os números são tirados, mas a empolgação é muito grande. E quando alguém cita algum partido que não faz parte do grupo deles, as respostas são sempre para dizer que nenhum candidato daquela sigla será eleito. Após a aberturas das urnas, na noite de 6 de outubro, a realidade poderá ser muito diferente dessa empolgação dos grupos de WhatsApp, porque os eleitores podem não ter as mesmas opiniões dos entusiasmados políticos.

PARTIDOS DESFALCADOS

Alguns partidos de Cacoal podem enfrentar situações bem complicadas, nos próximos dias. O problema é que o Ministério Público Eleitoral pediu a impugnação de diversos candidatos e eles terão que lutar na justiça para tentar manter suas candidaturas. Além disso, há diversos casos de candidatos que renunciaram à candidatura no período de convenções e mesmo depois dos pedidos de registros. O PRD é um dos partidos com número de candidatos bem reduzido, porque apresentou apenas 03 pedidos de registro. Claro que todos os partidos que participam da disputa possuem chances matemáticas de eleger seus candidatos, embora um número reduzido de candidatos exija mais empenho na campanha. No caso do PSD, partido do prefeito Adailton Fúria, o vereador Fritz anunciou que não disputaria a eleição no dia da convenção. Após isto, o ex-vereador Pedro Rabelo anunciou em suas redes sociais que não participaria da disputa, por razões familiares. No início dessa semana, surgiu a notícia de que o Ministério Público Eleitoral havia pedido a impugnação das candidaturas de Izailton da Agricultura e Val da Rondônia. Os candidatos que tiveram esse problema já foram notificados pela Justiça Eleitoral para apresentar defesa e devem fazer isto no prazo de sete dias, a contar de 20 de agosto, data da notificação. A legislação eleitoral prevê prazos para os casos de substituição de candidatos, mas não se sabe qual será a posição do PSD sobre seus candidatos impugnados.

COMISSÃO DE AVERIGUAÇÃO

A Câmara Municipal de Cacoal chegou a abrir uma comissão para buscar esclarecer os fatos, mas até hoje também não deu nenhuma resposta aos funcionários do SAAE. Nesse caso, não dá para esperar muita coisa, porque a Comissão de Averiguação criada para apurar os desvios de combustíveis em diversas secretarias municipais, nunca apurou as coisas com a seriedade necessária e jamais apresentou à população os nomes das pessoas envolvidas no escândalo. Na época da criação da comissão, já se sabia que nada seria apurado, porque havia um grande jogo de interesses e negociatas envolvendo trocas de favores, cargos na administração e outros conchavos políticos que a população já está acostumada a saber. Assim como a Comissão de Averiguação do escândalo dos combustíveis acabou em nada, tudo indica que a comissão criada para apurar o caso dos empréstimos para servidores comissionados no SAAE também vai nos dutos de esgoto e os servidores efetivos vão continuar prejudicados. Ninguém consegue entender por que o ex-presidente do SAAE resolveu assinar contratos com agências da Caixa Econômica em outros municípios, se todo mundo sabe que existe o mesmo banco em Cacoal. Há investigação policial sobre o caso, mas não é possível afirmar quando a situação será esclarecida.

 

 

 

 

 

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