A quatro dias das eleições municipais, o cenário em Porto Velho permanece praticamente inalterado desde que os postulantes à prefeitura oficializaram suas candidaturas. A campanha, que desde o início apontava Mariana Carvalho, do União Brasil, como favorita, seguiu esse roteiro sem grandes surpresas ou reviravoltas, consolidando a ex-deputada federal como o nome mais forte da disputa. Mariana, escolhida a dedo pelo grupo político que atualmente comanda a prefeitura da capital, liderado por Hildon Chaves (PSDB), manteve-se à frente durante toda a corrida, de acordo com as pesquisas, sem que sua vantagem fosse realmente ameaçada.Embora tenha saído momentaneamente de sua “zona de conforto”, a candidata da situação lidou de forma eficaz com a investida mais agressiva de Euma Tourinho, do MDB. Tourinho adotou um tom de campanha mais combativo, utilizando seus espaços de mídia e discurso para atacar diretamente Mariana.

No entanto, quando as duas candidatas se enfrentaram no debate promovido pela SIC TV, Mariana demonstrou sua habilidade política e experiência. Em vez de se retrair e “cair na pilha”, ela logo questionou a ex-juíza sobre sua postura mais ofensiva, fazendo com que a candidata do MDB perdesse o ímpeto, ao menos naquele momento.

Enquanto Mariana mantém o favoritismo, Léo Moraes, do Podemos, segue como o principal nome com chances de levar a disputa para um segundo turno. O parlamentar, com trajetória conhecida na política rondoniense, ainda não conseguiu conquistar o Executivo, mas sua estratégia mais madura nesta campanha chamou atenção.

O jornal Rondônia Dinâmica já havia apontado essa mudança de postura: Moraes optou por abandonar o tom teatral e avançar de forma propositiva. Ainda que bem atrás de Mariana nas pesquisas, Moraes pode aparecer como alternativa viável para um eventual segundo turno. Sua performance e o impacto dessa nova postura serão julgados pelos eleitores no próximo domingo, quando Porto Velho vai às urnas.

No espectro mais à esquerda, o cenário é de desarticulação. Célio Lopes, do PDT, que conta com o apoio da federação formada com o PT, não demonstrou entusiasmo ao se associar à legenda do presidente Lula. Essa postura foi aproveitada por Samuel Costa, da Rede Sustentabilidade, que não perdeu oportunidades para criticá-lo.

Durante o único debate realizado até o momento, Samuel cobrou Célio por não destacar os feitos do governo Lula e por, em suas palavras, “esconder” o apoio do PT. Com isso, o campo progressista acabou fragmentado, sofrendo com a própria implosão interna. Em um estado conservador como Rondônia, essa divisão foi ainda mais prejudicial, minando as chances de ambos se consolidarem como opções competitivas.

Célio, apesar de técnico e com um discurso propositivo, não conseguiu se firmar politicamente, enquanto Samuel, apesar do peso que o espectro da esquerda carrega na região, destacou-se ao provocar embates tanto com Euma Tourinho quanto com o próprio Célio, aproveitando as lacunas deixadas pelo pedetista.

Benedito Alves, do Solidariedade, por sua vez, permaneceu estagnado ao longo da campanha. Ex-conselheiro do Tribunal de Contas e ex-secretário de Finanças, Alves trouxe um discurso batido contra a política tradicional e contra o Fundão Eleitoral, mas não conseguiu empolgar o eleitorado.

Sua postura tecnocrata e a demora em desenvolver ideias afastaram possíveis apoiadores, tornando sua candidatura praticamente irrelevante no cenário atual. Benedito entra e sairá do pleito com pouca relevância, sendo, enquanto candidato, uma figura esquecível.

Ricardo Frota, do NOVO, representa a linha mais ideológica da disputa. Autodenominado o único candidato de direita “pura”, Frota tem se destacado por seu discurso crítico aos adversários e por sua postura anti-establishment. Sem tempo de televisão e com poucos recursos, o candidato aposta na espontaneidade e na coerência de sua mensagem, mas sua abordagem, extremamente ideológica, limita seu apelo popular. Frota fala para uma parcela específica do eleitorado, sem conseguir ampliar sua base de apoio.

Com dois debates ainda programados — um no Conselho Regional de Medicina (Cremero) nesta quarta-feira (2) e o outro na Rede Amazônica, afiliada da Globo, na quinta-feira (3) — o cenário poderá sofrer leves ajustes. No entanto, a probabilidade de uma grande reviravolta parece improvável. Se as pesquisas e o panorama atual se mantiverem, a tendência é que a eleição possa ser decidida já no primeiro turno.

Como dizia Magalhães Pinto, “a política é como nuvem. Uma hora você vê, está de um jeito. Quando vê de novo, já mudou”. Portanto, apesar do favoritismo de Mariana Carvalho e a aparente estabilidade do cenário eleitoral, os próximos dias ainda podem trazer surpresas. O desfecho final, como sempre, estará nas mãos dos eleitores de Porto Velho.

Fonte: Rondônia Dinâmica