No dia 24 de maio de 2014, a Uber chegou ao Brasil com a promessa de transformar o transporte urbano. E transformou! A tecnologia trouxe uma nova dinâmica à mobilidade nas grandes cidades, conectando passageiros e motoristas por meio de um simples toque no celular. Hoje, ao olhar para trás, a revolução que a Uber desencadeou no cotidiano das cidades brasileiras é inegável. Fora a Uber que se torno nome de referência para “transporte por aplicativo”, temos as suas centenas de cópias espalhadas nas cidades do Brasil, aqui em Cacoal temos algumas, sem contar os aplicativos de Delivery ou de entrega de alimentos, que concilia o transporte, tecnologia e comunicação, gerando serviços rápidos e promovendo o comercio de alimento numa praça digital de divulgação.
No entanto, enquanto a tecnologia avançava e as ferramentas evoluíam, a política que o povo brasileiro vive tanto apaixonado, caminhava em um ritmo bem mais lento e posso dizer que até mesmo no sentido contrário, mostrando-se incapazes de acompanhar o impacto gerado por esse novo modelo de serviço.
Quando a Uber iniciou suas operações em São Paulo, em 2014, encontrou um ambiente repleto de incertezas legais. Motoristas de táxi protestaram, autoridades municipais pretendiam proibir o aplicativo, e o debate entre inovação e regulação logo se tornou notícia de capa. A Uber, por sua vez, defendeu sua atuação sob a bandeira da “economia compartilhada”, argumentando que a tecnologia era o fator disruptivo que poderia melhorar a qualidade do transporte, oferecendo mais opções aos usuários e oportunidades de renda para motoristas.
Segundo dados do IBGE de 2022 são aproximadamente 2.1 milhões de trabalhadores por aplicativo no Brasil. Só na região Centro-Oeste, houve um acréscimo de R$ 3,27 bilhões no PIB, entre 2018 e 2021. A pesquisa considera o impacto da renda gerada pelos motoristas parceiros do aplicativo 99, que nos seus gastos mensais em outros setores da economia, desde custos operacionais, como gasolina, até gastos com suas famílias, alimentação, por exemplo. Essa renda é gerada em diferentes partes do país, movimenta cadeias produtivas no Brasil. Na pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o aplicativo 99 injetou indiretamente R$ 54,2 bilhões no PIB do Brasil nos últimos 10 anos, mais de 80% desse valor é nos últimos 3 anos.
Na contramão da tecnologia tirando boa parte dos serviços prestados pelo governo federal, como o aplicativo GOV.BR que é hoje o melhor aplicativo para solicitações de serviços, unificado tudo que o cidadão pode pedir. Poucas inciativas no governo estadual e municipal foi para a linha de inovação e tecnologia para prestação de serviços, para ser ter uma ideia, micro e pequenas empresas no governo federal são criadas em poucas horas, o grande gargalo ou dificuldade na formalização do negócio problema está nas cidades que ainda insiste em verificar todos os requisitos para encontrar pendencias e atrasar a liberação de documentação e alvarás.
O que se nota é que a tecnologia e a inovação usada pelo poder público se avançaram muito na fiscalização, na cobrança de taxas e imposto. Existem exemplos de prefeituras que usam drones para verificar as metragens de casa irregulares, para se exigir mais cobrança no IPTU. Fora que também a fiscalização dos estados e município, já estão usando inteligências artificiais para cruzar dados dos contribuintes para evitar a sonegação.
“Porém a Educação ainda continua no quadro e canetão e a saúde ainda tem fila de espera.”
Muito se fala nos debates políticos da criação de empregos através de grandes indústrias e comércios, trazidos dos grandes centros para cidades como a nossa, oferecendo-lhes conceções, redução de impostos e benefícios que não se oferece ao micro e pequeno empresário, que por sua vez é o grande empregador desse país.
Essas ditas concessões, cedidas pelos governos da região são caras e muitas vezes são liberadas para manter grandes grupos econômicos crescendo e empregando pouco. Sem trazer grandes resultados, no qual um setor de tecnologia e inovação poderia proporcionar de forma mais exponencial.
O que se pode tirar como conclusão do assunto é que setores mais dinâmicos e que trazem resultados de forma mais eficiente, muito por conta da ausência ou poucas regulamentações e leis, trazem mais resultados, inovações e empregabilidade, diferentemente de setores como os da indústria que são muito regulamentados e demora para trazer resultados para a cidade, sem falar que é caro manter e implementar. Será que precisamos de mais leis e regulamentações para sermos mais produtivos? As estruturas que regulamentam, será que está ajudando a nossa economia ou atrapalhando? O que podemos fazer ou cobrar para ter serviços públicos mais produtivos e eficientes?
Maycon Klippel
Contador, Administrador de empresas e apaixonado pelo empreendedorismo