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quarta-feira, dezembro 18, 2024

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COLUNA DO XAVIER – CACOAL:  A CULTURA, A SOCIEDADE E O CLUBE DO LIVRO…

*Por Francisco Xavier Gomes

 

CACOAL:  A CULTURA, A SOCIEDADE E O CLUBE DO LIVRO…

O escritor Monteiro Lobato declarou, certa vez, que “um país se faz com homens e livros”. O criador de Visconde de Sabugosa faleceu há quase 80 anos, mas certamente deixou uma importante contribuição ao país, embora as gerações atuais tenham imensa dificuldade para perceber, especialmente no quesito leitura. Esta breve alusão ao escritor paulista tem relação com um importante evento realizado no Campus da UNIR de Cacoal, na última quinta-feira, 28 de novembro, sob a coordenação da professora Sônia Mara Nita. Entre outros temas, o X Festival Unir Arte e Cultura: Arte e Resistência na Amazônia deu destaque para a apresentação da produção artística da comunidade Suruí e o Clube do Livro de Cacoal, que ainda não tem um grande número de participantes, mas tem uma contribuição inestimável para Nossa Urbe Obediana, em razão de buscar despertar nas pessoas aquilo que Lobato dizia cerca de 100 atrás…

No Festival Unir Arte e Cultura, diversos homens e mulheres suruís subiram ao palco do Auditório da Unir para falar de sua história, de sua ancestralidade e cultura, marcos que não podem ser ignorados por nenhuma pessoa que tenha relações com o município de Cacoal. Na ocasião, nossos colegas indígenas falaram sobre a simbologia de seus adereços, sobre o histórico de seus antepassados e sobre a necessidade que todos nós temos de conhecer e zelar pela arte e cultura produzida pela etnia. As falas demonstram claramente que a sociedade cacoalense não pode se limitar a saber que os suruís possuem excelente participação na produção agrícola do município e que estão habituados a ganhar prêmios nacionais e internacionais nesse campo de atuação. Há muito mais coisas nessa história tão sólida de resistência e persistência…

A preservação da cultura Suruí é dever das instituições científicas e, neste sentido, a Unir tem uma atuação elogiosa, através do trabalho realizado pela professora Carolina de Albuquerque, nas atividades de inclusão desenvolvida pelo Campus da Universidade Federal de Rondônia na Capital do Café. Todavia, as informações relacionadas com a cultura e arte precisam ganhar maior visibilidade e a preocupação da professora Sônia Mara revela enorme sensibilidade em relação à temática. Foi realmente um momento muito importante. Aliás, ela chamou a atenção das pessoas quanto à continuidade da produção de artigos que tratam da cultura dos povos suruís. Destaque relevante! É lamentável que as instituições públicas municipais de Cacoal, entre elas a Secretaria de Cultura, não tenham nenhum trabalho voltado para evidenciar a arte e a cultura da comunidade Suruí. A contratação de bandas nacionais para eventos no município representa apenas uma forma de negar a própria história de Cacoal, sua arte, sua gente, sua cultura… Isto não significa nenhum sentimento de aversão aos artistas brasileiros de outros estados ou regiões, mas não custa nada mostrar as riquezas culturais e artísticas de Cacoal.

O outro momento elogiável do evento foi colocar no palco as pessoas que coordenam o Clube do Livro em Cacoal. Assim, Marly Ághata e outras pessoas fizeram um breve relato de como iniciou o clube em Cacoal, quais as atividades já desenvolvidas e as perspectivas. É exatamente nesta direção que se verifica a relação com a declaração de Monteiro Lobato. Obviamente que ao usar o termo “homens” em sua frase, o escritor o fez de modo a designar a humanidade; não o gênero. Lobato estava coberto de razão! É impossível imaginar um país no qual as pessoas não se interessam pela leitura, pela cultura, pela literatura, pelos livros. Em dado momento de sua fala no Festival de Arte da Unir, Ághata perguntou à plateia quem gostava de ler e quantos livros as pessoas leem anualmente. O questionamento, claro, serve como um convite para que as pessoas adiram ao Clube do Livro de Cacoal, iniciativa brilhante e que precisa ter a adesão de todas as pessoas inteligentes. A leitura cria todas as condições necessárias para uma compreensão mais saudável e lógica do mundo.

O município de Cacoal certamente está entre os privilegiados de Rondônia, porque conta com o Clube do Livro. As pessoas que coordenam as atividades merecem nossos elogios, pela opção de qualidade e por buscar abrir novos horizontes para a literatura. A professora Sônia Mara, igualmente, merece elogios, pela visão inteligente, em relação à arte e cultura indígena, pelo espaço aberto às pessoas que gostam da leitura e por integrar a Universidade Federal de Rondônia no contexto artístico, literário e cultural. Muito mais do que a contratação de bandas que não possuem nenhuma relação com o município, Cacoal precisa se orgulhar do Clube do Livro, das pessoas que organizam as atividades e de profissionais como Sônia Mara, que tem a sensibilidade de cultivar a arte, a cultura e a qualidade de vida… Tenho dito!!!

 

*FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Jornalista

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