ARCO-ÍRIS
Luiz Albuquerque
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Na infância eu sonhava em ter meu próprio arco-íris. Para isso, ia para uma área ensolarada e borrifava água até ver o fenômeno formar. Há tempos abandonei tal prática.
O arco-íris é um fenômeno que visualizamos quando o sol brilha sobre gotículas de água suspensas no ar, formando um arco multicolorido. Apesar de enxergarmos o arco-íris em forma de arco, na verdade ele é um círculo completo. Se você estiver em uma aeronave poderá até enxergá-lo em sua totalidade circular.
Como tudo o que acontece na natureza, o arco-íris também faz parte de muitos mitos e culturas com seus diferentes significados. No Brasil, antigos povos denominados Kaxinawá contavam a história da índia Iaçá, que se apaixonou pelo filho de Tupã, o deus supremo, mas não se casou com ele por causa de uma artimanha de um outro deus, Anhangá, que, apaixonado pela jovem, ofereceu à mãe dela comida pelo resto da vida se fizesse a jovem casar-se com ele. E assim a mãe fez. No dia de seu casamento com Anhangá, Iaçá visitou Tupã e ele, muito poderoso, mandou que o Sol, o Céu e o Mar fizessem companhia à jovem. Cada um deles traçou arcos de cores diferentes. Iaçá morreu antes de se casar e dela subiu um arco verde que completou o arco-íris
Na mitologia nórdica, um arco-íris chamado Bifrost conecta a Terra com Asgard, o lugar onde viveriam os deuses. Já em crenças antigas do Japão e do Gabão, o arco-íris era a ponte que os ancestrais humanos usavam para descer até o planeta. Já o folclore irlandês diz que existe um pote enterrado no fim do fenômeno, que é guardado por um duende denominado Leprechaun. Essa ideia, no entanto, é só uma de tantas outras lendas e mitos atribuídos ao fenômeno óptico.
Dessas e de outras lendas ou crenças, a que mais me agradava na infância era a irlandesa, por causa do pote de ouro no final do arco-íris, enterrado e guardado por seres míticos. Por conta de tal informação, longas e infrutíferas foram minhas caminhadas em busca de tal tesouro, haja vista que, quanto mais caminhava, mais distante me parecia o tal lugar, e toda vez que a mim parecia estar lá chegando, o arco desaparecia.
O tempo foi passando, passei a me ocupar de muitas outras coisas até deixar de procurar o fim do arco-íris. Mas não desisti do meu “pote de ouro”, que passei a buscar no trabalho, nos relacionamentos, na criatividade, e até na ilusão das enganosas loterias.
E assim, sem perceber, essa busca me deu conhecimentos, realizações, vitórias, bons relacionamentos pessoais e, principalmente, a grande riqueza: uma família maravilhosa. Hoje sei que encontrei um verdadeiro pote de ouro no fim do meu Arco-Íris.