COLUNA DO XAVIER – CACOAL:  A UNIVERSIDADE, O HOSPITAL MUNICIPAL E O POLO 2…

Por Francisco Xavier Gomes

 

CACOAL:  A UNIVERSIDADE, O HOSPITAL MUNICIPAL E O POLO 2…

A recente visita da reitora da Universidade Federal de Rondônia, Marília Pimentel, ao município de Cacoal pode representar um grande passo para abrir caminhos, em relação a alguns problemas que a Capital do Café precisa resolver, na condição de Polo de Saúde 2. Isto, porque o principal motivo da vinda dela foi avaliar a possibilidade de implantação do curso de Medicina em Cacoal. Na agenda da reitora, a visita à obra do Hospital Municipal, abandonada há mais de uma década, indica que diversos aspectos técnicos estão colocados na mesa de estudos, porque o tema não interessa somente às pessoas que desejam estudar Medicina, e são muitas. A visita de trabalho da reitora significa conhecer o interesse do município, das autoridades estaduais e federais de Rondônia e da necessidade científica e social. Os próximos passos dessa pós-visita podem ser determinantes para o avanço de um grande projeto e para a solução de um problema que foi transformado em crônico, pelo governo de Rondônia, quando criou, no papel, o Polo de Saúde 2, em Cacoal. Uma breve análise sobre alguns aspectos muito importantes pode mostrar a importância do envolvimento da UNIR nesse debate…

A reitora não veio a passeio em Cacoal, embora nossa cidade seja belíssima! Os reitores fazem visitas técnicas, científicas, profissionais. Tanto é fato que não houve aquele estardalhaço que Cacoal costuma fazer, quando recebe uma autoridade. A Universidade Federal de Rondônia certamente tem estudos, e motivos, relacionados com a ampliação dos cursos de graduação em Cacoal, alguns desses estudos e levantamentos vêm sendo feito para própria Direção do Campus da UNIR na Capital do Café, há três, quatro ou cinco anos. A comunidade acadêmica sempre manifestou interesse na ampliação dos cursos oferecidos e as razões são várias: a UNIR é uma instituição de ensino pública, gratuita e de qualidade; quem vive numa cidade como Cacoal, ou nos municípios vizinhos, não tem interesse em sair para lugares mais agitados e até mais violentos, como é o caso da capital de Rondônia e Vilhena, municípios nos quais há um alarmante crescimento da violência. Cacoal é um município com baixos índices de criminalidade, com uma infraestrutura que faz inveja a centenas de cidades do sudeste e sul do Brasil e com uma qualidade de vida aconchegante. Assim, estudar num município como esse traz a paz e tranquilidade que todo estudante busca. Porto-Velho e Vilhena são cidades que oferecem boa infraestrutura, mas, infelizmente, temos que admitir que os índices de violência assustam e desestimulam qualquer pessoa a residir em tais lugares.

Agora, vamos a um aspecto estatístico que precisa ser levado ao MEC e a todas as autoridades que possam engrossar o coro pela implantação do curso de Medicina em Cacoal: existem centenas de jovens brasileiros, de todos os municípios de Rondônia, que mudaram para a Bolívia, Paraguai, Argentina e outros lugares, com a exclusiva finalidade de estudar Medicina. Não há, nesse estado, nenhuma pessoa que não conheça alguém que se enquadra nesse fenômeno. E os motivos são diversos. Os custos de um curso como Medicina, nas instituições privadas, são elevadíssimos; são raras, muito raras, as famílias desse estado que possuem as condições financeiras para colocar seus filhos numa faculdade de Medicina privada. Imaginemos, ainda, que certamente não é nada fácil manter um filho fora do país, porque isso dificulta os laços familiares, aumenta os gastos da família e cria outros obstáculos. A abertura de um curso de Medicina em Cacoal pode até não possibilitar o ingresso de todos os jovens brasileiros que estão em outros países, mesmo porque muitos deles já estão perto de concluir o curso, mas cria uma indiscutível possibilidade de abrir as portas para reduzir a emigração estudantil. E não podemos esquecer que o funcionamento desse curso melhora, de modo significativo, o atendimento à população, porque implica estágio, residência médica e outras formas de ações que podem virar políticas públicas.

No aspecto administrativo, é necessário registrar que o Polo de Saúde 2 de Rondônia existe somente no papel e nos rascunhos do governo, porque, na prática, não atende às demandas da população, mesmo porque não é possível atender com qualidade pessoas de 35 municípios diferentes, e até de outros estados, com a atual estrutura. Assim, a conclusão do Hospital Municipal de Cacoal poderia acontecer numa parceria entre o município, o estado e a União. Claro que o atendimento à população tende a melhorar muito, com uma nova estrutura. Por isso, a importância da participação da UNIR, do governo de Rondônia e do município de Cacoal nesse debate. Isso envolveria forças políticas suficientes para fazer andar o projeto. Basta observar que a capital recebeu recentemente o anúncio de um Hospital Universitário, e isso teve a participação direta da Reitoria da UNIR, além de contar com o forte empenho do prefeito da capital e a indiscutível contribuição do senador Confúcio Moura. Cacoal não é uma ilha administrativa desse estado! Cacoal é a sede do Polo de Saúde 2, é uma das principais cidades do estado e já possui uma obra hospitalar em andamento. Ao acompanhar a reitora na visita, o vice-prefeito Tony Pablo demonstrou vontade de ver o projeto andar. Esse fato é muito importante!

Unir forças políticas para concluir essa obra e criar as condições para abrir o curso de Medicina na Universidade Federal de Rondônia, no Campus de Cacoal, não configura nenhum delírio. É uma necessidade! É a oportunidade para diminuir as grandes filas de atendimento nas unidades de saúde já existentes! É uma forma de garantir o direito à educação de centenas de brasileiros que emigram para países vizinhos, por pura falta de oportunidade. Quanto à qualidade do futuro curso de Medicina, não há nenhuma razão para temer, porque os quatro cursos da UNIR em Cacoal possuem qualidade comprovada e a UNIR certamente vai investir muito na qualidade, caso seja implantado um curso na área de saúde no Campus de Cacoal, porque existem profissionais comprometidos. O que precisamos é entrar nessa luta, despidos de vaidades individuais e com a determinação de quem deseja consolidar o município de Cacoal como uma referência cada vez maior de Rondônia. Quem não abraçar essa causa é contra Cacoal, contra os estudantes, contra a ciência e contra a saúde pública… Tenho dito!!!!

FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Jornalista

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