Bebê declarado morto é encontrado vivo em velório no Acre: o caso que expõe falhas graves na saúde pública

O caso que mais chocou o país neste fim de semana aconteceu em Rio Branco, no Acre. Um bebê prematuro de apenas cinco meses, declarado natimorto pela equipe da Maternidade Bárbara Heliodora, foi encontrado vivo dentro do próprio caixão, momentos antes do sepultamento. A história, que parece saída de um roteiro de filme, é real e levanta questionamentos profundos sobre a responsabilidade médica, a estrutura hospitalar e os protocolos de verificação de óbito no sistema público de saúde brasileiro.

Segundo informações do Ministério Público do Acre (MP-AC), o bebê foi dado como morto na noite de quinta-feira (23), após um parto normal. A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) afirmou que todos os protocolos de reanimação foram seguidos, mas que a criança não apresentou sinais vitais. Cerca de 12 horas depois, o corpo foi entregue a uma funerária particular para o velório.

O que ninguém esperava era o que viria a seguir: já no cemitério, uma familiar pediu para ver o bebê uma última vez. Ao abrir o pequeno caixão, ouviu um choro fraco e percebeu que ele se mexia. Em desespero, os parentes correram com a criança de volta à maternidade, onde ela foi internada na UTI neonatal, em estado grave, intubada e sob ventilação mecânica.

O episódio mobilizou o MP-AC e a Polícia Civil, que abriram investigações para apurar como um erro tão grave pôde ocorrer. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na maternidade, e os profissionais envolvidos no parto devem ser ouvidos nos próximos dias. A Sesacre também instaurou uma sindicância interna e afirmou solidariedade à família.

Mas o caso ultrapassa o limite do erro individual — ele revela uma fragilidade sistêmica. A verificação de óbito é um dos momentos mais delicados e técnicos da prática médica, exigindo preparo, protocolos rigorosos e equipamentos adequados. Quando uma falha desse tipo acontece, ela não apenas abala a credibilidade do sistema, como também causa dor incalculável às famílias envolvidas.

É impossível não refletir sobre o quanto a precarização da saúde pública, a sobrecarga das equipes médicas e a falta de fiscalização contribuem para tragédias como essa. A vida de um bebê que foi declarado morto e depois encontrado vivo simboliza, de forma cruel, o colapso de um sistema que deveria cuidar e não falhar dessa maneira.

Agora, mais do que apontar culpados, é urgente que as investigações resultem em mudanças concretas. É preciso revisar protocolos, treinar equipes e garantir que episódios assim jamais se repitam. Porque, no fim das contas, o que está em jogo é o valor que damos à vida  especialmente àquelas que acabam de começar.

Redação Tribuna Popular

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