Operação no Rio deixa 121 mortos e é a mais letal da história recente

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Uma megaoperação policial realizada na última terça-feira, 28, nas comunidades do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, deixou 121 mortos, segundo a Defensoria Pública do Estado. O número supera o balanço oficial do governo fluminense.

De acordo com a Defensoria, o total de mortos inclui civis e agentes de segurança. O governo do Estado informou que entre as 58 mortes confirmadas, 54 seriam de suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas e quatro de policiais — dois civis e dois militares.

Na manhã de quarta-feira, 29, moradores do Complexo da Penha levaram cerca de 70 corpos à Praça São Lucas. Os corpos teriam sido encontrados em uma área de mata da comunidade após o recuo das forças policiais.

Ação contra o Comando Vermelho

A operação, deflagrada contra a facção criminosa Comando Vermelho (CV), resultou na prisão de 81 pessoas e na apreensão de 72 fuzis, uma pistola, nove motocicletas e cerca de 200 quilos de drogas, segundo balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Polícia Militar.

A ofensiva envolveu agentes das polícias Civil e Militar, com apoio de unidades de elite. A ação teve como objetivo desarticular lideranças locais do tráfico e prender suspeitos de envolvimento em ataques a forças de segurança e roubos de veículos.

Reações e críticas

O governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação como um “sucesso”, afirmando que a maioria das vítimas era composta por criminosos armados. “O Estado não recuará no enfrentamento à criminalidade”, declarou Castro.

Organizações da sociedade civil e entidades de direitos humanos criticaram a operação, apontando para o alto número de mortos e a ausência de políticas de segurança pública voltadas à redução da letalidade. Para essas entidades, a ação reforça um padrão histórico de violência nas favelas do Rio.

Contexto e desdobramentos

Os Complexos do Alemão e da Penha concentram 26 comunidades da zona norte carioca, onde vivem cerca de 130 mil pessoas. O governo estadual solicitou a transferência de dez presos ligados ao Comando Vermelho para presídios federais, medida já autorizada pelo Ministério da Justiça.

A circulação de transportes públicos na região foi normalizada na manhã seguinte à operação, informou o Centro de Operações Rio (COR).

Debate sobre segurança pública

A intervenção é considerada a mais letal da história recente do Estado e reacende o debate sobre a política de segurança adotada no Rio. Especialistas apontam a necessidade de maior transparência nas ações policiais e criticam o descompasso entre os dados oficiais e os levantamentos da Defensoria.

A Defensoria e o Ministério Público Estadual pediram a abertura de investigação para apurar as circunstâncias das mortes e o uso da força durante a operação.

Fonte: MOP

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