O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu aumentar em mais de R$ 116 milhões o orçamento da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), que chegará a R$ 876 milhões em 2025, segundo dados revelados pela Folha de S.Paulo. O valor supera os R$ 600 milhões de 2024, já o maior desde 2017, e contrasta com restrições financeiras em áreas essenciais, como Polícia Federal e Ministério da Educação.
Publicidade e novas estratégias de comunicação
A maior parte do orçamento da Secom será destinada a campanhas publicitárias, assessorias e pesquisas de opinião. Em 2025, estão previstos R$ 562 milhões apenas para publicidade, administrados por quatro agências contratadas.
Entre as principais campanhas, estão “Brasil soberano”, com previsão de R$ 85 milhões, e “Gás do Povo”, com R$ 30 milhões.
Desde que Sidônio Palmeira assumiu o comando da Secom em janeiro, o governo vem reforçando o foco em mídias digitais, com contratação de influenciadores, anúncios direcionados e vídeos de apelo viral.
Em setembro, uma das produções do governo — estrelada pelo apresentador João Kléber, em vídeo inspirado no quadro “Teste de Fidelidade” — comparava de forma bem-humorada os governos Lula e Trump, exemplificando a nova linguagem adotada nas campanhas oficiais.
O aumento ocorre em um ano pré-eleitoral, após o presidente confirmar, no último dia 22, que buscará a reeleição em 2026.
Governo prepara contrato de R$ 100 milhões para conteúdo digital
Além do orçamento atual, o governo planeja novo contrato anual de R$ 100 milhões para comunicação digital, voltado à produção de vídeos, textos e podcasts para redes sociais.
A licitação, em fase final, prevê a criação de 3 mil vídeos por ano, sendo 576 com apresentador, ao custo médio de R$ 21,4 mil cada, totalizando R$ 12,3 milhões. As peças devem promover programas como Pé-de-Meia, Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.
O aporte mais recente, de R$ 90 milhões, foi aprovado em 17 de outubro, após acordo entre o Ministério da Fazenda e o Palácio do Planalto, com o objetivo de fortalecer a presença digital do governo e ampliar o alcance das campanhas.
Realocação de verbas e cortes em outras áreas
Para viabilizar o reforço, o governo realocou R$ 2,4 bilhões entre ministérios, redirecionando recursos de diferentes pastas conforme as regras fiscais.
Órgãos como o INSS sofreram cortes, entre eles R$ 190 milhões a menos, o que pode impactar o pagamento de benefícios previdenciários.
Segundo a Secom, o aumento das ações de comunicação “acompanha o lançamento de novos programas” e tem o objetivo de informar a população sobre serviços e direitos.
A pasta justificou o pedido de crédito suplementar de R$ 90 milhões após um bloqueio orçamentário de R$ 91 milhões e informou ainda ter recebido R$ 27 milhões do Itamaraty para ações de divulgação durante a Cúpula do Brics.
Governo alega cumprimento de obrigações legais
Em nota, a Secom afirmou que “não houve alteração substancial no orçamento da secretaria” e que parte dos valores permanece bloqueada. Segundo o órgão, o investimento cumpre exigências legais para a promoção de políticas públicas e de direitos sociais.
O governo argumenta que as campanhas buscam combater a desinformação e melhorar a comunicação direta com a população, especialmente nas plataformas digitais.


