Cacoal/RO – Cerca de 200 caminhões carregados de madeira estariam saindo
diariamente das aldeias da Reserva Indígena Suruí, localizada no município
de Cacoal, em Rondônia. A denúncia, que corre de “boca em boca” na cidade, é
confirmada pelos motoristas de caminhões boiadeiros, que transitam pelas
mesmas estradas usadas pelos veículos das indústrias madeireiras. A
exploração estaria sendo feita com a autorização dos índios, que se propõe a
vender a madeira.
Os motoristas dos caminhões boiadeiros contam que, apesar da exploração
diminuir nesta época do ano, por causa do período chuvoso, ainda vêem
constantemente caminhões carregados de madeira deixarem a reserva. Estariam
sendo retirados da área todos os tipos de madeira, inclusive espécies
nobres. “Tem madeireiro que entra até 60 quilômetros para dentro da reserva,
porque na entrada não há mais o que explorar”, disse um motorista, que
preferiu não se identificar.
Há informações de que a exploração já dura 20 anos e que estaria ocorrendo
inclusive com a conivência de funcionários do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente (Ibama). Os servidores envolvidos também estariam lucrando
financeiramente com a exploração ilegal.
Denúncias são investigadas
O administrador da Funai, em Cacoal, Orlando Castro Silveira, que assumiu o
cargo há pouco mais de 30 dias, disse que todas as denúncias relacionadas a
reserva estão sendo investigadas. Apesar de afirmar que a Funai necessita de
mais recursos para fazer a fiscalização necessária, ele informou que deverá
ser realizada uma operação na área, dentro dos próximos dias, com o apoio do
Ibama, da Polícia Federal e da Polícia Ambiental.
De acordo com o administrador, além de não dispor das condições de trabalho
necessárias, a Funai enfrenta dificuldades no sentido de convencer o índio a
não vender a madeira de suas terras. Os indígenas alegam que vendem a
madeira porque precisam sobreviver e não recebem o apoio necessário do
Governo Federal. “De qualquer forma não se pode justificar o que é ilegal,
então temos que combater a exploração”, disse.
Sem conhecimento
A gerente substituta do Ibama, Nanci Maria Rodrigues da Silva, disse que não
tem conhecimento de denúncias específicas de envolvimento de funcionários do
instituto com a exploração da madeira da terra dos Suruís. Ela afirmou,
porém, que tanto o Ibama quanto a Polícia Federal estão investigando muitas
denúncias de participação de servidores em crimes ambientais.
Segundo a gerente, para que a denúncia seja investigada, é preciso que seja
registrada por carta ou telefone junto aos escritórios do Ibama ou pela
chamada linha verde, no 0800 618080. É necessário, porém, conforme a
gerente, que a denúncia ofereça fortes indicativos em relação ao denunciado,
inclusive endereço de localização da pessoa acusada, datas e locais da
prática do crime.