O encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Washington, Nestor Forster Jr., chefe da missão diplomática nos Estados Unidos, afirmou que o país participa, por convite do governo de Donald Trump, de um grupo organizado pela Casa Branca para discutir terapias de cura e a pesquisa de vacinas para o novo coronavírus.
“É uma reunião semanal, participamos em alto nível, com representante da embaixada, do Itamaraty, mas o próprio ministro da Ciência, Tecnologia [Inovações e Comunicações, Marcos Pontes] já participou”, disse Forster em entrevista à CNN nesta segunda-feira (25).
O diplomata afirmou que membros de laboratórios brasileiros, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também já fizeram parte desse diálogo para trocar informações e acelerar as pesquisas.
“É algo que fazemos de forma muito próxima [ao governo dos EUA] e trabalhamos para estar associado ao desenvolvimento, aos testes e, se for possível, no momento em que estiver disponível a vacina, possamos ser um dos primeiros países a ter acesso.”
Forster também afirmou que a representação diplomática brasileira tem trabalhado em conjunto com o Ministério da Saúde e com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para auxiliar em questões relacionadas à patente do remédio remdesivir, oferecida a uma lista com mais de 100 países – da qual o Brasil não faz parte – pela companhia biofarmacêutica Gilead Sciences.
“Estamos aqui para manter os contatos com o laboratório e com o governo americano para auxiliar no que for possível sobre a patente”, explicou.
Proibição de entrada
Sobre a decisão do governo Trump de proibir a entrada nos Estados Unidos de pessoas que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias, Forster afirmou que a medida foi tomada no contexto da preocupação com a epidemia de Covid-19.
“Se trata, na verdade, de uma atualização de medidas que haviam sido tomadas há mais tempo pelo governo americano para restringir a vinda de viajantes de países que tenham grande número de casos de coronavírus”, afirmou.
Para o encarregado de negócios, a decisão não afetará os voos regulares nem os negócios entre os dois países. Ele disse ainda que o Brasil já adotou medida semelhante ao proibir, em 27 de março, a entrada de viajantes estrangeiros em geral.
Nestor Forster Jr., encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Washington, fala à CNN
“É interessante que durante todo esse período houve um esforço muito grande da assessoria e do próprio presidente Trump de deixar claro que essa medidas tem um caráter exclusivamente de saúde pública. E para deixar mais claro ainda, ele fez o anúncio junto com um presente para o Brasil, na forma de mil respiradores mecânicos, que são tão importantes nesse momento de combate à pandemia.”
Agenda de integração
Forster afirmou também que apesar de todas as dificuldades causadas pela pandemia do novo coronavírus, a agenda de integração com os norte-americanos foi pouco afetada.
“Não é que não houve efeito algum, algumas coisas que têm que ser feitas presencialmente, com viagens de americanos para o Brasil ou vice-versa, ficaram suspensas. Mas temos nos validos das plataformas virtuais e temos tido reuniões muito importantes”, afirmou Foster.
“Estamos conseguindo vencer o desafio e manter o dinamismo das relações que estão, talvez, no seu melhor patamar em muitos anos”, completou, ressaltando que a agenda de colaboração entre os países “não perdeu seu momento, sua dinâmica”.
(CNN BRASIL)